Leia também:
X Expectativa de vida sobe para 76,3 anos entre os brasileiros

Pesquisa aponta que síndrome pode ser causadora de autismo

Estudo identificou que cerca de 12 mil casos no Brasil podem estar ligados a uma alteração rara

Paulo Moura - 02/12/2019 13h42 | atualizado em 02/12/2019 13h54

As crianças possuem dificuldade em socializar, mas não em aprender Foto: Reprodução

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) descobriu um novo fator que pode estar contribuindo para diversos casos de autismo no Brasil. A descoberta diz respeito a uma alteração no DNA que causa a síndrome Phelan-McDermid, característica que estaria presente em pelo menos 12 mil ocorrências de autismo no país.

Segundo a pedagoga Cláudia Spadoni, que é a representante brasileira da ONG americana Phelan McDermid Syndrome Foundation, a síndrome acontece em razão da desordem em um dos nossos 23 pares de cromossomos, estruturas das células onde o DNA fica guardado.

– São pessoas que não têm parte do cromossomo 22, mais especificamente numa região chamada 22q13. A alteração pode ser herdada dos familiares ou vir de uma mutação nova, que só aconteceu com aquele sujeito – explica.

A síndrome em si é definida como um transtorno que afeta a condição motora, intelectual e verbal, além de causar complicações nos rins e no aparelho gastrointestinal. Os primeiros sinais, que já aparecem em crianças com menos de 1 ano de idade, são dificuldades de segurar a cabeça, sentar sem apoio, engatinhar e andar. A fala e a interação também são afetadas.

Segundo a bióloga Maria Rita Passos Bueno, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, e que participou da pesquisa da universidade brasileira, o autismo nada mais é que um dos sintomas da síndrome. Em um estudo, Maria e seus colegas chegaram à conclusão de que 12 mil casos de autismo estão relacionados a síndrome.

ESTUDO

Para realizar a análise, os pesquisadores resolveram identificar quantas pessoas com transtornos do espectro autista possuem a síndrome Phelan-McDermid. Para isso, recorreram a dois levantamentos anteriores, que mapearam o DNA de 3.160 autistas. Como resultado, descobriram que em 0,6% dos voluntários a condição estava presente. Com o percentual aplicado ao total de autistas no país, cerca de 2 milhões, os pesquisadores chegaram ao número de 12 mil.

A pesquisa da USP também conseguiu reunir 34 pessoas com Phelan-McDermid para investigar a incidência da síndrome, em uma análise que foi feita pela primeira vez no país. O objetivo era compreender quais os sintomas se manifestavam nos humanos.

Com isso, os pesquisadores descobriram que os sinais mais frequentes da síndrome foram a alta tolerância a dor (80%), hipotonia (85%) e espaçamento de sobrancelhas (80%). A descoberta pode servir para encontrar um tratamento. Que atualmente se baseia em sessões de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional, além de remédios para lidar com eventuais manifestações físicas.

Além da organização que leva o nome da síndrome, uma outra instituição chamada CureSHANK foi criada nos Estados Unidos para incentivar o investimento em pesquisas de desenvolvimento de novas drogas para tratamento dos sintomas da Phelan-McDermid.

Leia também1 Sylvia Jane Crivella promove desfile de inclusão social
2 Marcos Mion faz homenagem emocionante ao filho Romeo
3 Diário Oficial publica lei que inclui autismo nos censos

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.