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Cristã, menina de foto famosa de guerra fala de esperança

Conhecida como "a menina da foto", a vietnamita Kim Phuc lançou seu livro em português

Ana Luiza Menezes - 30/09/2018 13h38 | atualizado em 01/10/2018 00h56

Kim Phuc Phan Thi ficou conhecida por uma famosa foto que retrata sobreviventes de um bombardeio durante a Guerra do Vietnã. A imagem, que mostra o horror que ela sofreu, quando tinha apenas 9 anos de idade, foi registrada por Nick Ut, fotógrafo da agência Associated Press, em junho de 1972.

Queimada por causa do ataque, ela apareceu correndo sem roupas e chorando, em meio a crianças e soldados. A foto comoveu o mundo e ganhou o prêmio Pulitzer, em 1973.

As marcas da guerra não ficaram apenas no corpo de Kim, mas também em sua alma, durante muito tempo até que um dia, ela encontrou esperança para acabar com sentimentos como tristeza e raiva, que a consumiam.

Além da guerra, ela também teve que superar os abusos sofridos ao ser usada de forma antiética como ferramenta de propaganda política do governo comunista. O livro A Menina da Foto, lançado em português pela editora Mundo Cristão conta a trajetória de Kim até sua verdadeira liberdade.

Em entrevista ao Pleno.News, durante a 14ª edição da Expo Cristã, ela compartilhou sobre como seu encontro com Deus a ajudou a superar traumas e encontrar paz.

Como avalia sua vida hoje?
Sou muito grata porque no meio de tudo o que eu era para ser Deus entrou. E hoje vejo claramente que minha vida é um milagre. Posso ver o que diz em Romanos 8:28, que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam o Senhor. Então, mesmo quando eu não entendia por que aquilo tinha acontecido comigo quando eu tinha 9 anos, e não entendia por que eu tinha sofrido tanto, eu tinha uma pergunta, que é a mesma que todos perguntam: Por que, se Deus é bom, Ele permitiu aquilo tudo acontecer com as crianças e com pessoas boas que sofreram daquele jeito. Mas agora eu estou aqui e posso responder a você.

Fale sobre os traumas e dificuldades que enfrentou.
No início, eu tive que aguentar tanta coisa como dor, perda, desesperança, raiva, ódio. Honestamente, por um tempo guardei em meu coração tanto ódio que isso quase me matou. E naquela época eu não tinha esperança alguma. Muitas vezes eu quis morrer e pensei até em cometer suicídio porque pensei que depois que eu morresse não haveria mais sofrimento. Mas agora eu acredito que quando Deus te chama, você deve dizer ‘sim, Senhor’ senão você não consegue fazer mais nada.

Tendo nascido em um país que não é cristão, como ouviu falar sobre Deus?
Bem no fundo do meu coração, eu queria buscar a verdade e saber a resposta para todas as minhas perguntas, como ‘por que eu?’ Por que aquilo aconteceu comigo mesmo que eu não tenha feito nada errado, por que eu tive que sofrer tanto e por que eu tive que me tornar uma vítima de guerra quando eu era apenas uma criança. Mas então depois, bem mais tarde, eu me tornei outro tipo de vítima nas mãos do governo do meu país. Mas quando eu estava com 19 anos eu fui a uma biblioteca e me dirigi a sessão de religião e procurei todos os livros religiosos e estudei porque estava procurando o propósito para a minha vida. E entre os livros que li estava o Novo Testamento e ao ler esse livro quanto mais eu lia mais perguntas eu tinha. Mas quando eu li João 14:6, sobre quando Jesus disse ‘Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ai Pai a não ser por mim’, fiquei impactada. Eu fui criada em uma religião diferente chamada Cao Dai (caodaismo), e questionei o motivo de Jesus dizer que Ele é o único caminho. Até então, eu tinha adorado a muitos deuses e eu tinha, naquele momento, muitas perguntas.

Cono foi seu processo de encontrar a Deus?
O período em que eu estava com 19 anos foi um momento difícil da minha vida, por que não pude ir para a faculdade e realizar meu sonho. Eu queria me tornar médica, porém o governo cortou meus estudos; e eles me usavam como propaganda deles. E eu comecei a sofrer tanto debaixo daquele controle e era muito ruim. Mas então naquele mesmo tempo eu estava vivendo com a família da minha irmã em Saigon e um dia me pareceu que eu não conseguia mais prosseguir daquele jeito. Duvidei sobre a existência de Deus e no quintal da casa da minha irmã eu simplesmente olhei para o céu e gritei com toda a minha voz: ‘Deus, você é real? Você existe? Por favor me ajude.’ E, sinceramente, Ele me escutou.

Alguém te ajudou a conhecer melhor a Deus?
Naquela época eu queria ter um amigo, queria compartilhar meu fardo com um amigo que pode me entender. Mas eu estava tão solitária e isolada, vivendo com medo. Mas conheci o primo do meu cunhado, que veio nos visitar e ele era cristão. Meu sobrinho e a minha sobrinha me contaram que ele era cristão e então pensei que isso era bom porque eu teria a oportunidade de perguntar a ele sobre todos os meus questionamentos. Eu lia a Bíblia e ele me explicava, mas parecia que eu não podia aceitar aquela mensagem. Então ele me disse que queria me conviar para ir até a igreja e muito feliz eu fui. Fiquei indo por alguns meses, mas não significava que eu era cristã. Inicialmente eu fui porque tinha um amigo e por causa da minha curiosidade.

E quando se converteu?
Finalmente, na época de Natal, em 1982, depois que ouvi a mensagem do pastor que me explicou porque cristãos celebram o Natal, pelo fato de Jesus ter vindo ao mundo para pagar o preço pelos nossos pecados. E se alguém abrir o coração para aceitá-lo como salvador pessoal Jesus vai entrar e trazer paz, tirando qualquer peso. Quando ouvi isso fiquei impressionada porque Deus estava falando comigo. Meu coração foi tocado porque eu realmente precisava daquela paz, de alguém vindo ao meu coração para tirar aqueles fardos que eu carregava. E depois do convite, eu fui ao altar, abri meu coração e aceitei a Jesus. Acredito que Ele morreu na cruz, pagou pelos meus pecados, e assim convidei Jesus para estar no meu coração e ser meu salvador.

Qual a sensação que teve ao entregar seu coração para Deus?
Foi tão maravilhoso, foi uma virada. Deus me deu fé e eu parei de adorar aqueles tantos deuses antes. E comecei a orar e quanto mais eu orava mais respostas eu tinha, mais paz e a alegria que o Senhor me deu. Ele me trouxe segurança. Aos nove anos enfrentei quatro bombardeios, incluindo o de Naipon e não morri, mas no fururo eu morreria em algum momento, mas o céu é a minha casa. E continuei lendo a Bíblia e orando até que tive que lidar com tudo o que me fazia mal. Tive que aprender a perdoar, meu coração era cheio de raiva e ódio e antes eu odiava a minha vida porque eu não era normal , tinha tantas cicatrizes no corpo.

Fale sobre o processo de perdão que salvou a sua vida.
Comecei a orar por sabedoria, orei por paz e alegria e quando abri a minha Bíblia, logo no começo, eu li Lucas 27:28, que diz: Ame seus inimigos. Eu disse é tão difícil ser cristão. Às vezes, eu dizia: Deus você tem poder e pode perdoar, mas eu não consigo. Para mim, parecia impossível fazer isso porque eu tinha sofrido dia e noite. Como amar meus inimigos? Eu não tinha um, mas tantos inimigos. Mas quando eu comecei a orar, pouco a pouco eu vi que Jesus morreu na cruz e orou pelas pessoas que o mataram. Ele disse, “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem “. E eu disse, uau, como Ele sofreu! É um grande exemplo e eu queria fazer o que Jesus fez. Foi tão bom e comecei a fazer isso

Qual a mensagem principal do seu livro? Qual a maior lição?
Com Deus, eu aprendi a confiar e obedecer. Eu cri que Ele pode fazer coisas impossíveis em minha vida e eu escolhi obedecer e fazer o que Ele diz sobre amar os inimigos. E então eu comecei a trabalhar na lista de inimigos que eu tinha, eu queria que eles sofressem ainda mais que eu, mas eu comecei a mudar isso. Orei por um e no dia seguinte orei por dois. E foi orando por eles que Deus libertou meu coração do ódio. E consegui ser livre, consegui perdoar. E foi tão maravilhoso. É como sentir o céu na terra. Foi maravilhoso saber que fui capaz de aprender a perdoar. Então, para mim, minha mensagem é seja o que for que você tenha sofrido, você sempre tem esperança. Deus é maior do que o seu problema. É uma mensagem de esperança e perdão.

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