Medidas contra o coronavírus são terrorismo social?

Primeira morte pelo vírus foi confirmada no estado de São Paulo

Pleno.News

Nesta terça-feira (17), a capital de São Paulo e o estado do Rio de Janeiro decretaram estado de emergência por causa do combate ao coronavírus. A primeira morte foi confirmada na cidade de São Paulo.

Aulas, rodízio de veículos e atividades do comércio foram suspensas; e frotas de transporte público e quadros de funcionários de empresas foram reduzidos. O estado de São Paulo é o mais afetado, com 152 dos 299 casos até agora confirmados.

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O governo federal se mantém voltado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para que esse possa atender a todos os infectados que devem chegar às unidades de saúde. O presidente Jair Bolsonaro sancionou uma portaria na última quarta-feira (11) determinando que casos suspeitos receberam isolamento, preferencialmente domiciliar.

O Ministério da Saúde oferece kits de testes, mas pede que eles só sejam usados em casos graves, pois não há insumos para todos. Já o Ministério da Economia anunciou uma injeção de R$ 147 bilhões para conter a doença.

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pede home office e fim de aglomerações Foto: José Cruz/Agência Brasil

MEDIDAS DRÁSTICAS SÃO COERENTES?
As medidas impostas pelos governos visam aumentar o isolamento social da população. O distanciamento entre as pessoas é tido como a principal forma de prevenção da doença. Dirigentes do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro querem diminuir a propagação para não sobrecarregar os hospitais.

O isolamento não é uma medida nova. Ela já foi imposta durante outras epidemias e pandemias graves, como a da Sars em 2003 e do vírus H1N1, em 2009. A medida de prevenção é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em casos de surtos, endemias, epidemias e pandemias diversas.

No caso do novo coronavírus, o Covid-19, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chegou a chamá-lo de “espinha da resposta”.

– Temos visto uma rápida escalda em medidas de distanciamento social, como fechamento de escolas, cancelamento de eventos esportivos e outras aglomerações, mas não temos visto uma urgência suficiente na escalada de testes, isolamento e contato de origem, que é a espinha da resposta à Covid-19 – aponta.

Além disso, a organização apontou que os países que tomaram medidas mais duras já no início do contágio, como Taiwan e Singapura, têm apresentado melhores resultados. O primeiro, por exemplo, tem 50 casos confirmados desde o início do surto. Ele ampliou o controle de fronteiras, realiza testes e entrevistas para confirmar casos suspeitos e proíbe o trabalho presencial quando esse é dispensável. Além disso, há multa alta para quem descumpre a quarentena.

EXAGEROS OU DESESPERO PODEM PROVOCAR DESCRÉDITO
Com as recomendações de órgãos oficiais unidas ao pouco conhecimento do novo vírus, parte da população pode entrar em histeria e exagerar nas medidas de segurança. O caso do DJ Diplo, por exemplo, tem chamado a atenção. Mesmo não infectado, ele decidiu se isolar em casa e ver seus filhos e avós apenas através de um vidro.

Fora dos comentários de sua rede social, Diplo foi amplamente criticado. Um brasileiro afirmou que ele procura “traumatizar o filho”. As medidas além das recomendações oficiais estimulam o sentimento de descrédito da doença, pois a prevenção parece desproporcional à ameaça.

Outro fator emocional que pode prejudicar o combate, segundo o diretor-geral da OMS, é a própria declaração de pandemia.

– Pandemia não é uma palavra para ser usada de maneira leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou. Assim, levando a sofrimento e morte desnecessários – afirmou na última quarta-feira (11).

HÁ INTERESSES ESCONDIDOS?
O Ministério da Saúde atua também no combate a notícias falsas sobre a pandemia do novo coronavírus. Algumas das desmentidas no portal oficial do governo declaram que o vírus foi criado em laboratório e seria uma ação de chineses.

– Não há nenhum registro científico indique que há inserções semelhantes ao vírus HIV no novo coronavírus e muito menos que o vírus foi criado em laboratório – afirma o órgão.

O QUE FAZER?
Mesmo assim, segundo as autoridades e especialistas, o fim das aglomerações e a quarentena de infectados são as medidas mais importantes. A médica infectologista Roberta Schiavon Nogueira recomenda também a lavagem das mãos como medida de prevenção principal, mas explica que o vírus é de grande propagação pelo ar e que alcança até dois metros de distância, além de poder ser transferido através de objetos.

– Por isso as recomendações de evitar aglomerações são muito importantes. A Itália demorou para tomar essas medidas e está sendo muito criticada. Então parabéns aos nossos governantes por essa resposta rápida – declarou.

As orientações oficiais são ficar em casa em caso de sintomas leves, sair de casa apenas em casos de necessidade, lavar bem e frequentemente as mãos com água e sabão, não tocar no rosto e evitar aglomerações.

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