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Dra. Nise responde a perguntas sobre os anticorpos da Covid-19

Dúvidas foram desde a perda da força muscular causada pela doença, até o tempo de duração dos anticorpos

Pierre Borges - 07/12/2020 16h00 | atualizado em 07/12/2020 17h51

Dra. Nise Yamaguchi participou de live do Pleno.News Foto: Reprodução

Em entrevista exclusiva em live do Pleno.News, a Dra. Nise Yamaguchi respondeu à diversas dúvidas. Entre elas também estavam os questionamentos sobre os anticorpos desenvolvidos pelas pessoas contaminadas pela Covid-19. A imunologista abordou temas como o porquê dos testes PCR atestarem falsos positivos, o tempo de duração dos anticorpos da Covid, o uso de máscaras, a chamada imunidade cruzada e outros.

Por que as pessoas que têm Covid perdem a força muscular?
Por causa de microcoágulos que podem dar nos músculos. Mas a inflamação também cria uma espécie de miosite, aquela dor muscular que dá dor nas costas, dor nas pernas… É uma inflamação importante. Uma outra coisa que pode acontecer com a Covid é a pessoa desenvolver artrites, miosites, inflamações, decorrentes de anticorpos e células ‘anti’ o próprio organismo.

Em quanto tempo é possível ter uma segurança de que não estamos mais com o vírus? De 14 dias até quantos dias?
Segurança absoluta não existe. As normas internacionais são entre 10 e 14 dias, a partir do início dos sintomas. Eu acho pouco. Considero que, da hora em que você inicia o tratamento, você tem mais 14 dias de repouso, ou mesmo trabalhando em casa, mais resguardado.

Alguns pacientes que testam para ver se continuam com Covid por PCR, acabam tendo a positividade, mesmo quando o vírus já está indo embora, porque fragmentos do vírus podem dar a positividade e não ser, necessariamente, a doença. É interessante, a questão dos anticorpos, mas nem sempre as pessoas desenvolvem. Quando elas desenvolvem anticorpos, acaba sendo uma medida bastante interessante. O [Hospital Albert] Einstein fez, recentemente, a medida de anticorpos neutralizadores, que depois de um tempo as pessoas podem dosar para saber se elas têm anticorpos potencialmente inibidores da proliferação viral.

Qual seria a faixa de tempo que os anticorpos duram?
Em geral, eles caem porque você não está precisando deles naquela hora, mas eles voltam quando você precisa. Ou, de repente, você desenvolve também uma imunidade celular, não só de anticorpos. São células suas que aprendem também a se defender do Covid. Por isso que não tem como medir completamente essa questão.

Uma das questões que a gente sabe é que algumas das infecções como o SarsCov 1, que é um outro coronavírus, que deu a gripe aviária, lá atrás, deram anticorpos até 15 anos depois. Então, para alguns, talvez para uma grande maioria, haja uma imunidade verdadeira e duradoura. Isso faz com que haja menor risco de reinfecções.

Enquanto ela tiver esses anticorpos neutralizantes, ela também não transmite

Mas nós não sabemos como isso ocorre quando a pessoa já tem uma imunidade mais baixa ou se ela tem outras doenças. Então, não temos certeza se as pessoas vão pegar uma segunda ou uma terceira infecção. O que a gente tem preconizado é que, apesar de já ter imunidade, não fique se expondo em lugares com muito Covid, né? E quando forem, usem EPI. Porém, para essas pessoas, talvez não houvesse nem mais a necessidade de usar a máscara, porque raramente elas vão estar pegando e raramente vão estar contaminando.

A pessoa que teve a Covid tem os anticorpos e pode não ser mais infectada. Mas ela é um vetor? Ela pode transmitir?
Enquanto ela tiver esses anticorpos neutralizantes, ela também não transmite. Mas a gente sabe muito pouco, na realidade, sobre essa imunidade tardia e se vai ter mutações. O que se espera é que o grau de mutação não seja tão rápido quanto é em alguns vírus da Influenza, por exemplo e a gente tenha uma imunidade duradoura de reação cruzada.

Porque até hoje, quem teve outras infecções de coronavírus, tem uma imunidade chamada ‘cruzada’. É que, quem foi vacinado contra tuberculose ou sarampo também pode ter algum tipo de imunidade. Ou seja, existem várias coisas que estão sendo detectadas hoje em dia que são imunidades cruzadas. Digamos que em uma população, uns 25% a 30% já teve o coronavírus, então já tem uma imunidade. E 30% talvez tenha uma imunidade cruzada, contra outras coisas que dão imunidade contra o coronavírus. Então no mínimo, nós estamos falando de 60% de pessoas que talvez não peguem. Dessas 40% que pegarem, se a gente tratar precocemente, a mortalidade tende a ser menor que 1%.

E será que por uma mortalidade menor do que 1%, a gente deveria ter um lockdown? O fato da gente estar tendo hoje um aumento do número de pacientes também se deve ao número de diagnósticos que estão sendo feitos. Porém a mortalidade está diminuindo, porque cada vez mais a gente sabe como tratar.

Pleno.News Entrevista
Nise Yamaguchi
por Pleno.News - 04/12/2020

* Você pode ouvir a entrevista com a Dra. Nise Yamaguchi em podcast no Pleno.News, no Spotify, na Deezer, no Google Podcasts e no Apple Podcasts.

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