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Histórias mostram angústia e alívio de pessoas que passaram pela doença

Camille Dornelles - 21/05/2020 15h41 | atualizado em 10/07/2020 12h27

Idevaldo Ribeiro após se recuperar da doença Foto: Reprodução

No Brasil, segundo dados do Instituto John Hopkins, já são 116.683 pacientes curados da Covid-19. São 116.683 histórias de superação, 116.683 olhares diferentes sobre a doença, 116.683 experiências.

O Pleno.News procurou estas histórias para mostrar o que as pessoas infectadas com o novo coronavírus passam em diversas partes do país. Confira algumas destas histórias abaixo.

“FOI GRAÇAS A DEUS”
O morador de Niterói, Rio de Janeiro, Idevaldo Ribeiro, relatou que foi apenas, graças a Deus, e a um amigo colega de trabalho, chamado Renato, que pode se recuperar. Ele começou a sentir os sintomas no dia 17 de abril e foi ficando muito mal, chegando a entrar no respirador.

– Dor no corpo, dor de cabeça, febre, tossindo sem parar, muita falta de ar… Aí fui para a rede pública, não consegui nada. Eu tinha um plano de saúde da firma, mas só tenho seis meses de plano e então achava que não tinha direito. Mas meu amigo Renato me levou no Hospital de Icaraí, onde me trataram muito bem. Fiquei nove dias lá me recuperando, de 21 a 30 de abril, porque já cheguei lá muito mal mesmo – conta.

“FIQUEI IMAGINANDO COMO SERIA DIFÍCIL PARA A MINHA FAMÍLIA”
A designer Amanda Leite mora na cidade de São Paulo. Ela passou 40 dias com sintomas leves, como tosse e coriza e mesmo assim decidiu tomar antibióticos para tentar tratar a doença.

O medo de ter sido infectada pela Covid-19 a fez imediatamente pensar em sua família.

– Eu tive quase todos os sintomas e 25 dias depois dos primeiros sintomas eu ainda estava com a febre baixa, a tosse chata e a dor de cabeça constante. Começamos a conversar aqui em casa sobre as mortes e familiares… Sobre esse momento. Me comove muito a perda de gente próxima a mim, e comecei a ver amigos meus perdendo parentes – conta.

Com isso, nasceu o site Memorial Vinte Vinte e ela passou então a ver como era significativo seu trabalho pelo reconhecimento de casos como os dela.

– A gente precisa tentar se ajudar. Sentir e demonstrar mais amor e empatia. O mundo vai se ajustar. Tudo vai passar. Mas muita gente vivera um luto eterno, seja pelos óbitos, pelo fechamento de seus sonhos e negócios, pela falência, etc – anunciou.

“ALGO BOM HÁ DE VIR DESSA COISA TODA”
A designer recuperada trabalha em um espaço de colaboração de arte que está fechado desde meados de março. Ela revela que chora quando visita o espaço vazio, mas que busca se encher de esperança.

– Acho que é a primeira vez em muitos anos que eu realmente não sei o que fazer e nem vejo um caminho sólido com opções cabíveis. E aí eu tento só entregar e confiar. Afinal, algo bom há de vir dessa coisa toda – espera.

“A DOENÇA TE TRAZ UMA SENSAÇÃO DE INCERTEZA”
O jovem André Barreto, carioca, de 27 anos, é residente do Hospital Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, e teve que enfrentar a doença que pegou no ambiente hospitalar. Ele revelou ao Pleno.News que não foi o único da equipe que foi infectado e que a preocupação com os pacientes foi muito grande durante todo o tempo que precisou ficar afastado para se recuperar.

– Eu comecei a sentir os primeiros sintomas num dia de trabalho, lá no hospital mesmo, e então minha equipe pediu para eu ir para casa mais cedo. Sentia alguns sintomas leves, como dor no corpo, febre e muitos espirros. Eu fiz o teste e, depois que deu positivo, fiquei quase 20 dias dentro de casa de quarentena. Neste período tomei alguns remédios para dor, cloroquina e antibiótico, mas acredito que eu me recuperaria mesmo sem tomar a cloroquina, porque graças a Deus minha infecção foi leve. Mas a doença te traz uma sensação de incerteza, não sabe quando vai melhorar e nem como ela vai agir no seu corpo – relatou.

Ele falou também sobre seu estado emocional. O período de recuperação, como afirmou, não foi grave, mas o fato de ser um profissional da saúde que não pode atuar na pandemia o abalou.

– Além da preocupação rotineira do meu trabalho, passou a existir uma preocupação do contágio e com o bem-estar pessoal meu, da minha família e dos meus colegas. O médico trabalha agora muito mais abalado psicologicamente. Nós, profissionais, temos sofrido com essa pandemia, provavelmente mais do que a população geral. Recebi muitas mensagens de amigos e colegas me perguntando como eu estou, se o pior já passou e como está a minha família – desabafou.

“MUITA GRATIDÃO PELO QUE FIZERAM POR MIM”
A enfermeira Kátia Simone Cruz Azevedo trabalha há 22 anos no Hospital Edmundo Vasconcelos e também foi infectada no ambiente hospitalar. Ela fez o teste e teve que se afastar do serviço e chegou a ficar internada, mas viu a dedicação dos colegas.

– Foi um momento complicado, mas sempre me mantive confiante. Neste período percebi o quanto os meus colegas de trabalho se empenham em oferecer apoio médico e emocional para amenizar a distância da família e dos amigos, algo absolutamente necessário – conta.

Depois de oito dias de isolamento, ela foi curada e pode voltar às atividades.

– No dia da alta, eu olhei todos e senti muita gratidão pelo que fizeram por mim e por outras pessoas. Compreendi a importância do nosso trabalho – relatou.

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