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Conheça o pastor que prega no YouTube com filmes e séries

O canal já abordou temas como Stranger Things, As Crônicas de Nárnia, heróis da Marvel e DC comics e muitos outros

Pierre Borges - 02/12/2020 18h14 | atualizado em 02/12/2020 18h15

Pastor Vinicius A. Miranda, do Filosofia com Pipoca Foto: Reprodução

Criado em 2016, o canal Filosofia com Pipoca tem a proposta de explorar, em vídeos curtos para o YouTube, temas da cultura Pop ao mesmo tempo em que fala sobre princípios bíblicos. De lá pra cá, o pastor Vinicius Miranda, apresentador do canal, já abordou temas como Stranger Things, As Crônicas de Nárnia, heróis da Marvel e DC comics e muitos outros.

Segundo os próprios criadores, o objetivo do canal é tentar descobrir, pelo menos, uma filosofia presente por trás de um entretenimento no tempo em que uma pipoca demora para ficar pronta. Em entrevista exclusiva ao Pleno.News, o pastor Vinicius A. Miranda, que está temporariamente afastado do ministério pastoral para fazer um mestrado em Teologia, revelou detalhes sobre o canal e sobre como a cultura Pop se relaciona com o cristianismo.

Você sempre gostou de cultura Pop?
Desde pequeno. A gente foi sendo influenciado por isso, jogando muito Super Nintendo na casa dos primos porque eu não tinha dinheiro pra comprar e assistindo muito filme, muito desenho. É lógico que naquela época, você ser nerd não era legal. Se você saísse na sua adolescência, com 15 anos, com uma camiseta do super homem, você era o crianção. Você vê como mudaram os tempos hoje, né? Você vai em qualquer shopping no Brasil, encontra uma loja da Piticas e quantas pessoas usam camisetas que fazem referências à filmes, à séries, e tudo mais, né?

Como surgiu a ideia do canal?
Quando eu estava numa igreja em São Paulo em 2012, percebi que todos os adolescentes gostavam de The Walking Dead e eu não assistia essa série. Comecei a assistir para poder falar com eles. Percebi que dentro dessa série eu poderia tirar algumas lições espirituais e foi aí que tudo começou.

Eu fiz quatro temas, desenvolvi com os adolescentes daquela igreja. Foi muito bem aceito e esses temas viraram meu primeiro livro, chamado ‘O Dia-Z: A Bíblia e o Apocalipse Zumbi’. É um livro que a versão física foi esgotada no Brasil e dessa ideia, desde 2012 eu vi que a estratégia dava muito certo e falei: “Agora eu vou começar a usar alguns filmes e algumas séries pra falar do evangelho”, então quando eu ia falar pra jovens eu comecei a usar isso como ponte.

Quando assumi minha primeira igreja como pastor, em 2014, eu fiz um discipulado com os jovens e isso foi bem interessante, porque ninguém queria usar da cultura Pop pra comunicar com pessoas que ainda não eram cristãs, eles achavam que poderiam ser outros temas.

Nós fizemos uma pesquisa com 700 alunos do campus, porque era igreja de campus universitário. A gente descobriu que 54% dos jovens da universidade tinha como atividade preferida assistir filmes e séries. Então, com essa pesquisa e outras perguntas que a gente fez, começou o programa ‘Cancela’, na ideia de “o que você for fazer sábado a noite, cancela e vem pro campus universitário”.

Foi um sucesso, todos os 15 episódios lotados, iam 600, 700 pessoas e depois do primeiro ano de programa, o pessoal começou a pedir que estes temas fossem para o YouTube. Sem saber, sem assistir outros canais, a gente começou o Filosofia com Pipoca, então até a primeira temporada eu faço os temas sentado, num formato mais parecido com TV. Aí na segunda temporada a gente mudou, eu já gravo em pé, a gente coloca um personagem e o canal foi crescendo… Essa é uma estratégia nossa.

Pastor Vinicius A. Miranda interpretando o personagem do canal Foto: Reprodução

Vocês monetizam os vídeos? Quanto tempo levou pra conseguirem chegar nessa fase?
O nosso objetivo sempre, como canal, foi ter muitos vídeos sobre os principais temas da cultura Pop pra que quando a pessoa busque sobre algum dos temas, por exemplo: La Casa de Papel, ela vai encontrar uma afinidade. Mas alguém um dia pode encontrar o nosso vídeo e esse vídeo pode ser algo que vai mudar a vida da pessoa.

A gente não está preocupado com a quantidade de visualizações, a gente está preocupado com a quantidade de pessoas que a gente alcança. Então, se uma pessoa assistiu o vídeo e ela teve a sua vida transformada, ela aprendeu uma lição moral, uma lição espiritual, pra gente basta e a gente fica muito feliz com o resultado.

Vocês têm muitos inscritos não cristãos? Como é essa relação?
Sim, tanto as palestras do Cancela, o livro e o próprio canal, o objetivo prioritário é alcançar pessoas, não apenas que não são cristãs, mas também ajudar o público sem igreja, os ‘desigrejados’. Pessoas que gostam de Jesus, aceitam a Bíblia, mas não querem mais ir pra uma igreja.

Então, antigamente a gente conhecia os católicos nominais, porque eram católicos de nome, os católicos não praticantes e hoje nós temos batistas não praticantes, presbiterianos, adventistas, que se dizem, mas não vão mais à uma igreja. O objetivo do canal é alcançar tanto pessoas não cristãs quanto pessoas que a gente chama de desigrejadas. Nós temos vários contatos de pessoas não religiosas, não cristãs que assistem o canal e mandam comentários pra gente. Isso é um dos principais motivadores pra gente continuar.

É fácil encontrar elementos cristãos em produções da cultura Pop?
Existem referências ao cristianismo em muitos filmes e séries, porque a Bíblia influenciou muito. Ela influencia a arte, a política, a cultura… Então, querendo ou não, há muita influência. Mas o que é mais claro, sem dúvida, alguma são As Crônicas de Nárnia, porque esse também era um dos objetivos do C.S. Lewis ao escrever. Não foi só uma influência, que nem em Senhor Dos Anéis, que você também vê a influência do cristianismo, mas não foi colocada de forma proposital.

Uma das dificuldades nossas como igreja é pensar que algo que funcionava 20 anos atrás, sempre vai funcionar

Agora, há uma série nova chamada God Friended-Me. Lógico, Você tem esse nome na série ‘Deus me adicionou’, mas , pra mim é uma das séries mais legais pra assistir. Ela tem alguns pontos que a gente não concorda, mas é aquele verso bíblico: A gente retém o que é bom. É que nem peixe, existem peixes que são muitos saborosos, mas você tem que tirar os espinhos, né? Então, eu diria que essa God Friended Me me ajudou a pensar em Deus de uma forma que fazia tempo que eu não pensava.

Eu estou tentando contato com o autor principal. O que eu queria fazer, na verdade, era uma entrevista com ele. Fazer um episódio sobre a série e também com a entrevista seria muito legal. Uma das dificuldades nossas como igreja é pensar que algo que funcionava 20 anos atrás, sempre vai funcionar. Até as palestras do Cancela, de 2015, alguns temas já não funcionam mais. Não adianta eu querer falar sobre The Walking Dead, A culpa é das estrelas… Não vai chamar tanta atenção. Eram temas que naquele momento estavam em voga.

Em qual produção você encontrou mais elementos cristãos e que não foi inspirada na Bíblia?
O filme Ultimato, pra mim, sem dúvida alguma, teve muitos elementos que aparecem na Bíblia. O fato de ser “último”, já recorda o último livro da Bíblia, o Apocalipse. Assim como no Apocalipse menciona uma grande batalha, no Ultimato a gente vê uma grande batalha, a gente vê a derrota do grande inimigo, a gente vê uma ressurreição dos justos, né?

Então, pra mim, tem muita similaridade com o relato bíblico. Você tem o fato da ressurreição, da última batalha, é muito impressionante. Eu até me emocionei na cena épica da batalha do Capitão América versus Thanos, porque lembra Aquele que vai ser o Justo que vai acabar de uma vez por todas com nosso grande inimigo. Pra mim, foi muito marcante essa cena. Não é um vídeo que a gente lançou ainda, mas eu acho que é o filme que tem mais analogias sem a gente perceber.

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