Camille Dornelles - 08/04/2020 15h01

Quanto vale uma consulta ao médico? Neste momento de pandemia, os profissionais de saúde se tornaram verdadeiros heróis ao lutarem contra um inimigo comum a todos. Mas um médico da cidade de Sorocaba, interior de São Paulo, decidiu lutar também contra a fome dos pacientes.

– Num plantão atendi um homem bem distinto, vestia-se bem e era bem diferente de quem normalmente atendemos. Ele falou para mim que não precisava de um atestado nem nada, mas que ele estava com fome. Ele é vendedor mascate e não conseguiu vender quase nada. Uma semana depois a comida de casa dele já tinha ido toda embora – lembra o doutor Kleiber Vasconcelos.

O paciente que ele atendeu é chefe de família, sustenta uma esposa e duas filhas. Todos enfrentaram o perigo de ir ao hospital em um momento arriscado, por causa da pandemia do Covid-19. Kleiber então deu a cada um deles um prato de comida do refeitório do hospital, mas afirma que sentiu “uma facada no peito” quando soube que eles não tinham o que jantar mais tarde.

– Meus pais nunca tiveram tantas condições, então sempre trabalhei para pagar minhas coisas, a conta da faculdade de Medicina… Eu sei o que é depender dos outros e sempre tive na cabeça a ideia de ajudar os outros. Então eu decidi fazer uma vaquinha para comprar cestas básicas. Montamos cestas básicas muito legais, de 43 itens mais kit de higiene pessoal – conta.

APOIO DA IGREJA
Ele é membro da Comunidade Adventista do Campolim (CAC), que faz parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e conta que teve a ajuda de um irmão de sua igreja.

– Coloquei dinheiro do meu bolso, liguei para um irmão da igreja, que já tem um projeto de assistência chamado ADRA, e aí pegamos uma lista de pessoas que já procuraram as unidades de saúde da cidade por fome. Aí saímos distribuindo as cestas. Coloquei só R$ 5 mil, mas estamos com R$ 3 mil em caixa para comprar mais cestas e logo logo vou comprar mais 20 cestas básicas para fazer doação – descreveu.

O diretor da CAC, Carlos Dornelles, confirma que a iniciativa do médico teve o apoio da igreja. Declarou também que a CAC incentiva o trabalho voluntário e ações sociais, mesmo durante o momento de quarentena, em que a sede que reúne o grupo está fechada.

– A Comunidade Adventista de Campolim tem como lema Amar, Cuidar e Ensinar, e desenvolve diversas ações sociais tentando minimizar os efeitos da desigualdade social. Diversos de nossos projetos como o Free Store e O Reino, distribuem roupas e alimentos gratuitamente aos necessitados durante o ano. Estamos num momento difícil e o prédio da Comunidade está fechado, mas não nossos corações. Abraçamos com muito carinho a campanha liderada pelo Dr. Kleiber porque alimentar pessoas alimenta também os nossos corações – declarou.

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