Médico convidado por Queiroga para protocolo é anticloroquina
Pneumologista Carlos Carvalho foi convidado para participar de um grupo sobre protocolos de combate ao coronavírus
Paulo Moura - 25/03/2021 10h21 | atualizado em 25/03/2021 10h41
Escolhido pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para participar de um grupo sobre protocolos de combate à Covid-19, o pneumologista Carlos Carvalho, professor da USP, é um dos maiores críticos da utilização da cloroquina, remédio defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, no tratamento da doença.
Desde o início da pandemia, Carvalho tem afirmado que não há comprovação de eficácia do medicamento. Queiroga, por sua vez, pediu os protocolos usados no Hospital das Clínicas e no InCor, onde Carlos trabalha, para levar a todo Brasil. O nome do professor da USP foi anunciado por Queiroga durante entrevista à imprensa na quarta-feira (24).
– Nós constituímos, na secretaria especial de combate à pandemia, um núcleo técnico que vai ser coordenado pelo professor Carlos Carvalho, titular da Universidade de São Paulo, que vai coordenar os protocolos assistenciais da Covid-19. Por exemplo, quando é que um paciente precisa ser internado? Quando precisa de reposição de oxigênio? – afirmou Queiroga.
Em abril de 2020, durante uma entrevista à rede BBC News Brasil, Carvalho comparou a eficácia da cloroquina contra Covid-19 à da Novalgina e disse que “informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população”.
– Alguns prefeitos distribuíram saquinho com o “kit Covid”. As pessoas mais crédulas achavam que, tomando aquilo, não iam pegar Covid nunca e demoravam a procurar assistência quando ficavam doentes – afirmou ele na mesma entrevista.
Procurado pela coluna Painel do jornal Folha de São Paulo, o médico afirmou que, embora tenha tido seu nome anunciado pelo ministro, ele não vai ter um cargo específico.
– Me comprometi a ajudar nesse momento crítico. Não farei parte de ministério. Coordeno a teleUTI do InCor HCFMUSP [Hospital da Faculdade de Medicina da USP], tendo realizado mais de 7.000 atendimentos em diferentes hospitais públicos do estado de SP. Nesse sentido, capacitação de equipes e teleconsultoria, disse que poderia contribuir – declarou.
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