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Paciente com câncer fala de drama vivido na pandemia

Muitos aguardam tratamento, que foi afetado devido às demandas do combate ao novo coronavírus

Camille Dornelles - 20/05/2020 13h15

Ísis Luz enfrenta reincidência de um câncer e espera início do tratamento Foto: Reprodução

Pacientes com câncer estão em situação angustiante frente ao novo coronavírus. Por causa do redirecionamento das atenções e recursos para o enfrentamento da Covid-19 e preocupação com a exposição de pessoas com baixa imunidade, muitos agendamentos para consultas foram suspensos.

Aqueles que já fazem tratamento seguem normalmente com os procedimentos e acompanhamento. Mas a recomendação dada aos órgãos de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é adiar consultas e exames de casos muito leves e de rotina para evitar a exposição de pacientes oncológicos, que são imunodeprimidos.

Em contrapartida, pacientes que investigam casos de câncer enfrentam dificuldades, incerteza e ansiedade. É o caso de Ísis Luz, que faz acompanhamento no Instituto do Câncer (INCA). Ela conversou com o Pleno.News e falou sobre sua dificuldade.

– Eu tive um sangramento logo depois do carnaval, quando começou esse negócio de pandemia no Brasil, e já não estavam mais marcando novas consultas no INCA. Falavam sempre para eu esperar mais uma semana. Foi quando a minha mãe e a prima dela se comunicaram e essa prima conseguiu um telefone para eu ligar e fazer uma tomografia.

A paciente afirmou que se sente “entre a cruz e a espada”, pois o risco de iniciar o tratamento logo é estar exposta ao novo coronavírus num momento de baixa imunidade.

– Ela me disse que era para eu esperar e em junho retornariam o contato para recomeçar o tratamento que, dessa vez, será mais forte. Mas o INCA, em momento nenhum está me deixando sem atendimento, estão dando atenção sim, mas eu preciso ir atrás e insistir. É claro que eu fico preocupada, pois o câncer não espera. A doença pode aumentar ou se espalhar porque eu estou parada e sem tratamento. Me sinto entre a cruz e a espada: ou fico em casa com câncer ou me arrisco na rua com a possibilidade de pegar coronavírus e morrer com Covid – relatou.

PREOCUPAÇÃO DA FAMÍLIA
A mãe de Ísis, Sinolina Luz, acompanha todo o drama vivido pela filha e revelou ao portal que fica nervosa com a situação incerta.

– Estamos aguardando ainda a marcação da consulta. Minha filha já tinha enfrentado um câncer de útero e, então, a médica afirmou que ela precisaria retomar o tratamento, já que a doença voltou. Mas o contato com o oncologista não aconteceu ainda. Eu fico até nervosa em falar sobre isso. A médica pediu para que ela ficasse em casa no isolamento. Isso foi no fim de março. E a gente continua com a esperança de conseguir a marcação de uma consulta com o oncologista. Meu coração está quase saindo pela boca ao pensar que estamos em uma contagem regressiva para ela começar o tratamento, que nem é imediato após a consulta – detalha.

A mãe se mostrou muito preocupada com a demora do INCA em retomar o contato com a filha. Segundo ela, a médica afirmou que poderia esperar 60 dias até começar o tratamento, mas já se passaram 45 sem qualquer contato.

– Fechou tudo e os médicos estão receosos em fazer consultas novas como no caso da minha filha, o que deixa o meu coração de mãe muito abalado. Mas estou correndo atrás – declarou.

POSICIONAMENTO DO INCA
O Instituto do Câncer anunciou que todas as consultas de controle dos ambulatórios e novas consultas foram canceladas no fim de março e que pacientes em tratamento só podem levar um acompanhante por consulta (que não devem ser idosos).

– Os profissionais do Instituto indicam os procedimentos necessários para a manutenção da terapia, priorizando as idas aos hospitais apenas quando necessário – explica o órgão em comunicado.

A situação de Ísis se repete com vários outros pacientes. A recomendação médica é que pacientes que não estão enfrentando casos graves sejam poupados da exposição ao novo coronavírus. Mas a sensação de angústia e de incerteza prejudica ainda mais o emocional dessas pessoas que já têm que enfrentar uma doença complicada.

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