Amor! Médica cria prontuário afetivo de pacientes com Covid
Perfis fixados aos leitos trazem traços de personalidade, interesses, e hobbies dos pacientes
Thamirys Andrade - 30/03/2021 16h55 | atualizado em 30/03/2021 17h06

Em meio ao pico da pandemia de Covid-19 no país, a reumatologista Isadora Jochims, de 35 anos, começou uma iniciativa capaz de trazer mais amor e afeto para o tratamento de pacientes intubados com o coronavírus. O chamado “prontuário afetivo” vai além dos dados de saúde, e traz informações sobre os traços de personalidade, interesses e hobbies das pessoas intubadas, para que os médicos lembrem delas por quem de fato são, e não somente por suas condições clínicas.
A iniciativa foi adotada no Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde Isadora trabalha, e inspirou também o Hospital do Distrito Federal, e o Hospital Regional do Guará (HRGu). As unidades passaram a colocar as plaquinhas em frente aos leitos de UTI com dizeres como “torcedor fanático do Palmeiras”, “[contar que o] Palmeiras ganhou”, “gosta de música de cantoria e viola”, “gosta de Raul Seixas e música sertaneja raiz”, “gosta de barulho de água e de passarinho” e “cante para ele”.
Isadora, que além de reumatologista é artista, disse que teve a ideia após ouvir inúmeras vezes que os médicos estão em guerra, quando para ela, o que deve mover o tratamento é o amor.
– Faço parte da Comissão de Humanização do HUB e tive a ideia de começar com esse prontuário afetivo porque, quando tratamos pacientes graves, não conseguimos conversar com eles, e isso reduz o contato afetivo. A família fica muito angustiada, com poucas informações e não pode fazer visita por causa do isolamento. Perguntei para as famílias o que eles gostariam de ouvir quando acordassem e, aí, começaram a contar: ‘Ele é torcedor do Palmeiras, gosta de tal música’. Tivemos um retorno muito bom – disse ao Metrópoles.
A médica torce para que a ideia viralize, ajudando as famílias, pacientes e os profissionais na linha de frente da Covid-19.
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