Não há “poder moderador”, diz Cármen sobre Forças Armadas
Ministra rechaçou as declarações de Augusto Heleno
Pierre Borges - 17/08/2021 14h00 | atualizado em 17/08/2021 14h22
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta terça-feira (17) a falta de harmonia entre os três Poderes e as declarações do ministro general Augusto Heleno sugerindo algum tipo de interferência das Forças Armadas no governo.
Cármen afirmou que as Forças Armadas não são um poder mediador e que não há um “quarto poder” no Brasil.
– Não há poder moderador no Estado brasileiro. […] As Forças Armadas ajudam enormemente a Justiça Eleitoral, na época das eleições de São Gabriel da Cachoeira a Santo Angelo no Rio Grande do Sul. Mas elas não são um poder à parte, porque a Constituição disse quais são os poderes da República, no artigo segundo, o Legislativo, Executivo e Judiciário. Não temos quarto poder hoje – declarou Cármen em entrevista ao jornal O Globo.
Em uma referência mais direta à fala de Heleno sobre o artigo 142 da Constituição, a ministra do STF citou o artigo 142 da constituição.
– [As Forças Armadas] estão no artigo 142 como instituição, para a garantia da ordem pública, e podem agir por iniciativa de qualquer dos poderes. A autoridade suprema é o presidente da República, mas, no mesmo artigo, que fala na garantia da lei e da ordem, estabelece que é por iniciativa de qualquer dos poderes – argumentou.
Ela também defendeu a harmonia entre os Poderes e criticou o clima de “xingamentos, afrontas e desatendimentos” envolvendo principalmente o Judiciário e o Executivo.
– Uma sociedade não pode viver com essa audição permanente de xingamentos, de afrontas, de desatendimento à harmonia que é exigência constitucional – afirmou.
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