Veja os escândalos em que o Twitter já se envolveu
Rede social já se negou a remover conteúdo com pornografia infantil
Pierre Borges - 10/03/2021 15h42 | atualizado em 10/03/2021 16h34
O Twitter é uma rede social criada em março de 2006, após o programador Jack Dorsey, que trabalhava em uma empresa chamada Odeo, focada na produção de podcasts, sugerir ao seu chefe, Evan Williams, a criação de uma plataforma de atualizações de status curtos, semelhante às mensagens de SMS.
Oficialmente, a rede social foi fundada por Dorsey, Williams e Biz Stone, que também trabalhavam na Odeo.
Dorsey foi o primeiro CEO da empresa e ainda ocupa esse cargo. No entanto, investidores pressionaram e conseguiram o afastamento dele em 2008. Jack passou então a ser apenas mais um dos acionistas da empresa.
Os investidores argumentavam que Jack era inadequado ao cargo e exigiam alguém que tornasse a rede social rentável. Entretanto, após administração instável de outros dois executivos que passaram pela empresa, Dorsey retornou ao cargo em 2015.
Não raramente, o Twitter se encontra envolvido em questões políticas. Em 2009, após a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad e protestos da população que duraram dias, a plataforma foi o principal veículo de comunicação utilizado pelo povo iraniano, pois o governo local havia proibido a cobertura dos acontecimentos pela mídia estrangeira, restringido a mídia local e interrompido os serviços de telefonia da principal operadora do país. Na ocasião, uma atualização da rede social, que a deixaria fora do ar por algumas horas, foi adiada em função do ocorrido.
Já nos Estados Unidos, a ferramenta também é envolvida em momentos de disputa eleitoral. Em 2016, foi alvo de grande parte da campanha tanto de Donald Trump quanto de Hillary Clinton. Entretanto, em 2020 estreou uma ferramenta de checagem de fatos em uma publicação de Trump, que apontava para fraudes no sistema de voto por correio.
Os usuários viam o tweet de Trump com um link logo abaixo, convidando-os a “conhecer os fatos sobre votação por correio” [tradução livre].
O link direcionava para duas matérias que desmentiam as acusações de Trump, uma da CNN e outra do Washington Post, ambos considerados veículos inimigos de Trump
O então presidente dos EUA, acusou a plataforma de “interferência eleitoral” e declarou que iria “regular fortemente ou fechar as redes sociais” antes de permitir que elas silenciem “vozes conservadoras”.
O mesmo aviso foi colocado pelo Twitter em postagens recomendando o uso de hidroxicloroquina no combate ao coronavírus. No entanto, não foi colocado em uma publicação de Nicolás Maduro que anunciava um medicamento com “gotas milagrosas” que curavam os sintomas da Covid.
Já nos momentos finais da campanha presidencial, o Twitter bloqueou uma matéria do jornal New Yourk Post, que apontava para uma ligação entre Hunter Biden, filho de Joe Biden, e uma figuras importantes de uma empresa ucraniana de gás. A justificativa de que as informações publicadas pelo jornal não poderiam ser verificadas não convenceu o senado, e, mesmo voltando atrás na decisão, Jack Dorsey foi intimado a dar explicações sobre o caso.
No entanto, não foi colocado em uma publicação de Nicolás Maduro que anunciava um medicamento com “gotas milagrosas” que curavam os sintomas da Covid
No início da audiência, o presidente do Comitê Judiciário, Lindsey Graham, questionou a razão de o Twitter (e o Facebook) ter controle editorial sobre o New York Post, se nenhuma das redes sociais são veículos jornalísticos.
Também em 2020, os acionistas da Elliott Management Co., principal investidora do Twitter, exigiu que Dorsey fosse novamente afastado do cargo de CEO. O pedido é baseado no argumento de que a rede social precisa de um presidente executivo focado nas suas necessidades, ao contrário de Dorsey, que também é CEO da Square.
O New York Post revelou que a rede social se recusou a apagar um post com pornografia infantil que foi denunciado pela própria vítima, pelo menos três vezes
A exigência fez as ações do Twitter subirem 7,7% na bolsa de Nova York, mas o executivo reverteu a situação adicionando duas novas empresas ao Conselho de Administração da companhia: A Silver Lake e a própria Elliot Management.
Já em 2021, o New York Post revelou que a rede social se recusou a apagar um post com pornografia infantil que foi denunciado pela própria vítima, pelo menos três vezes. A resposta foi de que nenhuma violação das políticas da rede foram encontradas; portanto, nenhuma ação seria tomada. Somente quando a mãe da vítima recebeu o suporte de um agente do Departamento de Segurança Interna é que os vídeos foram removidos da plataforma. Procurado pelo New York Post, a rede social se recusou a comentar o caso.
Atualmente, o Twitter conta com cerca de 316 milhões de usuários ativos, está disponível em 35 idiomas e possui escritório no Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
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