Maia e Alcolumbre: “Bolsonaro terá de nos aturar por 2 anos”
Líderes da Câmara e do Senado mantêm postura desafiadora diante do presidente
Gabriela Doria - 10/06/2019 14h35
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), voltaram a reafirmar a postura desafiadora diante de Jair Bolsonaro. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, os dois falaram sobre a relação com o Palácio do Planalto.
– Eu não preciso gostar do Bolsonaro nem ele gostar de mim. Mas ele vai ter que me aturar dois anos na presidência do Senado. Eu vou ter que aturar ele dois anos. Ele vai ter que aturar o Rodrigo e o Rodrigo vai ter que aturar ele. Eu quero que a gente consiga conviver esses dois anos pensando no Brasil. A minha fé é muito grande – disse Davi Alcolumbre.
Protagonista de alguns embates públicos com Bolsonaro, Rodrigo Maia reforçou o ponto de vista do colega de partido e defendeu que haja mais diálogo entre os poderes.
– Não é uma questão de escolha [ter Bolsonaro como interlocutor]. É obrigação manter, de nossa parte, o bom diálogo com ele. Nas últimas semanas o presidente passou a ter um canal melhor com o Parlamento. Ele é o presidente da República. O Davi foi eleito de forma legítima por seus pares e eu pelos meus. Cada um tem que ter respeito pelo outro. Mesmo que discorde da forma como é feito o diálogo. Mas está dado – observou Maia.
Desde que Jair Bolsonaro assumiu o poder, tanto Maia quanto Alcolumbre entraram em consenso de que o governo ainda não propôs uma “agenda” para o país. Outro ponto sensível entre os líderes é a reforma da Previdência, uma dos maiores desafios para Bolsonaro e sua equipe. No entanto, o presidente do Senado se mostra otimista.
– Com todas as dificuldades, estamos conseguindo superar pautas importantes para o Brasil mesmo sem essa relação política [com Bolsonaro] ter sido estabelecida – declarou Alcolumbre.
Questionado sobre a viabilidade da permanência de Bolsonaro no poder, Maia disse acreditar que o presidente “não cai”.
– Cair, não cai. Mas uma coisa é o Parlamento garantir as condições mínimas de governabilidade: aprovar a reforma da Previdência, resolver a questão do leilão da cessão onerosa (de petróleo) para fechar o Orçamento, aprovar o projeto da regra de ouro. A partir daí, qual vai ser o embate? O governo vai ter força para implementar a agenda que propôs ao Brasil? Vai ter maioria para isso? Porque o governo é legítimo, mas o Parlamento também é. Todos foram eleitos pelo voto popular. Certamente o presidente tem uma agenda que a gente não conhece ainda. Para implementar essa agenda, ele vai precisar de uma base – pontuou o presidente da Câmara.
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