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Covid: Eficácia das vacinas será atingida apenas com a 2ª dose

Especialistas reforçam a importância do prazo das doses ser respeitado

Monique Mello - 27/01/2021 14h23 | atualizado em 27/01/2021 18h10

É importante que as duas doses da vacina contra a Covid-19 sejam tomadas no prazo Foto: Freepik

Em todo o mundo, dez vacinas foram aprovadas para uso definitivo ou emergencial. No Brasil, as vacinas aprovadas pelo Governo Federal são a Coronavac, fabricada na China, e a da Universidade de Oxford feita com o laboratório AstraZeneca. É importante lembrar que ambas as vacinas aprovadas precisam de duas doses para a eficácia aferida.

O Governo Federal assumiu a responsabilidade de fornecimento da vacina pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a todos os brasileiros, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Há um interesse, por parte das clínicas particulares, na compra de doses de outras vacinas que não estão sendo consideradas pelo Governo federal, com base na premissa de que não estariam tirando o direito de nenhum brasileiro se vacinar pelo SUS, mas ofereceriam o benefício ao disponibilizarem mais doses e reduzirem os custos do governo.

Até o momento, não há qualquer autorização para essa compra, tampouco pedidos para aprovação e registro de outras vacinas. O mais provável é que, neste primeiro momento, haja exclusividade do governo federal, que comprará e regulamentará a aplicação das doses de acordo com o seu plano de imunização.

O Ministério da Saúde vai aplicar as duas doses no prazo indicado pelos fabricantes, uma decisão que os especialistas consideram acertada já que os estudos mostram que, dessa forma, é possível atingir a eficácia máxima das vacinas.

A professora Camila Ramos, parasitóloga da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), salienta a importância das vacinas, já que elas permitem que o nosso sistema imune esteja preparado para combater o patógeno que está no ambiente.

– Há um efeito individual, pois, ao tomar uma vacina, o indivíduo estimula uma resposta imune de memória que será capaz de eliminar o patógeno completamente ou, ao menos, reduzir a carga infecciosa (quantidade de patógeno que inicia a infecção), de modo a tornar o quadro clínico assintomático ou brando. No entanto, o mais importante é o efeito comunitário da vacina, que só é alcançado quando a comunidade está vacinada – explica ao Pleno.News.

A especialista exemplifica:

– Imagine que, em uma sala com 50 pessoas, há três indivíduos que, por algum motivo, não puderam se vacinar. Se considerarmos que os demais estão protegidos, caso qualquer um desses 47 entre em contato com o patógeno, eles o destruirão rapidamente e impedirão a transmissão dele aos demais indivíduos – [sendo] assim, mesmo aqueles três que não puderam se vacinar, conseguem diminuir muito a chance de “encontrarem” o patógeno no ambiente. Quando a maior parte da população está vacinada e protegida, o indivíduo torna-se barreira para a expansão do patógeno no ambiente.

O Governo Federal instituiu a vacinação em quatro fases. Sendo a primeira prioritária para profissionais da saúde, pessoas com mais de 75 anos, idosos em asilos e população indígena. Na segunda, idosos de 60 a 74 anos. Na terceira, pessoas com comorbidades, condições médicas que também favorecem um agravamento do quadro da Covid-19, dentre elas doenças crônicas. E, na última fase, professores, forças de segurança, trabalhadores do sistema prisional e pessoas privadas de liberdade.

A parasitologista afirma que, ao tomar a vacina, o paciente não corre risco de se contaminar com o Coronavírus.

– No caso da Coronavac, o vírus foi inativado, ou seja, perdeu as características necessárias para infectar células. Já no caso da vacina de Oxford, o vírus vetor que é utilizado (Adenovírus) é um vírus de chipanzé que não causa doença no ser humano, [vírus] que foi modificado para ter a capacidade de produzir a proteína SPIKE (S) do SARS-CoV-2, a qual é imunogênico e responsável pela produção de anticorpos neutralizantes (aqueles que impedem a entrada do vírus em nossas células) – diz Camila.

Camila Ramos comenta que há vantagens e desvantagens sobre as duas vacinas aprovadas até o momento.

– Acredito que, no momento em que estamos mais uma vez vivenciando aumento no número de internações e óbitos, a melhor vacina é aquela que pode, no menor prazo, reduzir esses índices. Dentre as duas opções que temos, ambas apresentaram eficácia acima de 50%. No entanto, a Coronavac é a única disponível no momento, sem qualquer registro de caso grave ou óbito no período. Vale ressaltar que o público-alvo do estudo do Butantan foi exclusivamente profissionais da saúde, muito expostos – conta a especialista.

A melhor vacina é aquela que pode, no menor prazo, reduzir os índices de internações e óbitos

– A vacina de Oxford/ AstraZeneca, além de apresentar uma eficácia superior (em média 70%), devido a “falhas” no protocolo, percebeu que um protocolo com a primeira dose baixa (meia dose) e a segunda dose padrão, e um intervalo de 12 semanas entre as duas doses, foram mais eficientes na redução do risco de infecção. […] Se esses resultados de fato não sofreram influências da faixa etária dos participantes, ou mesmo diminuição do risco devido à redução da incidência no período (entre julho e outubro), estes dados dariam uma boa vantagem a ela, já que permitiram vacinar um número maior de pessoas (dose reduzida) e ofereceria mais tempo para produção, até o momento da segunda dose.

A professora da UPM finaliza dizendo que vale ressaltar que indivíduos com mais de 65 anos, em ambos os estudos, representavam menos de 5% dos participantes.

– É possível que, quando as análises de subgrupos forem concluídas, tenhamos uma indicação por uma ou outra vacina para essa população.

 

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