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Cláudia Rodrigues: “Rir é o melhor remédio”

Com novo canal no Youtube, a comediante avança com projeto de humor, mesmo na luta contra esclerose múltipla

Virgínia Martin - 26/05/2020 11h03 | atualizado em 26/05/2020 11h06

Ao lado da filha Iza, Cláudia não desanima diante da doença e também da Covid 19

A atriz Cláudia Rodrigues tem uma marca única. Sua vocação na categoria humor fez dela uma comediante respeitada. Nascida no Rio de Janeiro, tem na veia o DNA da arte cênica, com interpretações humorísticas em programas como Caça Talentos, Zorra Total, Sai de Baixo, Escolinha do Professor Raimundo, Casseta & Planeta e o conhecido A Diarista. Mas só descobriu seu dom com o incentivo do irmão. Cláudia era professora de natação antes de migrar para a atuação artística.

Mas a atriz não encara apenas os personagens cômicos de sua carreira. Ao longo de 20 anos, vem também encarando uma luta contra uma doença que tem feito de Cláudia uma batalhadora. A esclerosa múltipla testa a capacidade de resistência da comediante, que prossegue confiante com espírito de gratidão. Na companhia de sua filha e também de sua empresária, ela está em Curitiba, se protegendo da Covid 19. E concedeu uma entrevista ao Pleno.News em que relata como está sua vida hoje e ainda sobre seu atual projeto com um novo canal no Youtube e a #tributoavida.

De casa, Claudia está trabalhando no projeto Vamos Beijar Muito, em que fala sobre a saudade de todos e como expressões de carinho fazem falta. Com bom-humor, a atriz entra na onda das lives e traz uma significativa lição de vida.

Como vc tem lidado com a ameaça da Covid 19 e o isolamento social?
Olha confesso que está sendo muito difícil, pois sou grupo de alto risco. Se pegar isso, eu morro. No início, achei que era uma estratégia dos meus médicos, da minha empresária, Adriane Bonato, e da minha filha Iza Rodrigues, para me deixar em casa. Me tiraram as pressas do Cevisa, que é a clínica onde faço reabilitação em Engenheiro Coelho, interior de São Paulo, e me levaram para casa da minha empresária em Curitiba. E falavam que estava tudo fechado. Claro que eu não acreditava.

Eu nunca quis ser artista, nunca busquei. Isso aconteceu

Só cai na real no aniversário da minha filha, quando fui levada até a porta do shopping, (única vez que sai de casa durante o isolamento), depois de ter deixado quase todos loucos porque queria comprar um presente pra ela. Essa história de confinamento é desgastante. Tive que tomar tarja preta para conter meu nervosismo, cheguei a ter crises nervosas horríveis, mas, graças a Deus, passou. Só acho que deveriam acabar com o isolamento, tem que voltar, com todos os cuidados, claro. Porque se não abrir tudo, o povo vai morrer… e não é de Covid, vão morrer é de fome, vai ser uma tragédia, já imaginou todo mundo falindo, sem empregos, sem empresas. Vai ser o fim dos tempos.

Em 2019, no retorno aos palcos em Curitiba, com Nerso da Capitinga e Diogo Portugal

Aos 49 anos, do que a Claudia Rodrigues mais se orgulha de ter feito, seja na vida pessoal ou profissional?
O que mais me dá orgulho foi protagonizar a Diarista. Foi o máximo.

De que forma começou sua carreira artística? Sempre desejou ser uma artista no segmento de humor?
Meu irmão sempre me incentivou. Ele dizia que eu tinha que trabalhar no circo, que eu era palhaça e me colocou na escola de teatro Rosane Gofman. Mas eu nunca quis ser artista, nunca busquei. Isso aconteceu. Eu era professora de educação física e dava aula de natação para crianças.

Há 20 anos, você vem sendo uma vencedora diante da esclerose múltipla. Continuou trabalhos em TV e teatro. Como você consegue força e equilíbrio para executar seus trabalhos?
É muito difícil, mas acredite ou não, o teatro me ajudou nisso, pois uma das primeiras coisas que ouvi quando iniciei o curso de teatro foi que independente do problema que esteja passando, respire fundo e entre no palco, dando o melhor de si. Acho que aprendi direitinho, pois é o que faço.

O que mais incomoda você neste processo de altos e baixos da doença?
São muitas coisas, mas as fakenews me incomodam muito. Principalmente, quando dizem que morri, quando, na verdade, estou Vivinha da Silva e lutando para não morrer.

As fakenews me incomodam muito, principalmente, quando dizem que morri, quando estou Vivinha da Silva e lutando para não morrer.

Odeio quando jornalistas como Léo Dias e Fábia Oliveira, sem ter o cuidado de checar informações, postam informações totalmente adversas ao meu estado de saúde ou internações. Isso incomoda muito, pois não afeta só a mim. Eu tenho família, amigos, fãs e pessoas que se preocupam comigo e que ficam desesperados quando veem esse tipo de notícias.

E o que mais tem aprendido nestas fases de superação?
Que a fé é a coisa mais importante, que se você quer algo, é só ter fé e fazer sua parte, correr atrás sem desistir com as pedras que apareceram no caminho, pois com Deus na frente e sua vontade de vencer, isso vai acontecer. Basta ter fé, paciência e perseverança.

A filha Iza tem 17 anos e Cláudia diz que fazer rir é o que sabe fazer de melhor na vida

Que tipo de personagem gostaria de fazer hoje que representasse bem a sua vida nestes últimos anos?
Gostaria de fazer uma personagem em uma novela que retratasse minha vida, tipo uma pessoa famosa que de uma hora pra outra tivesse o diagnóstico de esclerose múltipla. E que retrata-se tudo o que passei e passo e no final surgiria um tratamento, remédio ou qualquer coisa que me desse a cura. Ia ser bárbaro, pois ajudaria muitas pessoas a enfrentarem melhor a doença. É tipo assim: levar a minha realidade para a ficção.

Que conselho poderia dar para uma pessoa que também sofre de esclerose?
Nunca desista, acredite que tudo vai passar, tenha fé, faça tudo o que pode e não pode para ter uma qualidade de vida. Por pior que seja sua situação, pense que sempre tem gente pior que você e que você pode ajudar a pessoa a vencer, se você não desistir. Seja exemplo para seus familiares e amigos. Lute com todas as suas forças e coloque tudo nas mãos de Deus. Com ele, a vitória é certa.

O que a Marinete, de A Diarista, diria para você nos dias de hoje?
Você tem que fazer as coisas, senão o mundo vai passar por cima de você. E como você é pequena, ele te engole, né, colega?

Nunca desista, acredite que tudo vai passar, tenha fé, faça tudo o que pode e não pode para ter uma qualidade de vida

Qual o trabalho que mais gostou de interpretar entre tantos, como Caça Talentos, Zorra Total, Sai de Baixo, Escolinha do Professor Raimundo, Casseta & Planeta?
Eu gosto de todos. Cada um representou algo grande para mim, mas se eu tivesse que escolher entre esses que você citou, seria a Tália na Escolinha. Além de contracenar com várias feras e com o mestre Chico Anysio, foi uma criação minha. É como uma filha, sabe, a gente tem um amor incondicional.

“Nesse ano, vou ficar mais ativa nas plataformas digitais e vou postar muitos vídeos no meu canal” Foto: Reprodução

O que pensa sobre Deus no meio de tudo o que vive?
Deus é tudo pra mim. É só entregar seus problemas na mão dele, pois é o que eu faço e deu para perceber que dá certo, né? Estou viva e bem, pois, se não fosse ele e a minha empresária Adriane Bonato, que é um anjo na minha vida, eu já estaria morta há muito tempo, pode ter certeza disso! Devo tudo a eles!

Deus é tudo pra mim

O que tem absorvido de mais uma lição de vida neste período de quarentena?
Com certeza, Deus está falando, ou melhor, gritando com o povo por meio do que está acontecendo. Foi preciso fazer todo mundo ficar em casa para salvar o planeta. Os peixes e os animais estão voltando para seus habitats, a poluição diminuiu, a natureza está se reerguendo, as pessoas estão solidárias, os pais estão cuidado dos filhos, as pessoas estão tendo tempo, até de sobra, para tudo. Em resumo o planeta está sendo curado e as pessoas estão tendo que se reinventar e ficar mais humanas. O Covid veio para mostrar que todos somos iguais e vulneráveis a qualquer coisa. É o que eu penso.

Sobre o seu canal no YouTube?
Sobre o canal, criei ele em março de 2016. Na época, eu estava desempregada e precisava me reinventar. Minha empresária, Adriane Bonato, morou 17 anos em Nova York e sempre me falou que o futuro era a internet, e que eu deveria ter um programa on-line. Criamos o canal e estávamos trabalhando um programa chamado Cara a Cara com Cláudia Rodrigues. Mas o projeto foi interrompido, pois fui hospitalizada e tive que fazer reabilitação.

Beijar Muito enfatiza a saudade que todos sentimos uns dos outros neste momento

Mas a pedido dos fãs, esse ano vou ficar mais ativa nas plataformas digitais e vou postar muitos vídeos no meu canal. Essa é a minha vontade e espero que as minhas limitações e a esclerose múltipla me permitam realizar esse projeto, pois sabemos que rir é o melhor remédio. E isso é o que sei fazer de melhor na minha vida.

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