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Sequestrador: Avaliações de perfil e de comportamento

Especialistas em Neuropsicologia abordam caso do sequestro na Ponte Rio-Niterói e sobre o que pode passar na mente de um sequestrador

Virgínia Martin - 20/08/2019 12h27 | atualizado em 20/08/2019 14h20

Na manhã desta terça feira (20), as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói foram palco de caos no trânsito. Um sequestro mobilizou a Ponte Rio-Niterói desde as 7 horas da manhã, quando passageiros de um ônibus da Viação Galo Branco foram feitos reféns por um homem. A ocorrência alterou a rotina de milhares de pessoas que saiam de casa. Com ação de vários órgãos de segurança pública, o sequestro chegou ao fim com a morte do sequestrador e liberação dos reféns sem ferimentos.

Após o desfecho, mídia e especialistas de Segurança Pública fazem suas análises. E o episódio traz um alerta sobre os riscos que a população corre diante da ameaça de pessoas que usam a violência para praticar crimes. E os protocolos de proteção aos moradores das grandes cidades se revelam cada vez mais vulneráveis, como indicou este caso de paralização de acessos em vias urbanas.

Neste cenário, diante da angústia dos passageiros do ônibus sequestrado, estava a figura de um homem jovem que interrompeu a viagem com sinais de ameaça e anunciou o sequestro. A partir daí, todas as ações do sequestrador foram monitoradas. E um perfil psicológico também vai sendo analisado. Como neuropsicóloga e especialista em Psicologia de Trânsito, Tammy Marchiori afirma que para definir o perfil psicológico deste jovem seria necessário entender toda a dinâmica de sua vida e de suas motivações. Para ela, qualquer análise feita nesse momento seria baseada apenas em notícias e relatos de alguns reféns. Seria uma percepção do caso e não a realidade em si.

– Todos os sequestradores não têm um perfil psicológico igual apenas porque fizeram algo semelhante. O comportamento deste jovem do ônibus pode ser resultado de um surto psiquiátrico, por exemplo. Mas algumas notícias citaram que o caso pode ter sido premeditado. Ou seja, é pouco provável que seja resultado de um surto. Ele poderia também estar querendo chamar atenção para alguma questão, poderia estar desesperado ou outro fator. Não há como saber, são apenas reflexões sobre o caso.

Neuropsicóloga e especialista em Psicologia de Trânsito avalia comportamento do sequestrador

Segundo relatos de passageiros, o sequestrador parecia desnorteado. Há ainda a possibilidade de ser uma consequência de fatores como drogas, traumas por problemas pessoais ou transtornos psiquiátricos. Os reais motivos, porém, são desconhecidos. Mas apontam para dois fatores, pondera a psicóloga: a importância do tratamento referente à saúde mental (doenças mentais, estresse, depressão) que possibilitaria evitar essa reação, se for esse o caso, e o fato de que, felizmente ,não houve danos físicos aos reféns.

Com MBA em Gestão de Pessoas, a psicóloga Livia Marques, ressalta que podem ser traçados vários perfis. Não apenas um. É possível dizer que um descontrole emocional, impulsividade, irritabilidade, venha de um transtorno que envolva a psicopatia. Ou pode não existir transtorno algum. Em sua experiência clínica focada na avaliação das funções cognitivas, investigação e análise de atuações, habilidades e comportamentos, Lívia explica que não necessariamente a pessoa precisa apresentar um transtorno psicológico.

– É importante entendermos que pessoas que agem dessa forma podem, por exemplo, ter aprendido isso no decorrer da vida, pode ter vivido dentro desse contexto. Algumas pessoas podem culpar a educação dada pelos pais, mas não necessariamente estes pais podem ser os causadores disso.

Mas o que pode ter passado pela mente do homem que parou duas cidades em uma manhã? O caso ganhou grande repercussão. E se não desejava fazer qualquer dano às pessoas que estavam no ônibus, há ainda a suposição de que estaria planejando algum protesto ou reivindicação. O fato é que especulações sobre o incidente apontam fragilidades na esfera pública e no contexto social. E instrumentos de previsão, proteção, fiscalização e remediação em transportes públicos necessitam de reavaliação e maior inteligência logística.

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