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Coluna Ricardo Guimarães: O Deus do favor ilimitado – parte 2

Acredite: Você é filho da Graça! Você nasceu para ser fonte do favor ilimitado de Deus

Ricardo Guimarães - 30/01/2018 08h00

Querido amigo leitor, do Pleno.News, semana passada comecei a falar sobre o Deus do favor ilimitado e hoje quero avançar mais um pouco em nossas reflexões.

Semana passada falamos sobre Benjamim e José. Sobre o que cada um representava. E hoje quero começar declarando que:

A graça e as promessas de Deus andam de mãos dadas:
Até a entrada do apóstolo Paulo em cena, os discípulos não tinham ideia de que José apontava para Jesus e Benjamim apontava para a Igreja. Eles conheciam a história de José e de Benjamim. Eles também conheciam a história de Israel, mas eles não tinham ideia de que toda aquela história apontava para Jesus e a Igreja.

Mas quando o apóstolo Paulo entra em cena, Deus revela a ele que tudo aquilo era uma tipologia, um símbolo que apontava para Jesus e Sua Igreja. Observe o seguinte texto:

“Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois lhos, um da mulher escrava (Agar – Ismael) e outro da livre (Sara – Isaque). Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa. Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe” (Gálatas 4:21-26).

Todos sabem que Gálatas é uma carta nada legalista. Uma carta que combatia os judaizantes. Os judaizantes foram um grupo que entrou na igreja e dizia aos irmãos: “Vocês querem ser salvos? Então vocês precisam se circuncidar, celebrar as festas judaicas, usar o véu, não podem comer certas coisas, etc…” O apóstolo Paulo escreveu justamente para combater esse ensino. E para convencer os irmãos a abandonarem as práticas judaizantes, o apóstolo usou personagens do Antigo Testamento como ilustração e interpretou-os sob a Nova Aliança, lançando luz sobre algo que era entendido apenas literalmente.

A Bíblia diz que Sara era estéril. Havia uma tradição que se uma senhora fosse estéril e tivesse uma dama de companhia, ela poderia dar essa dama para seu esposo, e quando o filho nascesse, ela o tomaria como se fosse seu filho. Sara recebeu a promessa, mas não conseguia engravidar. Então ela teve uma ideia, e falou com Abraão: “Você vai se deitar com a minha serva e eu tomo o filho para mim e assim você se tornará um pai de multidões”. Abraão ouviu o conselho de Sara e lhe respondeu: “É boa ideia… vou fazer esse sacrifício por amor a você”. Anuindo ao conselho de sua esposa, Abrão uniu-se a Agar e produziu um filho da maneira como qualquer casal produziria.

Quando Abrão estava impotente e Sara já com os seus 90 anos de idade, o Senhor apareceu novamente a ele, a promessa se manifesta e o milagre acontece. Sara engravida e dá luz a Isaque.

Isso é um princípio espiritual: As promessas sempre geram milagres. Na história da nossa vida tem que haver milagres. Milagre não pode ser uma experiência ocasional e isolada na nossa vida. Os milagres de Deus precisam ser algo mais comum entre os filhos de Deus.

Lembre-se de que a Graça e as promessas de Deus sempre andam de mãos dadas. Por isso, tudo o que Deus dá a você Ele só dá pela Graça. Não há méritos em você que o qualifique a receber qualquer coisa de Deus. Ele apenas lhe concede pela Graça e você recebe pela fé.

A fé é uma crença que se manifesta através daquilo que eu digo, que eu confesso, que eu declaro. Quando você crê de fato, você declara e chama a existência pela fé as promessas de Deus. Dessa forma, a Graça e as promessas sempre estão lado a lado, da mesma forma que a lei e o esforço humano andam de mãos dadas.

Paulo continua explicando a história à luz da Nova Aliança, dizendo: “Essas coisas, diz o apóstolo, Ismael, Isaque, Sara e Agar, são alegóricas”. Ou seja, são tipologias que apontam para realidades espirituais. Porque essas mulheres na verdade existiram de carne e osso, mas apontavam para outra coisa. E que coisas são essas? O apóstolo diz que elas representam duas alianças. Ou seja, Sara e Agar foram muito mais que duas mulheres, foram escolhidas por Deus para serem símbolos que apontam para duas alianças. Uma se refere ao monte Sião, que são os filhos livres; mas a outra aponta para o monte Sinai, que são filhos gerados para a escravidão.

Vamos entender de maneira mais detalhada alguns símbolos alegóricos:

a) Monte Sinai:
O monte Sinai foi o monte onde foi dada a lei, os dez mandamentos. Os dez mandamentos são a raiz da lei. Todo o resto da lei gira em torno dos dez mandamentos. E ele diz que Sara representa a Graça enquanto Agar representa monte Sinai, que gera para escravidão: “Ora Agar é o monte Sinai na Arábia, mas a Jerusalém de cima é livre a qual é a nossa mãe”.

O monte Sinai é um monte que para você subir tem que começar às três horas da manhã, porque se for subir depois que o sol se levantar pode desidratar sem perceber e até morrer. Portanto, o aventureiro precisa preparar uma mochila, levar garrafa de água, se preparar física e psicologicamente e principalmente ter forças nas pernas.

Na base do monte Sinai há pessoas para ajudar os turistas que se aventuram na subida, porque muitos não conseguem chegar até o final, porque é muito íngreme e desgastante. E, por incrível que pareça, há milhares de pessoas que até hoje mandam seus pedidos de oração para serem queimados no monte Sinai.

b) Monte Sião:
Mas quando ele fala de Sara, Paulo diz que se refere ao monte Sião.

E o que é o monte Sião? Ao contrário do monte Sinai; que fica hoje nas terras do Egito; o monte Sião é um monte dentro de Jerusalém. É uma ladeira onde você sobe fácil. Ele é um monte não tão baixo, que qualquer pessoa pode chegar ao topo com facilidade. Foi lá, no topo do monte Sião, que Davi colocou a arca da aliança. Lá, todos os dias, as pessoas podiam chegar e olhar para a arca e serem abençoadas pela presença de Deus.

Mas no tabernáculo, se alguém que não fosse o sumo sacerdote e entrasse lá, morria fulminado. Porém, Davi colocou a arca da aliança no topo do monte Sião, e qualquer um podia chegar diante da arca. Então, as pessoas subiam, olhavam e ninguém morria. E todos saíam abençoados, curados e renovados do monte Sião.

E isso só era possível porque o monte Sião aponta para a Graça. O tabernáculo aponta para a lei. No tabernáculo, se alguém entrasse na presença da arca, morreria fulminado. No monte Sião, quem chegava diante da arca saía abençoado.

Existe hoje uma paranoia sobre o monte Sinai. Lá é onde os pastores sobem com sacos contendo pedidos de oração. Lá esses pastores vão fazer “a oração das causas impossíveis” e afirmam que o que não foi resolvido no Brasil, com jejum e oração, quando o pastor levar o pedido e subir o monte Sinai será resolvido.

Veja o que uma crença errada e a falta de revelação na Palavra podem gerar na vida de uma pessoa.

Você tem ideia de quantas vezes o livro de Salmos fala do monte Sinai? O livro de Salmos só fala do monte Sinai apenas uma vez. E quando o cita, diz que o monte Sinai tem inveja e ciúme do monte Sião.
“Os montes de Basã são majestosos; escarpados são os montes de Basã. Por que, ó montes escarpados, estão com inveja do monte que Deus escolheu para sua habitação, onde o próprio Senhor habitará para sempre? Os carros de Deus são incontáveis, são milhares de milhares; neles o Senhor veio do Sinai para o seu Lugar Santo” (Salmos 68:15-17).

Basã é uma cordilheira de montes, em Israel, na área da região da Galileia. E um dos montes dessa cordilheira é o monte Hermon, onde se encontra a nascente do rio Jordão. O monte Hermon possui 1.700 metros de altura. No topo do monte Hermon há neve constantemente, o ano inteiro. Quando o tempo esquenta, a neve derrete, escorre pelo monte e forma as águas do rio Jordão. E aí, eles dizem que os montes de Basã são majestosos, escarpados.

Houve um dia em que Deus mudou de endereço. Deus deu a lei no topo do monte Sinai. Mas houve um dia em que Deus pegou as malas e tudo o que tinha e mudou-se para o monte Sião. Só que muita gente não se deu conta disso e, por isso, até hoje veneram o monte Sinai.

Hoje o monte Sião fala da Igreja, fala da Graça, fala do tempo que estamos vivendo. Mas ainda há igrejas focadas no monte Sinai, vivendo debaixo da lei, tentando fazer por onde, fazer para merecer, sacrificando-se para alcançar as bênçãos de Deus. Esse era o padrão da Antiga Aliança, mas na Nova Aliança nós já fomos abençoados.

c) Os dois Pentecostes:
Quando Deus deu a lei, aconteceu o primeiro Pentecostes da história e foi exatamente no monte Sinai. Ou seja, Deus deu a lei no dia da festa do Pentecoste, 50 dias após o povo ter saído do Egito e comemorado a páscoa.

Naquele dia, Deus desceu no monte Sinai e cerca de três mil pessoas morreram. Porque Ele encontrou as pessoas adorando o bezerro de ouro, e Moisés desafiou quem era pelo Senhor a passar a mão na espada e matar seus irmãos. “Vendo Moisés que o povo estava desenfreado, pois Arão o deixara à solta para vergonha no meio dos seus inimigos, pôs-se em pé à entrada do arraial e disse: Quem é do Senhor venha até mim. Então, se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi, aos quais disse: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Cada um cinja a espada sobre o lado, passai e tornai a passar pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, cada um, a seu amigo, e cada um, a seu vizinho’. E fizeram os filhos de Levi segundo a palavra de Moisés; e caíram do povo, naquele dia, uns três mil homens” (Êxodo 32:25-28).

E a tribo de Levi ajuntou-se a Moisés e matou. Naquele dia, cerca de três mil pessoas morreram. Portanto, quando a lei é dada, três mil pessoas morrem.

Passam-se milhares de anos e, acontece o primeiro Pentecostes da Nova Aliança; que, coincidentemente, aconteceu no topo do monte Sião. No capítulo dois do livro de Atos, lemos que estavam todos reunidos no cenáculo quando veio sobre eles o Espírito Santo. E, naquele primeiro Pentecostes, na Nova Aliança, sobre o monte Sião, Pedro se levantou e pregou. E sabe o que aconteceu? Cerca de três mil pessoas se converteram.

Vejam a diferença entre a Graça e a lei. Quando a lei é dada três mil pessoas morrem. Quando a Graça é dada três mil pessoas nascem de novo. O monte Sinai gera para a escravidão.

Graças a Deus que o Senhor se mudou do Sinai para o monte Sião, isso significa que nós estamos sob o Deus da Graça. Aleluia!

d) Isaque e Ismael:
Agora veja: Ismael e Isaque eram meio-irmãos. Eles tinham o mesmo pai, porém mães diferentes. O pai de ambos era Abraão que aponta para o nosso Deus!

Uma das mais revolucionárias lições que Jesus nos ensinou foi chamar a Deus de Pai. Ao ensinar os discípulos a orarem, Ele disse: “E vós orareis assim: Pai Nosso”.

A Igreja ainda precisa entender essa revelação de que Deus é nosso Pai. Antes Dele ser nosso Deus ou nosso Senhor, Ele é o nosso Pai. Mas nem dessa verdade nós temos revelação plena. Tanto é que quando a maioria dos cristãos ora, começa dizendo: “Senhor Deus e Pai…” Quando o certo seria dizer: “Meu Pai e Senhor, meu Deus…”

Observe que na maioria das orações feitas nas igrejas, a referência a Deus como Pai fica por último, quando deveria ser nossa primeira invocação. Porque quando eu entendo que Deus é meu Pai as coisas mudam.

A Bíblia diz que Isaque e Ismael eram filhos do mesmo pai, mas eles tinham mães diferentes. Um era filho da livre, o outro era filho da escrava. Um era filho da lei, o outro era filho da Graça.

Observe que eles eram irmãos, tinham o mesmo pai, mas a mãe de um era a lei e a mãe do outro era a Graça. Todo crente afirma que Deus é seu Pai. Mas todo mundo que tem pai, tem mãe. Deus é o nosso Pai, então quem é a nossa mãe? A Igreja Católica diz que é Maria.

Mas a Bíblia diz que a nossa mãe é a Graça. Então, eu e você podemos ser irmãos por parte de Pai, mas podemos ter mães diferentes. Porque todos somos filhos do mesmo Pai, mas nem todos somos filhos da mesma mãe. Há muitos filhos de Agar por aí.

Nós precisamos entender que a nossa mãe é a dona Graça. É isso mesmo, você é filho da dona Graça. Porque Deus nos gerou pela Sua graça. Leia o texto seguinte e veja quão maravilhoso Deus é: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1:17).

Quando Deus teve que dar a lei, veio fogo, trovão, trombeta, fumaça… o povo ficou apavorado. A lei veio através de Moisés, por meio de um sedex divino. Mas quando Deus teve que dar a Graça, Ele enviou Seu filho Jesus. A lei foi dada, foi enviada, mas a Graça veio pessoalmente. Ele enviou a Graça em carne e em osso. Ele não enviou um recado, Ele enviou a própria Graça através de Cristo Jesus.

Por isso, precisamos decidir viver pela Graça pela qual fomos gerados, porque não podemos herdar a promessa, se permanecermos na lei. Observe o que Paulo fala sobre a lei: “Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre” (Gálatas 4:30).

Foi Sara quem falou, mas Paulo diz que foi o Senhor quem usou os lábios de Sara para dizer: “Pega essa mulher com o filho dela e manda-os irem embora”.

O engraçado é que se você olhar o texto bíblico perceberá que Ismael tinha mais ou menos 14 anos de idade quando Abraão mandou Agar embora com ele para o deserto. Diz o texto que o menino começou a desfalecer de sede no meio do caminho. Naquele momento, Agar o colocou debaixo de uma árvore para vê-lo morrer. Depois começou a clamar, e Deus ouviu a voz, não dela, mas do menino, e abriu um poço de onde ela tirou água e deu a seu filho.

Esse garoto que representa a lei tinha 14 anos de idade. Logo, era ele quem deveria estar andando na frente e a mãe parada atrás. Ele deveria ajudar a mãe e não ser um peso para ela, pois um garoto de 14 anos de idade tem força, tem vitalidade. Mas ele estava cansado, porque a lei produzfraqueza. Por outro lado, a mesma Bíblia relata que aos 14 ou 15 anos de idade Isaque conseguiu carregar um feixe de lenha para subir o monte Moriá, a fim de construir o altar para o seu próprio sacrifício. Como um garoto de 14 anos pega um feixe de lenha e sobe o monte sem reclamar? Porque a Graça fortalece. Por isso, o texto é enfático ao dizer: “lança fora a escrava com o seu filho, porque de modo algum ele herdará com o filho da livre.”

Hoje, você precisa separar, na sua vida, o que é lei e o que é Graça. Há muita gente na igreja que não está desfrutando do favor de Deus, porque está vivendo uma vida de mistura. Hora vive na lei, hora vive na Graça. Mas tem que ser cem por cento de Graça e zero de lei.

Exorcize hoje mesmo, de sua mente, toda vida cristã baseada na lei e no esforço próprio para que você possa viver debaixo do favor ilimitado. E acredite: você é filho da livre! Você é filho da Graça!

Ricardo Guimarães é fundador e pastor presidente da Igreja Videira no Rio de Janeiro. É formado em Teologia com especialização em Homilética e Clínica Pastoral e também possui doutorado pela Faculdade de Teologia Filadélfia – Recife. Na década de 90 levantou a bandeira do movimento nacional pela pureza sexual do jovem e do adolescente, conhecido como “Quem ama Espera”.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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