Estudo diz que vírus da zika pode afetar cérebro de adultos
Durante o surto em 2015, doentes tiveram confusão mental e dificuldade motora
Paulo Moura - 05/09/2019 08h38 | atualizado em 05/09/2019 08h39
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado nesta quinta-feira (5) na Nature Communication, uma das revistas científicas mais conceituadas do mundo, indica que o vírus da zika pode infectar também tecidos cerebrais adultos. Anteriormente, acreditava-se que apenas os cérebros de fetos poderiam ser afetados pelo vírus.
A descoberta dos cientistas brasileiros ajuda a esclarecer casos de complicações neurológicas em adultos infectados durante o surto da doença, em 2015. Em algumas situações, o vírus gerava desde confusão mental até dificuldade motora.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores infectaram com o vírus amostras de tecidos de cérebros adultos operados no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o hospital universitário da UFRJ. Os estudos para a comprovação da infecção dos cérebros de adultos seguiram sendo realizados com camundongos adultos infectados pela zika.
– O vírus não causa uma má formação do cérebro, pois ele já está pronto. Não há uma degeneração, mas vimos que o vírus ataca os neurônios e causa alterações que levam a perdas de controle e de memória – destacou o professor Sérgio Teixeira Ferreira, coordenador do estudo.
Os dados também mostraram que os sintomas de problemas neurológicos permanecem mesmo após a infecção ter sido controlada. Porém, apesar da descoberta representar um novo risco trazido pelo vírus, os pesquisadores também descobriram que um medicamento anti-inflamatório, hoje usado para o tratamento da artrite reumatoide, cujo nome genérico é infliximab, pode reduzir os prejuízos neurológicos causados pelo vírus.
– Esse estudo é importante para traçar políticas públicas para avaliar os efeitos da doença na população. Isso, a longo prazo, pode trazer benefícios para a população, além de diminuir os gastos – concluiu a professora Claudia Figueiredo, professora da Faculdade de Farmácia.
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