Terrorista do Talibã liga para âncora da BBC, ao vivo, em jornal
Apresentadora improvisou uma entrevista com o extremista
Pierre Borges - 17/08/2021 13h32 | atualizado em 14/10/2021 14h59

Uma âncora da BBC recebeu a ligação de um membro do Talibã, ao vivo, durante a apresentação do programa. A jornalista Yalda Hakim conversou com o terrorista, que comemorava a conquista da capital afegã.
Yalda nasceu no Afeganistão, mas deixou o país quando era criança para morar na Austrália. A BBC negociava uma entrevista com a organização para ouvir quais seriam os planos do Talibã para o Afeganistão, mas a ligação foi feita de modo inesperado, direto para o celular da apresentadora, que improvisou perguntas, para uma entrevista ao vivo.
– Ok, acabamos de falar com você. Então vamos ver se podemos colocá-lo no viva-voz. Nosso espectadores podem ouvir esta conversa? Você pode falar, senhor? Pode apenas se apresentar? – iniciou a Yalda, enquanto ajustava os equipamentos do estúdio para captar o áudio da entrevista.
Getting the Taliban spokesman on your own phone while you’re presenting live. @BBCYaldaHakim nailing it, all while dealing with an incredibly upsetting story. Wow 🙌🏻 pic.twitter.com/9DQpKznlBQ
— Stephanie Hegarty (@stephhegarty) August 15, 2021
O terrorista identificado como Suhail Shaheen tentou acalmar os ânimos da população e passar uma imagem mais pacifista do grupo.
– Nossa liderança instruiu nossas forças a permanecer no portão de Cabul, não a entrar na cidade. Estamos aguardando uma transferência pacífica de poder – declarou o terrorista.
O episódio ocorreu no último domingo (25), pouco antes de o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fugir do país com a chegada dos membros da organização extremista à capital.












Confrontado sobre relatos de violência no território afegão após a tomada de poder, Shaheen afirmou que os membros que praticarem “atrocidades” no país serão punidos quando os novos tribunais e leis forem instituídos pela organização.
Entretanto, Yalda deixou o terrorista desconfortável ao perguntar se as punições envolveriam espancamentos públicos ou execuções. Gaguejando, o representante do Talibã disse que isso dependeria da decisão dos tribunais, após a tomada de poder se completar.
Shaheen ainda disse que as mulheres poderão frequentar as escolas, mas se esquivou ao ser perguntado sobre a possibilidade de ingressão das mesmas nos tribunais e instituições legislativas.
– Não há vingança para todos aqueles que estão trabalhando com a administração de Cabul ou com as forças estrangeiras. Queremos que todas as embaixadas continuem seu trabalho. Não haverá risco para os diplomatas e nem para ninguém – afirmou Shaheen, pedindo que as pessoas parem de fugir do país.
Apesar do tom pacificador, a história do grupo é repleta de violência, acumulando relatos de perseguição a cristãos, estupro de mulheres, execuções diversas e espancamentos. O extremista afirmou que os relatos são falsos.
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