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Veja como famosos e anônimos venceram vício em pornografia

Hugh Grant, Robert Downey Jr e Terry Crews estão entre os famosos que optaram por abandonar o consumo de pornografia

Pierre Borges - 01/02/2021 15h04 | atualizado em 02/02/2021 10h36

O casamento de Terry Crews quase acabou por causa da pornografia Foto: Reprodução

O vício em pornografia e masturbação é um problema cada vez mais presente na vida das pessoas. Em 2018, a empresa Quantas, especializada em pesquisas e consumo de mercado, concluiu que 22 milhões de brasileiros já assumiam consumir este tipo de conteúdo.

Mas é importante considerar que esta é uma situação em que muitos preferem esconder o hábito. Não obstante, os malefícios do vício têm sido discutidos e explorados de forma crescente nas esferas sociais e até no mundo dos famosos.

Terry Crew começava a assistir pornografia durante o dia e só parava à noite

Em 2016, o ator Terry Crews, famoso pelos personagens Latrell, de As Branquelas, e Julius, da série Todo Mundo Odeia o Chris, postou uma série de vídeos nas redes sociais, onde confessou ter sido viciado em pornografia desde os 12 anos.

Na série, dividida em sete vídeos, ele disse que começava a assistir à pornografia durante o dia e só parava à noite. Terry afirmou que o vício quase destruiu seu casamento com a atriz e cantora gospel Rebecca King-Crews.

O primeiro vídeo da série recebeu mais de 4 milhões de visualizações no Facebook e muitos comentários de pessoas que se identificavam com a história de Terry e que também queriam abandonar a prática, mas não conseguiam, o que evidenciou a urgência do tema.

Davi do Nascimento, morador de São Paulo, tem 28 anos e foi viciado em pornografia durante 14 anos. Ele confessa que o vício foi bastante destrutivo em sua vida.

– Minha mente se cauterizou completamente, e eu já não conseguia pensar em nada sem sexualizar as coisas e pessoas ao redor. Quando você está nisso […] você não consegue mais aproveitar as coisas simples da vida, como um passeio na praça com a família, ver um filme no cinema, estudar um bom livro… Nada! Você não consegue nem raciocinar questões básicas do dia a dia, pois tudo é sexo… É horrível! – desabafa Davi.

Ao contrário do que pensa o senso comum, muitas mulheres também consomem conteúdo pornográfico e são tão suscetíveis a desenvolver o vício quanto os homens. Mônica Pereira Cagliari tem 27 anos e, assim como Davi, relata a dificuldade em assumir que a prática, aparentemente normal, é na verdade um vício.

Eu já não conseguia pensar em nada sem sexualizar as coisas e pessoas ao redor

– O pior, pra mim, foi quando eu tive a consciência de que isso era um vício e que isso me dominava. Foi viver isso e não ter controle do meu corpo, porque como eu vivi anos e anos estimulando e assistindo [à pornografia], isso não ia sair da minha mente de uma hora pra outra. É comprovado cientificamente e fisiologicamente que a pornografia fica na mente por anos. Então, é impossível você consumir 10 anos de pornografia e achar que em 5 meses você vai ser totalmente livre no seu consciente e inconsciente das imagens, da influência dos roteiros dos filmes e dos comportamentos – declara Mônica, que foi refém da pornografia durante 10 anos.

Assim como Terry Crews, muitas pessoas têm o primeiro contato com a pornografia durante a infância. Foi o que aconteceu com Davi e Mônica, que assistiram a material pornográfico pela primeira vez aos 7 anos de idade. Mônica revela que ter sofrido abuso sexual na infância foi um grande influenciador para o desenvolvimento do vício.

Eu só fui me dar conta do vício e das consequências depois de convertida ao evangelho de Jesus

– Os abusos influenciaram bastante no vício porque eles destravaram a minha inocência e me fizeram buscar a perversidade e o prazer de diversas formas. Houve uma distorção da sexualidade não só pelos abusos, mas pelo contato com a pornografia e com o desejo sexual, que deveria ter sido despertado na idade certa e da maneira certa. Quando criança, eu nem entendia o que eu fazia, nem entendia os abusos. Era confuso e estranho. Eu só fui me dar conta mesmo do vício e das consequências depois de convertida ao evangelho de Jesus – lembra a jovem.

Por outro lado, Davi, que também é cristão, relata que tomou consciência de como precisava mudar suas atitudes quanto estava mais afastado de sua fé, mas recusava-se a receber ajuda e acreditava que conseguiria abandonar a prática sozinho.

– No início de 2018, orei a Deus finalmente admitindo que eu era viciado em imoralidade sexual e clamando a Ele por socorro. Nessa mesma madrugada, conheci o trabalho do Ministério Vida Pura na internet e, após ver o testemunho de uma garota que estava andando em liberdade, decidi procura-los para pedir ajuda – conta Davi, referindo-se à história de Mônica, que naquele momento já havia parado com a prática.

O vício de pornografia se assemelha muito ao vício em drogas. Eu já fui usuária de drogas, então eu posso falar isso com propriedade

A estrela de Hollywood Hugh Grant também decidiu parar com o consumo de material pornográfico e afirmou em 2015, em um programa de auditório norte-americano, que já estava há três anos longe da pornografia.

– Ah, eu estou muito orgulhoso disso! Faz uns três anos. É, eu decidi parar. […] Agora eu tenho três filhos. Acho que há uma ligação – confessou o artista.

Hugh Grant já teve problemas com pornografia Foto: Watch What Happens Live/Reprodução

Davi e Mônica receberam ajuda da mesma organização e hoje integram a equipe do Vida Pura, que desde 2016 aconselha pessoas viciadas em pornografia. Ambos também já foram viciados em drogas e não fazem distinção entre os dois vícios.

– O vício de pornografia se assemelha muito ao vício em drogas. Eu já fui usuária de drogas, então eu posso falar isso com propriedade. É praticamente a mesma coisa na mente, no organismo e emocionalmente, porque tanto a droga quanto a pornografia se tornam fugas de frustrações, de tédio, de medos, de problemas na família… Você usa aquilo pra se aliviar do stress, do problema e pra fugir, em vez de enfrentar. É a mesma coisa que um usuário de droga vive – alerta Mônica.

Conhecido por seus problemas com a dependência química, o astro Robert Downey Jr também precisou lutar contra o vício da masturbação. Eternizado como Homem de Ferro, o ator disse que “não conseguia parar” e que deixou de realizar a prática compulsiva após ter se casado com a produtora Susan Downey.

– Quando conheci Susan, minha motivação passou a ser somente ela. Minha união é sagrada – afirmou à revista Sunday Times, em 2008.

robert downey jr e Susan Downey
Robert Downey Jr e a esposa, Susan Downey Foto: Reprodução

Mônica ressalta que o viciado que quer abandonar a pornografia precisa conhecer seus gatilhos e evitar contato com tudo o que possa estimular o desejo pelo vício.

– Você tem que ser radical a ponto de eliminar algumas coisas da sua vida que pra outras pessoas são normais. Por exemplo, um viciado em pornografia não pode seguir alguns tipos de lojas de roupas que, às vezes, têm roupas sensuais. Ele não vai poder assistir a séries que tenham um conteúdo sexual apelativo. Às vezes, o viciado tem dificuldade de reconhecer isso, mas precisa ter um coração humilde para entender que ele realmente precisa ter uma atitude diferente de pessoas que não tem problema com isso – diz a jovem sobre o que considerou seu principal desafio para abandonar a pornografia.

Perguntado sobre o que mudou após largar a prática, Davi responde:

– Tudo! De lá pra cá, já são quase 3 anos em que tudo tem mudado, principalmente a forma como enxergo Deus, eu mesmo e o vício. Meu relacionamento com Deus foi totalmente restaurado. E, hoje, [venho] buscando me parecer com Cristo e, como consequência disso, [estou] podendo andar em liberdade dos vícios. Vivo um dia após o outro e posso dizer com toda a certeza que sou um homem de verdade, feliz e vivo! – comemora ele.

Hoje eu sou quem eu sou; eu sou real

Mônica também destaca a importância de sentir-se alguém de verdade.

– Desde que eu parei de consumir pornografia, sou uma pessoa mais produtiva e mais transparente. Não vivo mais em culpa, em condenação e não vivo mais uma vida dupla, porque a pornografia tende a fazer você ser duas pessoas. No meu ambiente cristão, eu vivia uma vida de hipocrisia. Na frente das pessoas eu era uma pessoa que fazia tudo certo. Mas, na minha vida íntima, estava praticando o pecado deliberadamente. […] Hoje eu sou quem eu sou; eu sou real – declara Mônica.

Embora Davi e Mônica não consumam mais pornografia há anos, eles afirmam que, uma vez que a pornografia mexe com a mente do viciado, é necessário que os cuidados sejam sempre mantidos para evitar o retorno ao hábito.

– Assim como um ex-alcoólatra ou ex-dependente químico, temos que tomar diversos cuidados diários, [vivendo] de forma disciplinada pelo resto da vida. Porém, usando duas frases do Pr. Filipe, do Vida Pura, [vou] concluir: “O que antes era como um gorila de 200 kg, pulando em cima de mim; agora tem sido como um cãozinho Chihuahua, latindo, que eu posso afastar com o pé”, e “aquilo que antes era vergonha, hoje é um testemunho vivo, para glória de Deus” – explica Davi.

Mônica acrescenta um recado para os leitores que possam ter se identificado com sua história:

– Procurem um ministério. Procurem ajuda. Não vivam a mercê do vício. Não permitam que isso domine a vida de vocês! O processo para se ver livre da pornografia é muito doloroso, porque ele vai mexer nas suas estruturas de caráter; ele vai mexer no profundo mesmo, para que haja uma transformação e um arrependimento genuíno. Mas é uma vida totalmente diferente quando você se encontra nesse lugar de leveza, onde consegue viver de uma forma diferente. Então, vale a pena fazer a renovação da mente – encerra ela.

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