Leia também:
X Biden anuncia restrições para viajantes vindos da África do Sul

Autodestruição? Variante ‘some’ no Japão e intriga cientistas

Queda na curva de contágio impressiona quando comparada a nações com índice de vacinação semelhante

Thamirys Andrade - 26/11/2021 17h38 | atualizado em 26/11/2021 18h40

coronavirus covid-19-5009609_1280
Sars-CoV-2 Foto: Pixabay

A queda na curva de contágio observada no Japão tem intrigado pesquisadores da Covid-19. O país, que chegou a registrar mais de 20 mil casos diários durante a quinta e maior onda da doença em agosto, hoje registra pouco mais de 100 novas infecções por dia. A diminuição impressiona quando comparada a outras nações com índice de vacinação semelhante, e há pesquisadores levantando a hipótese de “autodestruição” da variante Delta no país.

Hoje, com 75% da população imunizada, o Japão tem transportes e estabelecimentos comerciais cheios, mas ainda preza pelo uso de máscaras. O país foi atingido pela alta transmissibilidade da cepa Delta em meados do ano, mas atualmente vive um cenário bem diferente.

– A variante Delta no Japão era altamente contagiosa e, com o tempo, substituiu outras cepas. À medida que as mutações se acumularam, contudo, acreditamos que o vírus tenha se tornado defeituoso, incapaz de se replicar. Considerando que os casos não aumentaram, acreditamos que, em algum momento durante essas mutações, o vírus se encaminhou para sua extinção natural – ponderou o geneticista Ituro Inoue, do Instituto Nacional de Genética do Japão, em entrevista ao jornal The Japan Times.

Para José Manuel Bautista, professor de bioquímica e biologia molecular da Universidade Complutense de Madri, embora a queda repentina no Japão certamente esteja relacionada à vacinação em massa e a cuidados sanitários, a curva de contágio impressiona.

– O normal é que diminua aos poucos, porque os infectados geralmente são diagnosticados dias depois [do início da infecção]. Mas a queda de casos [no Japão] é dramática e indica que a teoria da autodestruição é possível – assinalou.

IMUNIDADE ASIÁTICA?
Segundo o virologista Julian Tang, da Universidade de Leicester, disse à BBC Mundo, algum fator na imunidade da população japonesa pode explicar em parte a redução de casos.

– É uma questão de aptidão viral [capacidade do vírus de se replicar em um determinado ambiente]. Talvez haja algo na imunidade da população japonesa que mudou a forma como o vírus se comporta lá. O tempo dirá se isso acontecerá em outro país também – ponderou Tang.

Estudos apontam que, na Ásia, observa-se maior incidência da enzima de defesa APOBEC3A, responsável por atacar diferentes vírus, incluindo o da Covid-19.

Uma pesquisa do Instituto Nacional de Genética e da Universidade Niigata se debruçou a estudar a eficácia da enzima contra amostras colhidas das variantes Delta e Alfa no Japão, entre junho e julho. O resultado foi que o desenvolvimento de novas mutações pareceu cessar de forma abrupta, devido a alterações genéticas que impediam a replicação do vírus.

Apesar da hipótese esperançosa, os pesquisadores ainda evitam fazer previsões acerca do futuro do vírus, pois ele segue se mostrando imprevisível e continua sendo grande motivo de preocupação pelo mundo todo.

Leia também1 Ministério da Saúde emite 'alerta de risco' para a nova variante
2 OMS chama nova variante do coronavírus de Ômicron
3 Governo deve fechar fronteiras aéreas com 6 países da África
4 Anvisa recomenda restrições de voo diante de nova variante
5 Variante do Sul da África é a mais preocupante, diz médica britânica

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.