Elaine Cruz - 26/04/2018 11h36

Saudade é uma palavra muito característica da língua portuguesa. Não é sentir falta de alguma coisa, ou pensar constantemente em alguém. É saudade, uma dor fraca e languida, que pode não ser constante, mas é sempre profunda e doída, que por vezes irrompe de forma abrupta, mas por vezes parece desbotar.

Todos vivenciamos saudades. Tenho os meus dois filhos casados, morando em outro país, e por vezes me pego saudosa. Mesmo quando estou por perto visitando-os, como agora faço, meu abraço é carregado de saudades, e basta um bom sorriso, um violão ou uma canção familiar para me fazer chorar de saudades olhando pra eles.

Podemos ter saudades do que vivemos, do que foi dito ou experienciado, mesmo que seja uma boa conversa, música ou refeição. Podemos ter saudades do que passou, de quem morreu, do sonho que acabou, do tempo que se expirou. Podemos ter saudades do que nunca vivemos ou vimos, como ter saudades do céu prometido aos fiéis a Deus. Saudades chorosas, saudades silenciosas e íntimas, não partilhadas e escondidas sob um sorriso ou sob nosso labor cotidiano. Sim, as saudades são particulares, pessoais, intransferíveis.

Nossa vida segue. Novidades se tornam velhas, fatos se tornam história, e algumas pessoas passam por nós deixando marcas inesquecíveis e duradouras. É bom ter as marcas, viver os fatos, escrever histórias e deixar que pessoas sigam suas vidas, marcando outras pessoas e escrevendo seus próprios roteiros. Nós ficaremos com as saudades e, acreditem, sempre teremos a possibilidade de afetarmos outras pessoas, que terão saudades nossas, enquanto estamos saudosos de muitos outros.

Elaine Cruz é pastora no Ministério Fronteira, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro; Psicóloga clínica e escolar, especializada em Terapia Familiar, Dificuldades de Aprendizagem e Psicomotricidade; Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense; palestrante e conferencista internacional, com trabalhos publicados no Brasil e no exterior; Mestre em Teologia pelo Bethel Bible College (EUA); e membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil, com oito livros publicados.