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Pesquisador da Covid critica o ‘teatro da higiene’ contra o vírus

Cientista afirmou que nem todas as medidas usadas contra o vírus são de fato eficazes

Gabriela Doria - 18/10/2021 18h57 | atualizado em 19/10/2021 11h48

Cientista criticou o chamado “teatro da higiene” Foto: Pixabay

O físico Vitor Mori, pesquisador da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, e membro do Observatório da Covid-19 BR, declarou que é preciso ter parcimônia ao adotar o “combo” de medidas de higiene que evitariam a contaminação por Covid-19, entre elas o uso de máscara, álcool gel, distanciamento social, desinfecção de compras de mercado e aferição de temperatura. É o que ficou conhecido como “teatro da higiene”.

Em entrevista ao jornal O Globo, Mori considerou que muitas das medidas alardeadas pela comunidade científica são, na verdade, pouco eficazes para combater o vírus. Isto porque a principal forma de transmissão do coronavírus é pelo ar, através de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar, além de aerossóis – ainda menores que as gotículas e que podem ficar suspensas no ar.

– De fato, ainda há um foco excessivo em torno de álcool em gel, tapetes sanitizantes, todo aquele teatro da higiene. Acho que dá para especular em cima de algumas hipóteses. A primeira é que isso foi muito difundido no começo da pandemia, justamente por ser uma novidade. Todo mundo assustado e preocupado. Isso foi muito reforçado. E aquela primeira impressão colou – explicou o especialista.

Ainda segundo o cientista, o excesso de medidas de higiene pode acabar prejudicando o combate ao vírus, uma vez que há um desperdício de energia em ações pouco eficazes e pouca dedicação àquelas que de fato evitam a disseminação do vírus.

– A quantidade de informações e de medidas de prevenção que as pessoas conseguem fazer no dia a dia é limitada. É muito mais importante que elas, primeiro, façam o que é mais eficaz e que, se elas conseguirem, façam os outros, mas sabendo que aquilo tem pouco impacto na transmissão. Por exemplo, em vez de gastar toda a sua energia passando álcool em gel nas compras quando você chega em casa, seria muito melhor que você usasse uma máscara PFF2 para ir ao mercado ou que preferisse ir à feira em local aberto. Acho que isso tira muito do peso, do cansaço e estresse constante que a gente está vivendo – avaliou.

Mori também defendeu o papel da imprensa em desfazer a mentalidade criada em março de 2020, quando a pandemia foi declarada.

– É importante que cientistas, divulgadores científicos e imprensa modulem o discurso e passem a entender a realidade das pessoas. Se a gente continuar num discurso de março de 2020 e falar “fica em casa”, isso entra por um ouvido e sai pelo outro. Com os números em queda — apesar de ainda estarem muito altos — e o avanço da vacinação, é claro que há um cenário otimista. Acho que dá, sim, para flexibilizar algumas coisas. É muito importante, agora, fazer um debate muito sério e sem moralismo sobre redução de danos e o que dá ou não para fazer – comentou.

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