Dimas Covas diz que governo tenta ‘descredenciar’ CoronaVac
Diretor do Instituto Butantan defendeu que o imunizante possui um "desempenho excelente"
Thamirys Andrade - 06/07/2021 13h48 | atualizado em 06/07/2021 16h57

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que há uma “campanha de desinformação contra a CoronaVac” e defendeu que o imunizante possui um “desempenho excelente”.
De acordo com o pesquisador, a tentativa de “descredenciar a vacina” vem de “autoridades federais, principalmente relacionadas ao Poder Executivo, mas também à Saúde”.
– Vez por outra, o “mandante-mor” do Brasil fala alguma coisa. Obviamente há uma legião de comandados que obedecem cegamente – declarou Covas em entrevista ao Estadão.
O médico disse que a CoronaVac possui “segurança, eficácia e eficiência” e especulou sobre possíveis motivos que levam parte dos brasileiros a escolher vacina nos postos.
– O critério para aprovação das vacinas é o mesmo. Uma vez aprovada, significa que [ela] demonstrou que tem segurança e eficácia. Agora, por que o indivíduo quer a da Pfizer? Por que não quer a do Butantan e [a] da AstraZeneca? Por que é americana? Não sei. Mas, sem dúvida, a colaboração enorme que aconteceu aqui foi a tentativa de desconstrução da vacina do Butantan feita pelas autoridades federais. Foi um movimento sistemático.
Com base em estudos em andamento, Dimas descartou a necessidade de dose de reforço este ano e afirmou acreditar que a proteção da vacina deva durar cerca de oito meses.
– A partir disso é possível, não quer dizer que vá acontecer, que haja a necessidade de um reforço, de um “booster” vacinal. E há também estudos para saber se o “booster” pode ser com qualquer vacina – previu.
Quando questionado se há alguma possibilidade de a CoronaVac ter uma eficácia menor do que a apontada anteriormente, Covas declarou:
– A eficácia depende do desenho do estudo clínico. Eficácias entre estudos diferentes não são comparáveis. É diferente fazer estudo clínico em profissionais de saúde e entre a população em geral. De qualquer maneira, alguns desses estudos apresentam a eficácia secundária, que é o que importa para uma vacinação, a proteção contra os casos sintomáticos. São pouquíssimas as que protegem contra a infecção. São as com efeito neutralizante.
O pesquisador prosseguiu mencionando dados sobre o desempenho do imunizante no Brasil.
– No estudo inicial, a proteção contra casos leves foi de 83% e contra casos graves e moderados [foi] de 100%. Recentemente fizemos [um] estudo em Serrana, esse [foi] um estudo de eficiência, com mais de 95% da população adulta vacinada. Proteção contra sintomas: 80%; contra internação: 86%; e contra óbitos: 95%. Um desempenho excelente! Isso vem corroborando com dados de estudos de eficiência não controlados e a queda dos óbitos na população com mais de 60 anos majoritariamente vacinada com a CoronaVac.
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