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Wanjgarten culpa Min. da Saúde por “travar” negócio com a Pfizer

Ex-chefe da Secom disse que atuou nas negociações, mas que pasta federal travava acerto

Paulo Moura - 23/04/2021 13h48 | atualizado em 24/04/2021 08h09

Ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten Foto: PR/Alan Santos

O ex-secretário de Comunicação da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, culpou a equipe do Ministério da Saúde pelo acerto entre o laboratório Pfizer e o governo federal não ter sido fechado antes. Em entrevista concedida à Veja, o ex-comandante da Secom fez críticas à condução da pasta de Saúde sobre o tema, mas eximiu Bolsonaro de culpa.

– As negociações avançaram muito. Os diretores da Pfizer foram impecáveis. Se comprometeram a antecipar entregas, aumentar os volumes e toparam até mesmo reduzir o preço da unidade, que ficaria abaixo dos 10 dólares. Só para se ter uma ideia, Israel pagou 30 dólares para receber as vacinas primeiro. Infelizmente, as coisas travavam no Ministério da Saúde – relatou.

Wajngarten relatou que se envolveu nas negociações com a Pfizer, ainda em setembro de 2020, e disse que a falta de evolução na negociação atrasou o início da imunização no país, gerando mais mortes. Segundo ele, o ministério tinha um “time pequeno, tímido, sem experiência” diante de uma negociação milionária com uma grande empresa.

– Quando liguei para o CEO da Pfizer, eu estava no gabinete do presidente. Estávamos nós dois e o ministro Paulo Guedes, que conversou com o dirigente. Foi o primeiro contato entre a Pfizer e o alto escalão do governo. Guedes ouviu os argumentos da empresa e, depois, disse que “esse era o caminho”. Se o contrato com a Pfizer tivesse sido assinado em setembro, outubro, as primeiras doses da vacina teriam chegado no fim do ano passado – contou.

Para o ex-secretário, o presidente se preocupou com a crise sanitária nos vieses sanitário e econômico. Os principais entraves, segundo ele, seriam as três cláusulas já amplamente divulgadas, entre elas a isenção de responsabilização exigida pelo laboratório. Na entrevista, Wajngarten também eximiu Bolsonaro de qualquer culpa no acordo.

– O presidente Bolsonaro está totalmente eximido de qualquer responsabilidade nesse sentido. Se as coisas não aconteceram, não foi por culpa do Planalto. Ele era abastecido com informações erradas, não sei se por dolo, incompetência ou as duas coisas. Diziam que a pandemia estava em declínio – afirmou.

Wajngarten também conta que entrou em contato com representantes dos Três Poderes para tentar destravar as negociações e que foi alvo de notícias falsas dentro do ministério acerca do interesse para importar os imunizantes. O ex-chefe da Secom também rebateu críticas sobre a falta de publicidade do governo a respeito das vacinas.

– Antevi os riscos da falta de vacina e mobilizei com o aval do presidente vários setores da sociedade. Já me acusaram até de não ter feito campanha publicitária para divulgar a importância da vacina. Como eu ia fazer campanha de vacinação se não tinha vacina. Se fizesse, seria propaganda enganosa – finalizou.

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