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Secretário sabia da compra de anestesia em vez de respirador

Superintendente do Iabas afirmou que Edmar Santos autorizou aquisição de itens que custaram 500% acima do normal

Paulo Moura - 30/06/2020 12h31

Ex-secretário de Saúde Edmar Santos Foto: Governo do Estado do Rio de Janeiro/Eliane Carvalho

O superintendente do Iabas, Hélcio Watanabe, afirmou durante depoimento para a Comissão Especial de Fiscalização dos Gastos ao Combate do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), na segunda-feira (29), que a compra de carrinhos de anestesia no lugar de respiradores foi autorizada pelo ex-secretário de Saúde, Edmar Santos.

– Isso passou por validações técnicas, antes da efetiva compra. Vale também ressaltar que o carrinho de anestesia funciona como respirador, segundo a Associação Médica Brasileira (AMB). E muitas instituições validam o uso desse instrumento como ventilador no período de Covid. Depois que passar o período da Covid esses aparelhos poderão ser utilizados em outros hospitais – disse.

O equipamento, de modelo AX-400, custou cerca de 500% mais caro do que o comprado pelo Ministério da Saúde há dois meses. Além do preço mais alto, o item que é classificado pela Anvisa como “carrinho de anestesia” não é o ideal para o momento de pandemia.

O Iabas foi o escolhido pelo governo do Rio para gerir e construir sete hospitais de campanha em todo o estado. Apesar da promessa das unidades serem entregues até o dia 30 de abril, somente parte do hospital do Maracanã e de São Gonçalo foram entregues. O último foi concluído apenas após a secretaria de Saúde romper o contrato com a Organização Social.

No depoimento, o superintendente também se esquivou de algumas respostas e declarou que, por exemplo, não havia data de entrega dos hospitais de campanha, mas que a instituição se comprometeu a entregar os locais “o mais cedo possível”.

— O repasse inicial foi muito inferior a necessidade para construção das sete unidades. No contrato inicial não havia uma previsão de data de entrega, mas havia um comprometimento de conseguir entregar o mais cedo o possível — disse.

Watanabe também tentou justificar os atrasos em razão das mudanças pedidas pela Secretaria, mas não deu uma previsão. Ele ainda chegou a afirmar que seis unidades estão prontas desde o dia 2 de junho, fato desmentido por um relatório da própria Alerj.

— Todo mundo pensa no hospital de campanha com tendas, macas e soro. O que foi feito foram mais de 40 mudanças no projeto. A primeira solicitação era a campanha de 200 leitos para ter 40 UTIs, mas se passou para o dia 30 abril para o dobro de unidades de Terapia Intensiva. Isso impacta nos projetos de construção, contratação e equipamentos. Tudo que a gente tentava comprar ou não tinha ou era preciso pagar à vista ou antecipado — completou.

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