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Artigo é questionado por dizer que lockdown não funciona

Texto de pesquisadores da UFRGS é alvo de questionamentos

Pleno.News - 13/04/2021 22h01 | atualizado em 14/04/2021 10h11

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Artigo diz que lockdown não funciona e cientistas pedem revisão Foto: Pixabay

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) publicaram um artigo na revista Scientific Reports, do grupo Nature. O texto afirma que o lockdown não diminuiu o número de mortes por Covid-19 em vários países do mundo.

Ao avaliar a relação entre isolamento social, medida pelo índice de mobilidade do Google, e o número de óbitos por Covid-19, a pesquisa não encontrou uma diferença significativa.

Os dados do estudo foram coletados de fevereiro a agosto de 2020 em 87 locais diferentes, considerando 51 países, 27 estados e seis capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza, Manaus e Belo Horizonte. Os pesquisadores também pegaram informações de três grandes cidades de outros países: Berlim (Alemanha), Nova Iorque (Estados Unidos) e Tóquio (Japão).

Nas áreas avaliadas, a associação entre isolamento social e redução de óbitos não se mostrou significativa para mais de 98% delas. E em apenas 63 (1,6%) amostras do total de 3.741 combinações foi encontrada uma diferença significativa.

Outros estudiosos, que tiveram acesso ao texto, refizeram os cálculos e enviaram comentários para a Scientific Reports, que aguarda a tréplica dos autores.

O pesquisador do departamento de economia da Universidade da Califórnia, em San Diego, Carlos Góes, escreveu uma resposta ao estudo. Ele apontou um um erro matemático.

– O cálculo feito é uma média ponderada entre as duas cidades, ou seja, para cada região foi calculada a associação entre ficar em casa e número de mortes com pesos diferentes [por ter ou não lockdown], e não uma diferença. Pode ser que você tenha uma cidade com correlação positiva e negativa em outra — na média, a diferença é zero – disse Góes.

Gideon Meyerowitz-Katz, epidemiologista da Universidade de Wollongong (Austrália), autor da primeira revisão do estudo, disse que os dados dos pesquisadores da UFRGS são limitados.

– Os dados são por definição limitados. Como foram inseridos apenas dados de áreas residenciais do Google, e as pessoas normalmente passam de 12 a 16 horas em casa, os autores alegam que não encontraram um benefício em ficar em casa, mas nós achamos que eles não teriam encontrado mesmo quando há benefício devido aos dados utilizados.

Segundo a Folha de S.Paulo, o professor do Instituto de Biociências da USP e membro do Observatório Covid-19 BR, Paulo Inácio Prado, disse que os dados da pesquisa não sustentam a conclusão encontrada. Para ele, “o artigo comete um erro comum, que é usar a incapacidade dos autores em encontrar provas como se fosse uma prova contra o isolamento”.

Ricardo Savaris, primeiro autor do artigo, disse à Folha que sua pesquisa não conseguiu relacionar a política de ficar em casa à redução de mortes por Covid-19.

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