Janeiro Branco: Em 2020, busca por terapia à distância disparou
A telemedicina foi a principal aliada para manter o equilíbrio psicológico durante o isolamento social
Pierre Borges - 11/01/2021 16h17 | atualizado em 11/01/2021 16h31

A campanha “Janeiro Branco” foi criada ainda em 2014 por psicólogos de Minas Gerais e tem como principal objetivo mobilizar a sociedade para a conscientização, para o bem-estar e para a saúde mental no início deste ano de 2021, período propício para bons propósitos e mudanças.
O ano de 2020 evidenciou duas tendências durante a pandemia de Covid-19: a necessidade do cuidado com a saúde mental e a possibilidade de se fazer, de modo remoto, coisas que sempre foram feitas presencialmente, inclusive consultas médicas. A união desses dois fatores tornou a telemedicina uma ferramenta poderosa para que, durante os tempos mais difíceis, as pessoas tenham o apoio necessário de profissionais da saúde.
A plataforma de agendamento de consultas Doctoralia registrou, entre março e dezembro de 2020, cerca de 600 mil consultas por vídeo agendadas. Dessas, 120 mil foram com psicólogos e psiquiatras.
– No início da pandemia, o número de atendimentos diminuiu; mas, em seguida, começou a aumentar muito. Até tive meses em que não consegui dar conta de tanta demanda e tive que encaminhar [pacientes] – conta a psicóloga Luísa Negrão de Moura.
Atualmente, todos os atendimentos de Luísa são online, e, segundo ela, a única diferença entre o atendimento presencial e o online é a tela entre paciente e terapeuta.
– Mas, em termos de qualidade e dinâmica de atendimento, é exatamente a mesma coisa. Até com algumas vantagens de, por exemplo, o paciente estar no conforto da sua casa, não necessitar de deslocamento e [ter] liberdade para escolher profissionais de qualquer região – diz Luísa.
Esse aumento na procura por atendimento on line, segundo a psicóloga, teve como causa direta o isolamento social imposto pela Covid-19. Além da preocupação com a saúde como um todo, houve uma valorização, ou conscientização, sobre a saúde mental.
Em termos de qualidade e dinâmica de atendimento, é exatamente a mesma coisa
– [A pandemia] Ativou também nossos instintos de sobrevivência; então, o autocuidado também se tornou algo mais presente na vida das pessoas – pontua ela.
Durante a pandemia de Covid-19, as demandas comuns predominaram nos atendimentos, como as dificuldades de relacionamento, os conflitos familiares, os problemas com tristeza e ansiedade.
– Um ponto importante também a se ressaltar é que a pandemia trouxe mais fortemente o que a gente chama de “ansiedade de doença”, que nada mais é do que o medo de adoecer ou morrer – revela a psicóloga.
Sobre a perspectiva pós-pandemia, Luísa já começa a notar uma mudança de comportamento em seus pacientes.
– Agora eu vejo as pessoas mais adaptadas à nova realidade, tentando trazer planos pro futuro, falando mais sobre isso… Vejo um futuro com muito mais valorização da saúde mental, e a minha percepção é que a procura por psicoterapia só tende a aumentar – conclui.
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