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Médico exige ser revacinado, mas especialistas refutam teoria

Médico reclamou que contagem de anticorpos em exame seria baixa após vacina, mas especialistas dizem que método não é eficaz para medir proteção

Paulo Moura - 16/07/2021 14h25 | atualizado em 16/07/2021 15h10

Médico exigiu que fosse revacinado, mas especialistas negam que a teoria seja válida Foto: Reprodução

Um médico e ex-vereador da cidade de Divinópolis, em Minas Gerais, tem causado polêmica nas redes sociais após publicar um vídeo no qual exige ser revacinado contra a Covid-19. A justificativa de Delano Santiago, conhecido como Dr. Delano, seria um exame no qual, segundo ele, consta uma baixa quantidade de anticorpos após a imunização. A teoria, porém, é refutada por especialistas.

– Não adquiri anticorpos. 10% de resultado, quando deveria ter dado acima de 20 ou 50%. Estou exigindo uma nova vacinação por direito; estou no grupo de frente atendendo [infectados por] coronavírus – diz ele.

Após a repercussão do vídeo, a Prefeitura de Divinópolis e especialistas da área se posicionaram a respeito das declarações do profissional. O município informou que notas técnicas da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e da Anvisa já indicaram que a resposta imunológica da vacina não está ligada apenas aos anticorpos neutralizantes, detectáveis nos exames feitos pelo médico.

– Aliada à resposta imune específica, contamos também com a imunidade inata, mais um mecanismo de proteção contra infecções. Nesse sentido, a complexidade que envolve a proteção contra a doença torna desaconselhável a dosagem de anticorpos neutralizantes com o intuito de se estabelecer um correlato de proteção clínica – disse a Prefeitura, ao reproduzir o posicionamento da SBIm.

Especialistas sobre o tema também repercutiram as declarações feitas por Delano. A infectologista Rosângela Guedes, ex-membro da Comissão de Enfrentamento à COVID-19 de Divinópolis, seguiu a mesma linha adotada por Anvisa e SBIm.

– Nossa resposta imunológica é bastante complexa. Não se resume apenas à presença de anticorpos. Existe um mecanismo de resposta celular que não podemos mensurar – afirmou.

O professor de imunologia da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Rafael Gonçalves Neto, ressaltou que, além da Sociedade Brasileira de Imunologia, a Organização Municipal de Saúde (OMS), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (EUA) não aconselham a utilizar testes sorológicos para detecção da proteção contra o coronavírus.

– Os testes utilizados para detectar os anticorpos normalmente não têm eficácia muito alta. Então o indivíduo que às vezes tem exame negativo após a vacinação pode acreditar que a vacina não funcionou, assim como um indivíduo que tenha a concentração elevada desses anticorpos neutralizantes pode acreditar que está totalmente protegido contra a doença, e isso pode não ser a realidade – finalizou.

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