Nova análise confirma que óleo tem origem da Venezuela
Laboratório da Universidade Federal da Bahia corroborou análise da Petrobras
Gabriela Doria - 10/10/2019 13h39 | atualizado em 10/10/2019 13h52

O óleo que resultou nas manchas encontradas em mais de 130 localidades do litoral nordestino tem origem da Venezuela. É o que afirmou a pesquisadora Olívia Oliveira, em entrevista coletiva no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA) na manhã desta quinta-feira (10).
De acordo com a professora, foram analisadas amostras coletadas nos litorais da Bahia e de Sergipe, numa parceria entre as universidades federais dos dois estados nordestinos e a Universidade Estadual de Feira de Santana (BA).
Todo o material coletado foi cadastrado no Lepetro, centro vinculado ao Instituto de Geociências da UFBA, com nove unidades laboratoriais nas áreas de geologia, química, microbiologia, geoquímica, petróleo e meio ambiente.
Foram selecionadas nove amostras, sete da costa sergipana e duas da baiana. Depois, feita a separação física e desidratação do material contaminante da areia e da água do mar. Em seguida, o óleo total foi injetado em cromatógrafos com detector de chamas para obtenção do fingerprint, ou seja, da impressão digital do material fóssil, em livre tradução.
– Os resultados das análises das amostras foram comparados com os resultados das análises de petróleo constantes na literatura e no banco de óleos do Lepetro, que possui amostras de diferentes bacias do Brasil e dos principais países produtores de petróleo – afirmou a pesquisadora.
A divulgação da análise do material colhido por pesquisadores da UFBA corrobora a afirmação feita na quarta (9) pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante audiência na comissão de meio ambiente e desenvolvimento sustentável da Câmara, com base em estudo feito pela Petrobras.
– Os resultados encontrados indicam uma bacia petrolífera que representa um ambiente geológico de formação de um conjunto de rochas que geraram petróleo. A indicação de similaridade com o petróleo produzido no país aqui citado fará referência apenas à região geográfica da referida origem geológica – disse.
A professora afirmou, no entanto, que o incidente que resultou no passivo ambiental deverá ser alvo de investigação dos órgãos competentes.
– Nosso papel se configurou como uma contribuição científica à sociedade. É o que chamamos de geoquímica forense – afirmou a pesquisadora.
Ainda conforme a pesquisadora, o material analisado, por se tratar de petróleo cru, perdeu as características químicas por evaporação.
– Já que sua viscosidade é alta, não podemos descartar a possibilidade de o material ser bunker, combustível de navio – afirmou.
Segundo a professora, por meio dos resultados das análises dos biomarcadores e dos isótopos de carbono, “observou-se uma boa correlação do óleo coletado nas praias com um dos tipos de petróleo que é produzido na Venezuela”.
– Nenhum petróleo produzido no Brasil, com origem a partir da matéria orgânica marinha, apresenta distribuição dos biomarcadores e razão de isótopos de carbono similar aos resultados encontrados”, disse a pesquisadora.
*Folhapress
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