Leia também:
X “Achei que ia morrer”, afirma paciente com coronavírus

Medidas contra o coronavírus são terrorismo social?

Primeira morte pelo vírus foi confirmada no estado de São Paulo

Camille Dornelles - 17/03/2020 10h58 | atualizado em 17/03/2020 11h07

Nesta terça-feira (17), a capital de São Paulo e o estado do Rio de Janeiro decretaram estado de emergência por causa do combate ao coronavírus. A primeira morte foi confirmada na cidade de São Paulo.

Aulas, rodízio de veículos e atividades do comércio foram suspensas; e frotas de transporte público e quadros de funcionários de empresas foram reduzidos. O estado de São Paulo é o mais afetado, com 152 dos 299 casos até agora confirmados.

O governo federal se mantém voltado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para que esse possa atender a todos os infectados que devem chegar às unidades de saúde. O presidente Jair Bolsonaro sancionou uma portaria na última quarta-feira (11) determinando que casos suspeitos receberam isolamento, preferencialmente domiciliar.

O Ministério da Saúde oferece kits de testes, mas pede que eles só sejam usados em casos graves, pois não há insumos para todos. Já o Ministério da Economia anunciou uma injeção de R$ 147 bilhões para conter a doença.

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pede home office e fim de aglomerações Foto: José Cruz/Agência Brasil

MEDIDAS DRÁSTICAS SÃO COERENTES?
As medidas impostas pelos governos visam aumentar o isolamento social da população. O distanciamento entre as pessoas é tido como a principal forma de prevenção da doença. Dirigentes do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro querem diminuir a propagação para não sobrecarregar os hospitais.

O isolamento não é uma medida nova. Ela já foi imposta durante outras epidemias e pandemias graves, como a da Sars em 2003 e do vírus H1N1, em 2009. A medida de prevenção é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em casos de surtos, endemias, epidemias e pandemias diversas.

No caso do novo coronavírus, o Covid-19, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chegou a chamá-lo de “espinha da resposta”.

– Temos visto uma rápida escalda em medidas de distanciamento social, como fechamento de escolas, cancelamento de eventos esportivos e outras aglomerações, mas não temos visto uma urgência suficiente na escalada de testes, isolamento e contato de origem, que é a espinha da resposta à Covid-19 – aponta.

Além disso, a organização apontou que os países que tomaram medidas mais duras já no início do contágio, como Taiwan e Singapura, têm apresentado melhores resultados. O primeiro, por exemplo, tem 50 casos confirmados desde o início do surto. Ele ampliou o controle de fronteiras, realiza testes e entrevistas para confirmar casos suspeitos e proíbe o trabalho presencial quando esse é dispensável. Além disso, há multa alta para quem descumpre a quarentena.

EXAGEROS OU DESESPERO PODEM PROVOCAR DESCRÉDITO
Com as recomendações de órgãos oficiais unidas ao pouco conhecimento do novo vírus, parte da população pode entrar em histeria e exagerar nas medidas de segurança. O caso do DJ Diplo, por exemplo, tem chamado a atenção. Mesmo não infectado, ele decidiu se isolar em casa e ver seus filhos e avós apenas através de um vidro.

View this post on Instagram

My son's are too young to understand the complexities of what's happening. But they aren't anxious and nervous like the rest of us. They live in a house with their grandmother who is the most vulnerable. I have been in contact with hundreds of people in the past four weeks… And I'm staying away from the house until I am cleared of the virus. This hurts because I miss them so much they are what makes me wake up every day and live and breath, they are my ultimate joy, but this is my sacrifice to make sure everyone around me is safe.. I haven't had this much time home in years, and I wanted to build Legos and watch movies with them.. But for now im just going to stay by the window and listen to them play drums and sing for me .. Think about others in every decision you make in the coming weeks. This isn't A drill.. We already have enough news from Italy Iran Korea and China about the best ways to slow this.. We need to be smart, going out and interacting with groups is canceled, but kindess is not canceled, Love is not canceled, empathy is not canceled. Happiness is not canceled… Stay strong for the ones who can't right now

A post shared by Thomas Wesley (@diplo) on

Fora dos comentários de sua rede social, Diplo foi amplamente criticado. Um brasileiro afirmou que ele procura “traumatizar o filho”. As medidas além das recomendações oficiais estimulam o sentimento de descrédito da doença, pois a prevenção parece desproporcional à ameaça.

Outro fator emocional que pode prejudicar o combate, segundo o diretor-geral da OMS, é a própria declaração de pandemia.

– Pandemia não é uma palavra para ser usada de maneira leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou. Assim, levando a sofrimento e morte desnecessários – afirmou na última quarta-feira (11).

HÁ INTERESSES ESCONDIDOS?
O Ministério da Saúde atua também no combate a notícias falsas sobre a pandemia do novo coronavírus. Algumas das desmentidas no portal oficial do governo declaram que o vírus foi criado em laboratório e seria uma ação de chineses.

– Não há nenhum registro científico indique que há inserções semelhantes ao vírus HIV no novo coronavírus e muito menos que o vírus foi criado em laboratório – afirma o órgão.

O QUE FAZER?
Mesmo assim, segundo as autoridades e especialistas, o fim das aglomerações e a quarentena de infectados são as medidas mais importantes. A médica infectologista Roberta Schiavon Nogueira recomenda também a lavagem das mãos como medida de prevenção principal, mas explica que o vírus é de grande propagação pelo ar e que alcança até dois metros de distância, além de poder ser transferido através de objetos.

– Por isso as recomendações de evitar aglomerações são muito importantes. A Itália demorou para tomar essas medidas e está sendo muito criticada. Então parabéns aos nossos governantes por essa resposta rápida – declarou.

As orientações oficiais são ficar em casa em caso de sintomas leves, sair de casa apenas em casos de necessidade, lavar bem e frequentemente as mãos com água e sabão, não tocar no rosto e evitar aglomerações.

Leia também1 Witzel decreta situação de emergência no Rio de Janeiro
2 Shows e eventos são alterados por causa do coronavírus
3 Witzel: "Governadores vão pedir R$ 40 bilhões à União"

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.