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Parlamentar comenta sobre a suspensão de seu mandato após polêmica envolvendo membro do PDT

Rafael Ramos - 31/08/2020 17h12 | atualizado em 31/08/2020 19h24

Eleito com 109.142 votos nas eleições de 2018, o deputado estadual André Fernandes se tornou, aos 20 anos, o mais votado no estado do Ceará. No dia 20 de agosto deste ano, ele teve seu mandato suspenso por por 30 dias por quebra de decoro parlamentar após acusar o também deputado Nezinho Farias de integrar uma facção criminosa.

Em entrevista exclusiva ao Pleno.News, André Fernandes dá a sua versão da história e se diz alvo da família dos Ferreira Gomes, que, segundo eles, manda em, pelo menos, 100 municípios do Ceará. O jovem parlamentar afirma que está sendo alvo de censura e, disposto a continuar lutando pelos interesses do povo cearense, ele tem marcado ponto na frente da Assembleia Legislativa, onde recebe reclamações e apura a situação do estado.

Cristão e filho de pastor, Fernandes conta mais sobre seu início da vida pública e reforça seu apoio ao presidente Jair Messias Bolsonaro. Casado há quase dois anos com Luana Fernandes, ele também avalia a importância da igreja evangélica na sociedade.

Qual foi sua principal motivação para entrar na política? Isso é algo que sempre esteve na sua veia ou descobriu por acaso?
Na verdade, eu tinha pavor a política até que eu comecei a fazer uns vídeos na internet, não tratando sobre política, mas dando minha posição sobre cultura e assuntos polêmicos que ia em controvérsia à posição implantada pela imprensa, pela Globo e pelos artistas. Fui muito criticado, mas ali eu comecei a perceber que tinha um público que também pensava igual a mim, que não tinha coragem de falar o que eu falava, mas tinha coragem de compartilhar.

Então, comecei a ser voz para esse pessoal na internet e, com o passar do tempo, eles começaram a pedir para eu entrar na política. As pessoas me viam na rua, tiravam foto e diziam: “André, entra na política! Se candidata! A gente precisa de você lá!”. E foi a partir daí que eu comecei a pensar a entrar na política, me candidatei e deu certo.

Acredita que o Brasil realmente vive um novo tempo com a presidência de Jair Bolsonaro?
Acredito sim que o Brasil vive um novo tempo devido ao presidente Jair Messias Bolsonaro. Acredito que isso vai estar escrito nos livros como um marco histórico de um homem que veio e impediu que o Comunismo fosse implantado de vez no Brasil e que veio para trazer esperança a muita gente. Eu, que estou aqui na ponta falando com o povão, percebo o quanto eles estavam desgostosos com a política. Por causa do presidente Jair Messias Bolsonaro, eles voltaram a usar o verde-e-amarelo, voltaram a usar a Bandeira do Brasil, voltaram a dizer que gostam do Brasil e que tem orgulho de ser brasileiro. Isso estava indo embora, mas agora o Brasil vive um novo tempo.

Ficaria chateado se eu estivesse sendo elogiado por estar ao lado do Lula, por exemplo

Em suas redes sociais, você faz questão de frisar que é “bolsominion com muito orgulho”. Acredita que parte dos ataques se deve à sua lealdade ao presidente e ao que ele representa?
Eu diria que uns 90% é porque sou ligado ao presidente Jair Messias Bolsonaro, mas não tem problema. Se esse pessoal me critica porque estou ao lado de Jair Messias Bolsonaro é motivo de orgulho. Ficaria chateado se eu estivesse sendo elogiado por estar ao lado do Lula, por exemplo.

Por falar nas redes sociais, a internet se mostrou uma forte ferramenta na luta contra as fake news e numa forma dos políticos terem mais contato com o povo. Só no YouTube você tem mais de 500 mil inscritos. Então, como vê essa força online na mudança do cenário político do país?
Eu acredito que a internet é o motivo para hoje a gente ter conseguido eleger Jair Messias Bolsonaro e muitos parlamentares aliados ao presidente. A internet veio para dar voz a quem não está a fim de gastar dinheiro para a imprensa divulgar aquilo que se quer, de gastar dinheiro para quem não faz parte do establishment, do conchavo político, da máquina pública do poder público. A imprensa hoje é aparelhada e a internet veio para mostrar o outro lado que eu considero o lado da verdade.

Você vê semelhanças com o policial carioca Gabriel Monteiro nessa força no YouTube?
Gabriel Monteiro é um cara guerreiro que algumas vezes já foi injustiçado e eu acompanho e admiro o trabalho dele que é um pouco diferente do meu até porque já estou como parlamentar e ele atua como policial e militante. É um pouco diferente, mas essa força na internet se assemelha pelo fato que a gente sofre injustiça. A imprensa noticia de um jeito, mas a gente vai em nossas redes sociais e mostra a verdade.

A imprensa hoje é aparelhada e a internet veio para mostrar o outro lado que eu considero o lado da verdade

Você considerou a possibilidade de ser um dos alvos da operação do Supremo contra apoiadores do presidente, como ocorreu com Alan dos Santos, Sara Winter e Oswaldo Eustáquio?
Sem dúvidas, eu temi. Obviamente, as pessoas que estavam sendo perseguidas não cometeram nenhum crime e não fizeram nada ilegal. Aliás, só usaram da liberdade de expressão, algo que gosto muito de usar, inclusive. Uso muito a liberdade de expressão e usufruo também da minha inviabilidade da palavra como parlamentar. Falo o que eu acho que deva ser a verdade e, muitas vezes, a verdade em que eu acredito é que o Supremo Tribunal tem muito bandido e, por causa disso, eu já estava preparado para receber a visita da Polícia Federal, que foi apenas ferramenta do Supremo. Eu estou mais que preparado para, a qualquer momento, uma inconstitucionalidade, uma canetada de algum ministro do STF que se acha dono do Brasil.

Em relação à denúncia que resultou na sua suspensão, você tem provas contra o deputado estadual Nezinho Farias (PDT)?
Infelizmente, a narrativa que se criou de que eu fiz uma acusação contra o parlamentar Nezinho Farias é uma grande mentira. Tanto que desafiei toda a imprensa e todos os políticos aqui do estado do Ceará a provarem isso. Em nenhum momento eu cheguei sequer a citar o nome do parlamentar Nezinho. O que aconteceu de verdade é que chegou uma denúncia até o meu gabinete onde falava que o deputado Nezinho era envolvido com uma facção criminosa. Zelando pelo nome do parlamentar, protocolei um ofício de fato e encaminhei ao Ministério Público, que é o órgão competente para apurar os fatos, e pedi sigilo porque, se a denúncia não tivesse nenhum fundamento, eu não queria que o nome do Nezinho fosse relacionado a organizações criminosas.

A verdade em que eu acredito é que o Supremo Tribunal tem muito bandido e, por causa disso, eu já estava preparado para receber a visita da Polícia Federal

O próprio regimento interno fala que eu não posso ser omisso quanto a isso. Se chega uma denúncia ao meu gabinete, eu tenho que encaminhar ao órgão competente porque se eu engavetar, eu vou estar sendo omisso, sendo cúmplice e prevaricando. O Ministério Público quebrou o sigilo, vazou para a imprensa – que disse que eu acusei – e o Conselho de Ética entrou com uma representação contra mim.

O procurador Plácido Rios assinou um documento onde ele confirma que foi ele quem vazou. Não fiz acusação, eu apenas encaminhei uma denúncia ao Ministério Público para que se apurasse os fatos. Isso não é acusar, isso é exercer meu papel parlamentar.

Por que acha que a família Gomes esteja por trás dessa perseguição à sua pessoa e como pretende enfrentá-los?
Eu tenho certeza de que a família Ferreira Gomes é quem está por trás disso porque mais de 100 municípios do Ceará pedem a bênção aos Ferreira Gomes. O PDT hoje é a maior bancada dentro da Assembleia Legislativa. A minha suspensão se deu a uma representação do PDT dos Ferreira Gomes. Todos votaram pela minha suspensão até sem justificativa. E não é só isso. Eu acredito nisso porque a maioria dos órgãos aqui são ligados a essa família, o que é uma imoralidade.

Mais de 100 municípios do Ceará pedem a bênção aos Ferreira Gomes

Então, toda vez que eu bato nos Ferreira Gomes, vem uma represália de um jeito ou de outro. Tenho certeza absoluta de que isso é uma perseguição dos Ferreira Gomes já que eles me puniram falando que eu fiz uma acusação sem provas. Houve acusações sem provas na Assembleia Legislativa entre os deputados Osmar Baquit (PDT) e Leonardo Araújo (MBD), que são base do governo, e obviamente ninguém falou nada. Inclusive, o deputado Osmar Baquit é do PDT dos Ferreira Gomes. O PDT ficou calado, os Ferreira Gomes não falaram nada. Para eles nada, mas contra mim vale tudo.

Você se considera alguém vítima de censura?
Pela primeira vez na história da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, houve uma suspensão de 30 dias. Pra ser bem franco, só houve duas punições que foram duas cassações. Uma foi o parlamentar lá nos anos 60 que sacou uma arma e atirou contra outro parlamentar dentro do Plenário e outro foi o Sérgio Benevides (PMSB), em 2004 porque estava desviando dinheiro de merenda escolar. Inclusive, o Plenário que me deu a suspensão de 30 dias é o mesmo que absolveu José Guimarães do PT, famoso do mensalão pelo dinheiro na cueca. Esse é o parlamento que absolveu criminoso e me puniu por algo forjado por eles.

O que lhe motivou a ir para a frente da Assembleia durante o período de suspensão?
O que mais me motivou é que os Ferreira Gomes acharam que com essa punição eu ia ficar em casa com medo e ia voltar bem caladinho. Pelo contrário: toda manhã eu estou ali em frente à Assembleia Legislativa recebendo o povo. À tarde, estou fiscalizando e fazendo vídeo sobre obras públicas e o aumento do crime no estado do Ceará. Vai ser assim durante toda a minha suspensão e, dependendo do andar da carruagem, quando acabar a suspensão vou continuar fazendo porque estou gostando.

Tem medo de sofrer alguma represália?
Não é medo. Quem tem Deus não tem medo. A única coisa que a gente tem que ter é cuidado.

Toda manhã eu estou ali em frente à Assembleia Legislativa recebendo o povo

Vi que você é evangélico, pertence ao Ministério Canaã do pastor Jecer Goes e até comemorou o retorno dos cultos presenciais. Queria saber como é esse André fora da Câmara, que vai na igreja orar e participar dos cultos? Você é mais do louvor ou da pregação?
Sou evangélico, congrego na Canaã aqui em Fortaleza, sou filho de pastor evangélico do templo central, porém, meu pai é lá do interior. Tenho o pastor Jecer como um paizão pra mim. Quando vou para a igreja, eu desligo o celular como aprendi com meus pais. A primeira coisa que faço quando chego na igreja é dobrar os joelhos e orar para que, naquele momento, eu me desligue do mundo térreo e peço para me ligar somente aos céus. Sou músico, toco bateria, guitarra, violão, contrabaixo, saxofone e sei um pouco de teclado. Entendo da Palavra de Deus, leio a Bíblia constantemente, mas nunca testei essa minha parte de pregação. Eu gosto muito de servir a Deus através da música.

Sendo assim, como você vê a importância da igreja cristã na política?
A igreja cristã é quem rege os valores de uma sociedade. Tudo é baseado nos valores cristãos, então, a importância da igreja cristã é imensa. A partir do momento em que a igreja se omite quanto à política, os ruins tomam conta. Deus escolher um profeta somente para pregar a Palavra de Deus é coisa antiga. Hoje, Deus também escolhe profetas para serem voz no Parlamento, no Executivo e até no Judiciário.

A igreja cristã tem que se posicionar, a igreja cristã tem que combater o mal, a igreja cristã tem que ter representantes para lutar contra a ideologia de gênero, o aborto, a traição, o homicídio, a inversão de valores, a pedofilia.

E como é a relação com sua família? Como estão lidando com essa suspensão e o quanto eles colaboraram para moldar seu caráter e te fazer lutar através de seu cargo na Câmara?
Eu amo a minha família e a gente se dá muito bem. Meu melhor amigo é meu pai. Meus pais são casados há mais de 30 anos e meu pai é pastor há quase 30. A minha família é tudo para mim, é meu maior alicerce. Qualquer problema que acontece, eu agradeço por tê-los para recorrer.

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