Como moradores de rua recebem ajuda na pandemia?
Prefeituras, ONGs e igrejas se unem para ajudar essa população
Camille Dornelles - 31/03/2020 10h00 | atualizado em 22/05/2020 13h00
Em meio à pandemia do novo coronavírus, uma das populações mais preocupantes é a das pessoas em situação de rua.
Moradores de rua são impossibilitados de fazer a quarentena por não terem uma casa que os abrigue. Além disso, dentro de abrigos sofrem com a quantidade de pessoas sob um mesmo teto.
ONGs E IGREJAS
O trabalho de organizações independentes que já atuam com moradores de rua se intensificou neste período. O Pleno.News foi atrás de voluntários sobre o trabalho dos grupos.
A ativista Daiane Dias Costa, da Rede Solidária em Belo Horizonte, Minas Gerais, aponta que a ONG atua no atendimento, arrecadação de cestas básicas, apadrinhamento semanal em projetos, além de colocar um carro de som nas ruas para conscientizar moradores.
– Tem sido o papel do voluntariado na capital correr atrás do prejuízo e da ação que não tem sido feita pela prefeitura. Estamos desesperados tentando ajudar, e seguiremos assim. Custe o que custar – declarou.
Iniciativas de igrejas também atuam nessa frente, como a Missão Onda, que chegou a trabalhar em parceria com a Rede Solidária neste domingo (29). De máscaras e luvas, eles distribuíram quentinhas e kits de higiene pessoal aos assistidos.
– A nossa preocupação é que eles estão extremamente expostos. Nós fizemos kits de sabão. O fato deles estarem expostos faz com que sejam instrumentos de propagação do vírus. Nós temos uma média de 7 mil moradores de rua em BH hoje e os abrigos comportam apenas 1800. Mas estamos fazendo o possível para ajudar de alguma forma – declarou o pastor Léo, da Missão Onda.
A Resgatai Missões Urbanas também atua na distribuição. O coordenador Flávio Santos pede doações de sabonetes, papel higiênico e lenços umedecidos para a criação de kits.
– Além dos kits também distribuímos marmitas pela cidade e a cada sorriso sentíamos que não poderíamos parar. Nosso apelo hoje é por ajuda – pede.
AÇÕES PÚBLICAS
As prefeituras tentam minimizar os riscos encaminhando os moradores de rua para espaços controlados. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, eles são encaminhados para o Sambódromo desde esta segunda-feira (30).
A prioridade é para idosos, mulheres grávidas e com crianças. A prefeitura preparou oito salas do Sambódromo para se tornarem quartos. Além do Rio de Janeiro, outras prefeituras também anunciou a criação de abrigos provisórios, como São Paulo, Maceió, Brasília e Campo Grande.
Na cidade de Ribeirão Preto (SP), a prefeitura instalou tendas em praças para banhos e lavagem das mãos. Todos os órgãos e grupos de voluntariado, porém, assumem que o trabalho não é suficiente se não houver união de forças de várias frentes.
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