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Jakson Follman, Neto, Alan Rushel e Rafael Henzel vivem superação

Emerson Rocha - 29/11/2017 16h13

Jakson Follmann, Neto e Alan Ruschel Foto: Divulgação

A tragédia com o avião da Chapecoense completa um ano hoje: 29 de novembro. Naquele dia, 71 pessoas morreram no acidente que levava a delegação do clube catarinense e alguns jornalistas para a final da Copa Sul-Americana com o Atlético Nacional da Colômbia. A partida, que nunca aconteceu, era cercada de grande expectativa. O time tem como símbolo o Índio Condá e nunca havia chegado a uma decisão de competição internacional. Era a realização de um sonho, mas acabou se transformando em um grande pesadelo.

O voo 2933 da empresa LaMia deixou a cidade de Santa Cruz de la Sierra, com destino ao Aeroporto Internacional de Rio Negro, em Medellín, na Colômbia. Mas faltando pouco para o pouso, a aeronave colidiu com um morro, e sonhos e vidas foram destruídos. No entanto, seis pessoas foram resgatadas com vida. Para muitos, um verdadeiro milagre. Dos sobreviventes, quatro brasileiros: Os jogadores Alan Ruschel, Jakson Follmann e Neto, e o jornalista e radialista Rafael Henzel.

É difícil esquecer aquele dia: O terror, o desespero, a dor, a perda. Sobreviver fisicamente e superar é algo para fortes. E os quatro brasileiros têm se esforçado muito para deixar a trágica experiência no passado e construírem algo novo.

O primeiro a voltar a jogar
O lateral Alan Ruschel foi o primeiro que voltou a atuar entre os profissionais. Ele retornou aos gramados em um grande evento. A Chapecoense foi convidada pelo Barcelona para a disputa do tradicional Troféu Joan Gamper, no estádio Camp Nou, na Espanha. A equipe brasileira foi goleada, mas o resultado pouco importou. Diante de Messi e companhia, quem mais foi aplaudido foi Ruschel.

– Pra mim, está sendo um sonho realizado. Pude mostrar para o treinador, para o mundo inteiro, que estou pronto para voltar a competir, jogar bola. Hoje o resultado é o que menos importa. Só de jogar, fazer o que mais amo, isso é o que importa – afirmou o lateral da Chape na saída do campo para a reportagem da TV Globo.

Ele está no grupo da equipe que disputa o Campeonato Brasileiro. Na última rodada, a Chapecoense enfrentará o Coritiba, em casa, em busca de uma vaga na Taça Libertadores da América de 2018. O jogo será no domingo, dia 3, às 17h.

Treinos que fazem bem ao goleiro
Mesmo perdendo parte de uma perna por causa do acidente aéreo, o goleiro Jakson Follmann voltou a treinar na Arena Condá com o auxílio de uma perna mecânica. A princípio, Follmann não tem pretensão nenhuma de retomar a carreira, mesmo paralímpica, mas mostra um grande bom humor com a atuação nos treinamentos.

– É igual a andar de bicicleta. Depois que aprende, vai embora. É uma emoção grande. Fico feliz por retornar aos gramados, relembrar um pouco o tempo que passou tão rápido. A saudade é grande, mas é boa. Acho que estou no caminho certo. Se treinar mais um pouquinho, acho que consigo voltar em uma oitava, nona divisão (risos). Brincadeira à parte, isso não tem preço – disse Follmann ao site Globoesporte.com.

Sobre a nova vida que leva, Follmann afirma:

– Valorizo as coisas muito simples da vida hoje, coisas que passam despercebidas no dia a dia. O simples fato de ir ao banheiro, beijar as pessoas que você ama. Fiquei um período de cadeira de rodas e foi difícil, meu sonho era ficar em pé, dar passos, abraçar. Valorizo muito isso, o dia de hoje. (…) Sou um deficiente físico com orgulho e voltar a praticar um esporte é prazeroso demais.

Zagueiro diz que a fé em Deus o salvou
Já o zagueiro Neto, que foi o último sobrevivente resgatado sob os destroços do avião, ainda não tem previsão para voltar a disputar uma partida oficial. Por causa do acidente, ele foi submetido a cirurgias na coluna e no joelho direito, além de ter perdido muita massa muscular. Carioca e evangélico, o jogador escreveu o livro Posso Crer no Amanhã, publicado pela Editora Vida. Ele aponta que a fé em Deus também o ajudou a superar diversas dificuldades.

– Foram muitos milagres que aconteceram na minha vida. Meus filhos são dois milagres. Minha esposa teve um casal de gêmeos com um ovário só porque no outro ela teve um tumor. (…) Depois que comecei a entregar minha vida para Deus, pude tirar todo o fardo pesado que a vida coloca na gente – disse ele, em entrevista ao programa Encontro com Fátima Bernardes da TV Globo.

Contudo, ao relembrar sua história, Neto não esconde o drama que passou por sua cabeça durante os primeiros dias após a tragédia.

– Eu tinha muita dúvida se eu ia voltar a andar. Eu acordei na Colômbia de fralda, com 20 quilos a menos, todo arrebentado, então eu achava que tinha acontecido alguma coisa grave. Eu tive que reaprender a beber água, no começo usava canudo – contou o zagueiro ao Bem, Amigos do SporTV.

Neto ainda deve passar por nova cirurgia no joelho e luta para voltar aos gramados em 2018.

Jornalista sonha em narrar jogo que nunca aconteceu
As marcas do acidente ainda podem ser vistas no jornalista Rafael Henzel. Porém, sua voz continua com a mesma vibração das narrações que conquistaram os ouvintes da Rádio Oeste Capital FM de Chapecó. Dos quatro sobreviventes, ele foi o primeiro a voltar a trabalhar na função que ama.

Por toda solidariedade e carinho que recebeu, Henzel publicou um livro com o título de Viva Como se Estivesse de Partida, pela Principium Editorial.

Rafael Henzel Foto: Arquivo pessoal

Recentemente, no programa Mariana Godoy Entrevista, na Rede TV, Henzel deu mais um exemplo de como tem encarado o milagre da vida.

– Eu fico muito impactado, porque as pessoas leem o livro e elas sabem que a vida é muito simples, a gente é que complica muito. Nós viemos de uma grande tragédia, nós não somos mais vítimas, nós fomos vítimas lá, hoje nós estamos vivendo nossa vida na plenitude novamente – explicou.

Depois, Rafael Henzel confessou que ainda tem um grande sonho na carreira:

– Ainda vou narrar um gol daquele jogo de Medellín. Vamos fazer uma homenagem em breve e vamos narrar essa partida.

Quem sabe um dia…

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