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Maioria das doenças infecciosas tem origem em animais selvagens

O levantamento é de pesquisadores da UFRGS

Pleno.News - 06/06/2021 15h24 | atualizado em 06/06/2021 15h26

Maioria das doenças infecciosas tem origem em animais selvagens, aponta pesquisa Foto: Reprodução

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) fizeram uma revisão bibliográfica de dados e os resultados revelaram que de 60% a 75% das doenças infecciosas são derivadas de microrganismos que originalmente circulavam em espécies de animais selvagens e saltaram para os seres humanos.

Embora o salto de patógenos de uma espécie de animal selvagem para outra e, posteriormente, para humanos seja comum como mostram os dados, é raro que esses eventos levem a uma situação epidêmica.

Entretanto, a proliferação dessas doenças entre os seres humanos é facilitada pelas ações humanas. Entre as doenças já conhecidas e resultado desse salto, está a Covid-19, cujo vírus Sars-Cov-2 se adaptou ao ser humano, com grande poder de transmissibilidade, o que reforça o papel da ação humana na cadeia de disseminação do vírus.

– Podemos citar também os casos de Influenza, cujo salto para a espécie humano foi favorecido pela criação de aves e suínos em um mesmo ambiente, ao longo da evolução humana – exemplificou o professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, José Artur Bogo Chies.

Ele é dos autores do estudo, que pretende discutir ações de prevenção ou redução da frequência de eventos de salto de patógenos.

Segundo ele, no caso da Covid-19, a principal hipótese até o momento é a de que o Sars-CoV-2 surgiu do morcego, conforme demonstram as análises de sequências genéticas do vírus, mas que alguma espécie, como os pangolins, agiu como intermediária para a infecção. Na China, é comum o consumo desse pequeno mamífero asiático e a contaminação pode ter ocorrido com o manuseio ou ingestão do animal.

O fato de estar acontecendo novamente não é nada surpreendente. Provavelmente temos uma origem de morcegos, porque a análise do genoma do Sars-Cov-2, comparado com outros coronavírus que existem na natureza, mostra similaridade grande com os coronavírus que circulam em comunidades de morcegos. Mas daí a poder dizer com certeza de qual comunidade de morcegos tem a origem e qual foi o caminho percorrido ao longo desse salto é que não está bem estabelecido”.

Chies reforçou que o salto de espécies zoonótico de doenças infecciosas é altamente conectado com a forma como os humanos interagem com as espécies animais e o meio ambiente. Por isso, a preservação da biodiversidade é necessária para controlar os riscos de surgimento de potenciais patógenos para a espécie humana. Dessa maneira os potenciais patógenos seriam encontrados em pequenas quantidades e em seus hospedeiros usuais, com menor risco de transmissão.

– Devemos estudar ecologia dos vírus para prevenir novas pandemias. Temos lembrado que doenças infecciosas acompanham o ser humano ao longo de toda a evolução e estamos em contato constante com microorgnismos. Novas doenças aparecerem ou reemergirem são eventos absolutamente naturais e esperados, que temos possibilidade de controlar fazendo vigilância sanitária e controlando do que estamos nos alimentando – disse .

Ele citou como exemplo o HIV, vírus causador da Aids, como um vírus tipicamente de macacos africanos e que por volta da década de 1950 conseguiu fazer o salto do patógeno pelo consumo da carne do animal.

– Assim se tem o contato com os microorganismos que adquirem a capacidade de conseguirem se desenvolver no nosso corpo. A segunda etapa do salto para se tornar uma epidemia é que não só o microorganismo tem que ser capaz de nos infectar mas tem que ser capaz de ser transmissível pelos seres humanos – afirmou Chies.

Outro exemplo clássico citado pelo pesquisador, como proveniente da interferência do ser humano na natureza, é o vírus do Ebola.

– Toda interferência tem consequências. Se eu entrar em uma floresta natural vou encontrar microorganismos que eu desconhecia. O ebola, por exemplo, que seria muito comum em um determinado ponto do planeta: ele consegue ser encontrado pelo ser humano, entra em contato com a população e daí tem a possibilidade de transmissão e disseminação.

Outro problema, aponta o pesquisador, é o uso excessivo de antibióticos ou drogas antivirais, inclusive no campo veterinário, o que favorece uma seleção de micro-organismos que se tornam resistentes. Protocolos de segurança na cadeia produtiva de alimentos de origem animal podem ajudar a diminuir os riscos ao manter os animais em ambientes livres de infecção e disseminação de vírus, com medidas de vigilância, controle, teste e eliminação dessas doenças não humanas.

*Com informações da Agência Brasil

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