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“Fui chamado para influenciar e não para ser político”

O polêmico pastor Silas Malafaia fala de arrependimentos, riscos, política, investigações, prosperidade e família

Virgínia Martin - 11/10/2018 13h13 | atualizado em 11/10/2018 14h33

“Você pode até correr riscos, mas não pode viver assim o tempo todo”, enfatiza Malafaia

Durante 28 anos, Silas Malafaia foi conferencista. Há 10 anos é pastor da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), que possui mais de 70 mil pessoas e 500 pastores em todo o Brasil. Já foi investigado, perseguido e atualmente sofre processos por parte do PT. Tem programa na TV, é escritor e com cerca de 35 anos de trajetória e de ministério, foca no ser humano e em uma sociedade que defenda a família, sempre tendo por base a Bíblia.

Mas quem é hoje o homem chamado de pastor mais polêmico do Brasil? Questionador e combativo, Malafaia conversa com Pleno.News. Revela sobre o que tem aprendido. E destaca que não tem intenção de se tornar político.

A postura combativa e guerreira sempre foi sua marca desde quando?
Sempre fui assim desde pequeno. Não faço um tipo. Quando alguém faz um tipo, a casa cai em alguma hora. A gente tem que ser o que a gente é. E sou assim com meus defeitos, limites e talentos.

No que acha que mais mudou no decorrer dos anos?
Eu digo uma frase assim: “a grandeza de um ser humano não são seus acertos. A grandeza de um ser humano é reconhecer seus erros e corrigir suas rotas”. Tem gente que diz que se voltasse atrás, faria a mesma coisa. Como é? Se eu voltasse 20, 30 anos atrás eu faria mesma coisa? Claro que não! Um monte de bobagem que falei, eu deixaria de falar, por exemplo.

Principais mudanças?
Deixei de viver em risco o tempo todo. Sempre fui um cara doido. Mas estar em risco o tempo inteiro não é bom. Você pode até correr riscos, mas não pode viver assim o tempo todo. Agora, por exemplo, eu vivo em risco por causa das eleições. Vivo recebendo ameaças…

Eu também vivia debaixo de pressões emocionais. Consequentemente, chegava em casa e descarregava tudo em minha mulher. Ela ouvia tudo. Mas não era ela que participava das minhas demandas. Ela não era eu. Então, isso eu corrigi. A gente, quando é mais novo, não tem essa coisa de “opa! vamos parar por aqui”. A gente segue sem pensar muito. Mas passei a filtrar e não jogar minha carga emocional em cima da minha esposa.

Também decidi não entrar mais em briga por coisa pequena. Por exemplo, quando falavam alguma coisa eu ia para televisão – porque não havia rede social – e aí eu “largava o aço” em cima. Jogava indiretas! Mas meu sogro me ensinou uma coisa muito espetacular e muito sábia: “A questão não é o que se fala, mas quem fala”. Então, fui me treinando para não ficar dando importância a qualquer coisa que falavam. Hoje consigo ser assim.

Nunca quis se tornar um político?
Não. Eu fui chamado para influenciar, não para ser político. Quando um pastor decide ser político ele sai do todo para a parte. O que é a parte? Partes da sociedade. Eu não sou de partes, eu sou do todo. Quando passo a ser candidato a qualquer cargo eletivo, eu sou de uma parte daquele partido ao qual pertenço.

Eu chegava no Congresso Nacional, por exemplo, e tinha uma demanda de interesses da comunidade evangélica. Eu ia ao gabinete de tudo quanto é senador, de tudo quanto é partido e eles me recebiam, porque eu não sou concorrente deles. Isso é importante. Eu já tenho um chamado: ser pastor. Agora, como pastor, sou cidadão e um ser social de influência. Então, tenho que exercer essa influência. Se eu não exercer, o ímpio exerce.

Sobre as investigações que já sofreu.
Eu ouvi de um cara muito inteligente, Dr. Mike Murdock, uma frase sensacional: “Os amigos nos fazem bem, mas são os inimigos que nos promovem”. Os inimigos são instrumentos para nos aprimorar, não para destruir. Como tenho adversários, tenho que estar antenado sobre o que vou falar, ligado nas minhas posições, certo? Porque tem gente de olho em mim querendo me arrebentar. Tenho que buscar conhecimento para estar preparado para o debate ideológico. Então, tudo isso contribuiu para mim.

E como busca conhecimento?
Quando eu tinha 18 anos, comecei a ver que os pastores não tinham respostas fora da Bíblia para alguns assuntos como aborto, homossexualidade, disco voador, criação e evolução. Não havia uma resposta fora da Bíblia para essas demandas. Mas se a Bíblia é a verdade, vou buscar respaldo também na Sociologia e na Ciência.

Comecei a buscar conhecimento também fora da Bíblia. Porque quando você vai para o debate, não adianta ir com a Bíblia porque o ímpio vai ridicularizar você. E ainda novo, Deus começou a me impulsionar com isso. Desde essa época, passei a buscar conhecimento sobre muitos temas. É por isso que debato com esses caras em qualquer instância.

E não é porque sou mais inteligente que os outros. Quando você se prepara e aprende, fica entranhado na sua mente. Sendo assim, vim sendo preparado e sei que foi Deus que me preparou para essas demandas.

O que tem a dizer sobre Teologia da Prosperidade, um dos temas de críticas que recebe?
Sim, existe o besteirol da prosperidade e a Teologia da Prosperidade. O povo não sabe fazer essa diferença. Eu nunca, na minha vida, em lugar nenhum, disse que se o cara é pobre é porque não tem fé ou se é rico é porque deu dinheiro para a igreja. Para obter a prosperidade bíblica é só obedecer às leis de Deus.

O que é prosperidade bíblica? Não se refere apenas às finanças. Envolve bem-estar, paz interior, alegria de viver e relacionamento com Deus. Agora, o Deus dono do ouro e da prata, dono do mundo, como diz o Salmos 19, quer que seus filhos sejam miseráveis? Não dá para associar uma coisa com a outra.

Jesus falou que “os pobres, sempre tendes convosco”. Isso é uma verdade, porque ele sabe da situação sociológica do mundo. Mas Deus não menosprezou a riqueza. Salomão pediu sabedoria e recebeu. Ele não pediu riqueza. Se riqueza fosse ruim, Deus não dava. E se riqueza arruinasse a vida dos homens, o diabo deixava todo mundo rico. Não é a riqueza que destrói o homem, é o amor ao dinheiro.

Olha o que Deus fala para Josué: “Não se aparte da tua boca o livro dessa lei. Antes, medita nele dia e noite para que possas fazer que seu caminho prospere e que você se conduza com prudência”. E em Salmos 112 diz assim: “Bem- aventurado o homem que teme ao Senhor e que em seus mandamentos tem grande prazer. A sua geração será poderosa na Terra. A geração do justo será abençoada. Riqueza e fazenda haverá na sua casa”. Então, se você quer ser próspero, obedeça a Deus!

Gosta de ser conhecido como o pastor mais polêmico do Brasil?
Não vou dizer que gosto, mas é o que dizem. E é o que eu recebo. Acredito que seja verdade. Não vou ser hipócrita nem demagogo. É porque me posiciono. Toda vez que você se posiciona tem que estar preparado para o confronto das ideias. Vai gerar polêmica.

Há outros líderes que também se posicionam. Como avalia?
Acho que todas as vezes em que promovemos a discussão de ideias é saudável. O Estado Democrático de Direito, a grandeza dele, na liberdade de expressão, é a manifestação de opiniões contrárias. Se liberdade de expressão é para todo mundo falar a mesma coisa, é ditadura da opinião.

A coisa linda da liberdade de expressão é que você pode fazer qualquer argumento e manifestar seus pensamentos por mais esdrúxulos que sejam. Então, tem que ter discussão. Mas que a pessoa venha preparada para o debate para não passar vergonha, porque muitos querem debater sem o mínimo de fundamento. Se for assim, vai apanhar.

Quais são alguns dos seus arrependimentos?
Tenho vários. Não dá para detalhar todos. Mas meu maior arrependimento é ter falado debaixo de emoção, sem parar para pensar um pouquinho antes. Aqui nesta vida a gente erra sempre. E quando você está pressionado emocionalmente, pode se preparar porque pode abrir a boca e errar. Todas as vezes em que não parei pra refletir, depois “o couro comeu com força”.

O que mais encanta Silas Malafaia?
É minha família. Minha esposa é uma mulher extraordinária. Consegue me aturar e aguentar toda essa pressão e ainda me perdoar por todas as bobagens que já fiz.

Sobre Elizete Malafaia.
Quando a Bíblia diz que a mulher edifica a casa, significa que a mulher faz a base. Ela constrói a estrutura e a sustentação. Um homem que tem uma mulher que vive fazendo críticas o tempo todo é um homem inseguro.

Eu quebrei financeiramente por seis vezes. E minha mulher só alertava: “Silas, cuidado!”. Mas depois ela não dizia: “Eu não te falei?!”. Eu só olhava para ela, mas ela não dizia essa frase! A Elisete foi fundamental para eu ser o que sou. Ela é um ponto de equilíbrio, de sustentação para muitos embates. Minha esposa é sensacional!

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