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Ex-diretor da Abin confirma ter alertado GDias sobre atos do 8/1

Saulo da Cunha ainda disse que ex-ministro lhe ordenou que retirasse seu nome do relatório enviado ao Congresso

Thamirys Andrade - 01/08/2023 17h05 | atualizado em 01/08/2023 17h34

Saulo Moura da Cunha Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha confirmou que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula (PT), Gonçalves Dias, foi advertido previamente por meio do WhatsApp sobre um possível atentado em Brasília no dia 8 de janeiro. Também disse que o general lhe pediu que manipulasse o relatório sobre as notificações da Abin para que seu nome não constasse no documento enviado ao Congresso.

As declarações do ex-diretor da agência ocorreram nesta terça-feira (1°), em depoimento à CPMI do 8 de janeiro, instalada no Parlamento.

Responsável pela Abin durante os atos, Cunha afirmou que ele mesmo encaminhou os alertas sobre os atos de seu próprio telefone para o ex-ministro do GSI. Ele ainda contou que produziu os dois relatórios, um com o nome do ex-ministro, e outro sem, devido a uma ordem de GDias.

– [Eu] Fiz os dois relatórios. O primeiro numa planilha que continha os alertas encaminhados pela Abin a grupos e continha também os alertas encaminhados por mim pessoalmente, do meu telefone, ao ministro-chefe do GSI [GDias]. Entreguei essa planilha ao ministro, e ele determinou que fosse retirado o nome dele dali, porque não era o destinatário oficial daquelas mensagens. Que ali fosse mantido apenas as mensagens encaminhadas para os grupos de WhatsApp. Ele determinou que fosse feito, eu obedeci à ordem – disse Moura da Cunha.

O ex-diretor argumentou que não teve interesse algum em “esconder a informação”, caso contrário, sequer a teria apresentado a GDias.

– Cabe ao ministro decidir se encaminha ou não aquela informação. Da parte da Abin, não houve nenhuma iniciativa em esconder que o ministro recebeu informações. E ele recebeu essas informações de mim – salientou.

Em depoimento na última quinta-feira (22) à CPI do 8 de janeiro no Distrito Federal, GDias admitiu que houve manipulação de dados no relatório enviado ao Congresso Nacional.

– A Abin respondeu [a solicitação do Congresso] com um compilado de mensagens de aplicativo, em que tinha dia e tempo, na coluna do meio o acontecido e na última coluna a difusão. Esse documento tinha lá “ministro do GSI”. Eu não participei de nenhum grupo de WhatsApp, eu não sou o difusor daquele compilado de mensagens. Então, aquele documento não condizia com a realidade. Esse era um documento. Ele foi acertado e enviado – reconheceu.

Cunha deixou o cargo de diretor da Abin em março e passou a ocupar o cargo de Assessoria Especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos, dentro do GSI, no mês de abril. Ele pediu demissão no dia 1° de junho.

GDias, por sua vez, solicitou exoneração ainda no mês de abril, após imagens das câmeras de segurança do Planalto gravadas durante os ataques serem divulgadas e mostrarem membros do GSI, inclusive GDias, dentro da sede durante a invasão, em uma suposta ação colaborativa com os manifestantes.

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