SP: Hospitais Einstein e Sírio-Libanês reduzem salários
Unidades vem sofrendo com queda nas receitas, justificada pela redução de cirurgias
Pleno.News - 19/05/2020 09h05
Com 45% a menos de receita, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, cortou em 25% o salário e a jornada de trabalho de 33% dos seus 15 mil funcionários.
A decisão, que também atinge outros hospitais privados e filantrópicos do país, vale por três meses e está amparada pela Medida Provisória 936, que dispõe sobre o programa de manutenção de emprego e renda para enfrentamento da pandemia de Covid-19.
No Sírio-Libanês, com 8.300 funcionários, também houve redução de jornada de trabalho e de salários, remanejamento entre áreas e realocação de funções, segundo informou o hospital em nota, sem detalhar as medidas.
– Nosso hospital está engajado em superar esse desafio e a prestar a assistência necessária nesses momentos críticos – diz a nota.
No Einstein, os cortes atingem ainda duas unidades de atenção primária e de medicina diagnóstica, que foram desativadas e realocadas em outros serviços da instituição.
Segundo Sidney Klajner, presidente da instituição, ao mesmo tempo em que houve queda dos procedimentos de alta complexidade (por exemplo, cirurgias eletivas) o hospital investiu muito para se preparar para uma alta demanda de Covid-19, que também não aconteceu no setor privado.
– Graças a esse investimento, foi possível transferir o excesso para o setor público. Hoje o Einstein está com um terço da capacidade de UTIs de São Paulo – afirma o presidente.
Segundo ele, recursos extras de equipamentos, como respiradores, e de material de proteção individual foram repassados para um hospital referência da prefeitura em tratamento da Covid-19, o M’Boi Mirim, gerido pelo Einstein. São 514 leitos, dos quais cerca de 130 de UTI –podendo chegar a 234.
– A cada dia a gente abre 10, 20 leitos, conforme a demanda – explica.
O Einstein também investiu em novos leitos no Hospital de Campo Limpo, no Vila Santa Catarina, no hospital de campanha do Pacaembu e e em outro criado no próprio estacionamento do hospital, no Morumbi.
Klajner diz que, em razão da queda de receita e da diminuição da demanda em muitos setores, como nos consultórios, nos ambulatórios, na medicina diagnóstica e nos centros cirúrgicos, foi preciso reduzir a jornada e, consequentemente, os salários. O pessoal da enfermagem foi o mais afetado pela medida.
Um enfermeiro que prefere não ser identificado diz que todos os profissionais foram pegos de surpresa com o corte de salário. Ele ganha R$ 5.783 mensais.
– Ficamos sem opção. Ou concordávamos com a redução ou seríamos dispensados. Tenho despesas fixas, boletos, financiamento habitacional. Está muito complicado lidar com isso tudo. Com medo do contágio e agora medo das dificuldades que vêm pela frente. Jamais passou minha cabeça passar por isso – afirmou.
De acordo com Klajner, a parte do pessoal de enfermagem, de médicos, de fisioterapeutas, de nutricionistas, entre outros profissionais que pôde ser deslocada para áreas hospitalares públicas sob gestão do Einstein o foi, sem redução de salário.
Segundo ele, o hospital já colocou em prática um plano de retomada dos atendimentos, com separação de setores Covid-19 e não-Covid-19. Antes da pandemia, o Einstein fazia até 140 cirurgias por dia. Agora, não chegou ainda à metade desse número.
*Folhapress
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