68% das informações sobre câncer na internet são falsas
As notícias falsas têm atrapalhado tratamentos e diagnósticos da doença
Mayara Macedo - 09/01/2019 17h44 | atualizado em 09/01/2019 17h46

As fake news são fenômenos que têm se tornado cada vez mais comuns em diversos meios de comunicação, principalmente na internet. Não é difícil encontrar notícias falsas sobre qualquer assunto, inclusive sobre doenças graves, como o câncer.
Em 2018, o Brasil registrou cerca de 600 mil casos da doença, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Com os índices elevados de casos da enfermidade, é comum que internautas busquem informações na internet. O problema é a quantidade de mentiras usadas como informação, mas que acabam prejudicando os usuários.
A dra. Sabrina Chagas, médica oncologista, comentou os casos de fake news relacionados ao câncer que têm aumentado cada vez mais.
– Sabemos que 68% das informações disponíveis sobre o câncer na internet são falsas, e também que a cada 40 mil buscas feitas no Google, 2 mil são relacionadas à saúde de uma forma geral. Com certeza a incidência de notícias falsas, nesse contexto, é enorme. Acredito que os tipos de tumores que causam mais rumores são aqueles que acometem um maior número de pessoas, como mama, pulmão, próstata, entre outros – explicou a especialista.
Sabrina reforçou a importância de checar a fonte que publicou a notícia. Segundo a médica, sites de hospitais de referência são os mais confiáveis. Outra forma de garantir informações seguras, é perguntar ao próprio médico quando for a uma consulta. A doutora ainda falou sobre a falta de coerência nas notícias e um outro fator problemático: pacientes que abordam o assunto sem ter propriedade para falar.
– Creio que o maior erro é a não compreensão de que cada caso é um caso. Existem centenas de relatos de pacientes falando de suas doenças, tratamentos, sintomas e prognósticos. Os pacientes tendem a absorver as histórias que leem como a própria história. E não é assim. Por exemplo, o câncer de mama em um mesmo estágio pode ter inúmeros tratamentos e prognósticos diferentes. Cada caso é um caso – afirmou Sabrina.
As fakes news, além de confundir os internautas, atrapalham tanto o diagnóstico da doença quanto o tratamento. Sabrina relatou que há pacientes que passam a ter dúvidas sobre seus tratamentos porque leram algo diferente na internet. Além disso, muitos adotam hábitos que podem ser prejudiciais à própria saúde.
– Uma forma de ir a favor desse movimento é buscar fontes seguras e sempre tirar suas dúvidas com o médico assistente – finaliza a médica.
Leia também1 SUS amplia tratamento para degeneração da retina
2 Hormônio de músculos pode ajudar a conter o Alzheimer
3 Casos de sífilis em gestantes preocupam especialistas