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Cassiane fala de casamento, filhos, música, igreja e séries!

Realizada, a cantora fez uma análise dos quase 40 anos de carreira

Rafael Ramos - 18/02/2019 10h06

Cassiane fala sobre carreira, família e ministério pastoral Foto: Reprodução

Considerada uma das principais representantes da música pentecostal, Cassiane atualmente se divide entre a carreira, a família e o ministério pastoral. Ao lado do marido, o pastor Jairo Manhães, ela dirige a Assembleia de Deus em Alphaville (ADAlpha).

Há 38 anos na estrada, a cantora foi indicada ao último Grammy Latino com o CD Nível do Céu. Do álbum saíram um clipe e três live sessions, mas ela adianta que teremos novidades.

Em uma descontraída entrevista ao Pleno.News, a mãe de Jayane, Caio e Joshua falou sobre música, carreira, igreja, família, filhos e até deu dicas de séries para a hora do lazer.

Qual balanço que você faz da carreira?
A gente sente um peso, né? Mas ao mesmo tempo eu me sinto uma vitoriosa. A gente está vivendo um novo tempo de mídias sociais, internet e, eu, estou aí em plena atividade. A maturidade chega com o tempo, mas a gente vai dando valor ao que realmente tem valor. A vida de cantora é um sobe e desce e, se você não estiver realmente firmado na Rocha, que é o Senhor, você, às vezes, pode até se perder. Deus me deu algo muito lindo e eu tenho que zelar por isso.

Você começou no LP, pegou fita cassete, CD e agora está no digital. Como é acompanhar as mudanças na indústria?
Eu acho essas mudanças muito loucas, porque no digital é tudo muito rápido. Você lança uma música hoje e, hoje mesmo, uma pessoa do outro lado do mundo já está ouvindo. Ao mesmo tempo que é rápido para o bem, pode ser rápido para o mal. As notícias se espalham rápido. Mas estar no meio disso, depois de quase 40 anos, eu tenho que falar Glória a Deus!

A Cassiane é só pentecostal?
Sou pentecostal, mas atualizada. Meus filhos são jovens e acompanho o que eles gostam de ouvir. Dei uma mesclada no meu repertório porque não quero que falem que Cassiane é só pra velho. Velho é o diabo! Eu gosto de me atualizar, mas sem perder a essência. Eu sou pentecostal, sou do fogo, é uma coisa que está dentro de mim e não tem como eu negar. Então, mesmo que eu cante uma música mais lentinha, se o fogo descer, eu dou lugar. Eu quero estar em um contexto atual, sem perder aquilo que Deus me deu. O pentecostalismo está dentro de mim e vai fluir onde eu estiver.

Como foi a experiência do Grammy?
Foi a primeira vez que fui a Las Vegas e me diverti demais. Era tudo novo, mas a gente estava junto e torcendo um pelo outro. O reconhecimento de um trabalho já é um grande presente. Fiquei muito feliz com o que Deus fez e eu dou glória porque me alegro com tudo o que Ele me proporciona. Eu me realizei em Nível do Céu. Gosto de todas as músicas, não tiraria nenhuma.

Cassiane recebeu a primeira indicação ao Grammy Latino com o CD Nível do Céu Foto: Reprodução

Você manifestou a vontade de fazer um clipe apoteótico de O Leão e o Cordeiro e Até Seus Braços. Vai acontecer?
Por mim eu faria ontem, mas tem toda uma programação e organização da gravadora. São muitos artistas e é compreensível. Mas o próximo clipe será O Leão e o Cordeiro. Vamos começar a discutir sobre o roteiro e quero mesmo uma coisa bem apoteótica porque a música é assim.

Você foi consagrada pastora em 2005, uma época em que isso não acontecia na Assembleia de Deus. Como foi representar um marco?
As pessoas me perguntavam se eu esperava. Como eu ia esperar uma coisa que não existia? Tinha umas 300 mil pessoas naquela convenção em Paulínia (SP). Jairinho e eu estávamos voltando de um evento no Nordeste, o voo deu problema e ele não conseguiu chegar no dia da consagração. Fomos no dia seguinte. Quando eu acabei de cantar, o bispo Manoel Ferreira falou: “Eu vou fazer algo extraordinário e só vou fazer porque eu conheço a pessoa que vou chamar aqui. Sei que é homem de Deus, sei do compromisso com Deus, houve um transtorno para que eles não chegassem, mas sei da história deles e os acompanho”.

Jairinho já era evangelista e eu estava chorando e aplaudindo. O pastor mandou que eu me ajoelhasse ao lado do meu marido, colocou a mão na cabeça do Jairo e falou “A ti consagro ministro do evangelho, pastor”. Aí ele bateu na minha cabeça e falou “A ti consagro pastora”. Eu já tinha sido consagrada à missionária em 2003, esse era o cargo da mulher na Assembleia de Deus. Comecei a chorar, Jairo pegou na minha mão e deu glória a Deus. O povo começou a glorificar, foi muito lindo. Aí ele falou uma frase que eu nunca mais esqueci: “A unção foi derramada e não se pode revogar”.

Cassiane e Jairo Manhães foram consagrados a pastores em 2005 Foto: Reprodução

Enfrentou muito machismo na igreja?
Sempre. Hoje, praticamente nada, mas, no início, encarei muito preconceito. Até pastores renomados falaram que nunca me chamariam de pastora. Eu chegava aos lugares, o Jairo subia para o púlpito e eu tinha que ficar embaixo. Mas eu nunca me senti menosprezada. Não é um homem que vai impedir o que Deus quer fazer. Acho que é até por causa dessa minha postura que Deus fez acontecer. Se eu chegasse falando “eu sou pastora”, acho que seria terrível. Sempre soube do meu lugar e continuo sendo a irmã Cassiane. Fui consagrada à pastora, mas sei o meu lugar ao lado do meu esposo. O cabeça da casa e da igreja é o meu marido. Sou a ajudante dele, sou auxiliadora.

E como foi o desafio de assumirem a direção da ADAlpha?
A minha carreira estava em plena atividade, mas Deus tem os Seus planos. A gente nunca dirigiu igreja diretamente, somente o Culto da Bênção da Assembleia de Deus em Nova Iguaçu (RJ). Por oito anos fomos os pastores auxiliares. Até que o nosso bispo Samuel Ferreira nos chamou até São Paulo e disse que tinha um desafio. Ele disse que tinha um lugar onde já tinham aberto uma igreja por três vezes, mas fechado, e que a guerra era muito grande.

E quando chegaram lá?
Eu não conseguia entender até a gente ir para Alphaville. Não tinha um templo, não tinha igreja. A gente começou do zero com cinco pessoas: Jairo, eu e nossos três filhos. A Igreja fez cinco anos em dezembro e estamos com 2.200 membros. Quando chegamos lá, as pessoas diziam: “Carioca é animado, mas cuidado porque aqui é terra seca que mata igreja e pastor”. A gente repreendeu e o Senhor fez a obra. Eu amo o Rio, mas agora estou “paulioca”.

Cassiane e Jairo estão há cinco anos à frente da ADAlpha Foto: Reprodução

Você contou sua história no Audiobles e não deixou de falar da crise com a gravadora. Foi sua opção falar?
A gente discutiu os assuntos que poderiam ser falados e a MK mandou eu ficar à vontade. Mas, se o Audiobless é um testemunho, você não pode anular algo que aconteceu. O resultado está sendo muito maior do que eu imaginei. As pessoas estão me mandando mensagens, dizendo que estão sendo impactadas. É isso que tem quer ser. Sou eu contando a minha vida para edificar outras vidas.

Aos 46 anos já bate a crise dos 50?
Eu sou muito resolvida e falo que estou mais perto dos 50 do que dos 40. É óbvio que não tenho mais a disposição que tinha aos 20, mas me sinto muito bem. Converso com meu filhos, tenho uma cabeça super aberta e estou sempre me informando para não ficar para trás. Quem vive de passado é museu. Eu sou uma pessoa que ama aprender. Estou vivendo, não estou morta e aprendo muito com os meus filhos.

Qual é o segredo para manter um casamento feliz por quase 25 anos?
Eu tenho certeza que é porque o Jairinho é meu melhor amigo. O que ele tem para me dizer sempre é importante e ele também não toma nenhuma atitude sem a minha opinião. Casamento não é só sexo. Casamento é você, literalmente, ter aquela pessoa como seu parceiro de vida. A Bíblia fala que eu e o Jairo nos tornamos uma só carne. Se eu sou uma só carne com ele, como posso ter as coisas separadas dele? Como é que ele não pode saber qual o meu rendimento? Lá em casa não tem meu nem dele, tudo é nosso. Você não casou com um animal irracional. Nós todos raciocinamos e todo mundo está sempre pronto a aprender. Só tem que ter calma.

Cassiane e Jairo ao lados dos filhos Joshua, Jayane e Caio Foto: Reprodução

A Jayane vai cantar?
Ela começou a compor músicas e foi uma atrás da outra. Mas não é porque é minha filha que ela tem que ser cantora. Ministério é algo que vem de Deus para a pessoa, não porque herdou da Cassiane e do Jairo. Mas, dou total apoio para o que ela decidir fazer. A Jay é uma menina muito de Deus. Ela lê a Bíblia, ora e ouve a voz de Deus. Tanto é que ela escreveu músicas no estilo dela, do jeito dela, da alma dela, que fluíram do coração dela, com a vozinha tão gostosa de ouvir.

Como é ser mãe de adolescentes? Você já tem futura nora, né?
Não é fácil! A minha pós-graduação foi em Psicologia e o que eu mais ouvia era reclamação de sogra por causa de nora. Eu determinei que, para mim, não ia ser assim. Tanto meu genro quanto minhas noras vão me amar. As mães precisam usar a cabeça! Se fizerem guerra contra nora e genro, vão perder os filhos. Eu sou uma segunda mãe. A Esther (namorada do Caio) me ama, já viajou comigo e a gente se dá super bem. Eles estão muito jovens, mas se casarem, eu os abençoo porque eu não quero que ela leve embora meu filho. Toda mãe tem que pensar assim.

Cassiane com a nora Esther Marcos Foto: Reprodução

O que você gosta de fazer nas horas vagas?
Eu vejo série, mas, por incrível que pareça, gosto de série histórica. A última que assisti foi The Last Kingdom. Eu sou do tipo que vejo a série e vou para a internet conferir a história, gosto de saber se tem veracidade. Eu vi O Reinado, sobre a rainha da Escócia que se casou com o rei da França, mas que brigava com a rainha da Inglaterra. Vejo como o modo de viver mudou, mas que a ganância do povo continua a mesma. São séries que vão abrindo mais a mente. Também gostei de Greenleaf, mas senti que faltou mostrar também o lado bom da igreja. Comecei a ver Agents of S.H.I.E.L.D. por causa dos meus filhos. Amo séries de herói.

E filmes?
Achei Divertidamente, fantástico! É um filme que todo adulto tem que ver, mas dizem que é de criança. No dia em que eu vi, eu disse que criança nenhuma ia entender aquele filme para poder entender um pouco mais a mente. Você começa a imaginar, começa a rir e se identificar. No filme, a menina foge de casa, mas não tem sentimento, porque está sem tristeza e sem alegria. Se você está sem alegria e sem tristeza, você pode abandonar quem você ama a ainda assim você não vai sentir nada. É muito importante as pessoas assistirem.

Greenleaf é uma das dicas de Cassiane

Que sonhos ainda faltam para você realizar?
A gente sempre tem um monte de sonhos, mas eu sou uma pessoa muito pé no chão. Sei que ainda estou em atividade, mas não sou como essa turma nova que está tipo um furacão. Não me coloco em um patamar de comparação com os jovens, mas não me rebaixo dizendo que não tenho mais o meu valor. Quanto eu sento com essas meninas para conversar, acho bonito quando elas falam que aprenderam muito comigo. É legal você deixar um legado para essa nova geração que está cheia de força, cheia de gás. Se depender de mim, vou ser o arco para que essa turma nova possa voar e atingir quanto mais corações puder.

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