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Cantor fala da recuperação um ano após ser baleado

"Eu sei o que é passar no vale", disse Elyon Sosthenes

Rafael Ramos - 08/07/2020 14h42 | atualizado em 08/07/2020 16h32

Elyon Sosthenes testemunha milagre um ano após ser baleado na cabeça Arte: Pleno.News

Há exatamente um ano, a vida do cantor Elyon Sósthenes passou por uma grande mudança. Na madrugada de 8 de julho de 2019, ele foi surpreendido por cinco bandidos enquanto dirigia pela Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Confundido com um policial, ele foi baleado na cabeça e ficou 84 dias internado na UTI.

Enquanto esteve no hospital, várias pessoas se mobilizaram para orar pela vida de Elyon, que é cristão, casado com Mariane e pai de Emanuela, de 2 anos. Em entrevista exclusiva ao Pleno.News, ele lembra daquele fatídico dia e conta detalhes de como está sendo sua recuperação.

O cantor é membro da Assembléia de Deus Ministério Colheita de Deus, dirigida pelo pastor Nelson Santos, em Duque de Caxias. Com a certeza de que “tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus”, , Elyon Sósthenes declara que sua vida é um verdadeiro milagre.

Qual foi sua rotina no dia em que tudo aconteceu?
Na época, eu trabalhava de Uber à tarde. Lavei o carro e decidi visitar a Igreja O Brasil para Cristo em Jardim Olimpo, do meu amigo – o cantor Mateus Pereira – com minha esposa e com nossa filha. O culto acabou às 20h e decidimos passar no Subway de Santa Cruz da Serra. Comemos e, chegando em casa, lembrei que tinha que pagar o carro no dia seguinte (8 de julho), mas combinei com minha esposa que faria apenas duas viagens e, em 30 minutos, eu já estaria em casa.

E como foi o momento em que os assaltantes te abordaram?
Depois de 30 minutos, eu liguei para ela abrir o portão porque já estava a cinco minutos de casa. Foi quando um carro começou a se aproximar e encostou na minha traseira. Pelo telefone, avisei a minha esposa: “Amor, vou ser assaltado! Perdi o carro!”. Ela discutia comigo, com o telefone no viva voz, não querendo aceitar que eu fosse assaltado. Foi quando, de repente, ela ouviu o som do tiro.

Graças a Deus a bala ficou presa no encosto de cabeça no meu banco. Eram cinco assaltantes que, quando perceberam que eu estava vivo, começaram a gritar que eu ia morrer porque era policial. Tentei acalmá-los por diversas vezes e explicava que eu não era quem eles estavam procurando, mas eles falavam em alto e bom som que eu ia morrer. Quando perceberam que eu continuei dirigindo, eles ultrapassaram tirando um fino no meu carro. Quando olhei para o carro deles, à esquerda, eles atiraram e atingiu minha cabeça. Daí eu perdi as forças e caí em cima do volante e o carro começou a rodar na pista.

Minha esposa gritava no telefone que ainda estava no viva voz. Foi quando o meu carro invadiu a calçada de um borracharia numa altura de 50 cm. Os bandidos saíram do carro onde estavam, abriram a porta do meu carro e começaram a gritar “Você vai morrer! Não pede misericórdia! Você é polícia e vai morrer!”. Entre muitos palavrões, eles me mandaram sair do carro, mas eu não conseguia devido à dor que estava sentindo por causa do tiro na cabeça. Eles me arrancaram do carro, me lançaram no chão e me deixaram ali para morrer.

Você chegou a crer que não sairia vivo dessa situação?
Pela graça de Deus, um conhecido passou em frente à borracharia, viu um homem deitado no chão, sentiu no coração de voltar e ver quem era e se podia ajudar. Quando ele viu que era eu e que estava baleado, ele correu na casa do meu sogro Nelson Santos, que também é o meu pastor, e falou o que viu. Ele imediatamente entrou no carro e foi até o local. Segundos antes do meu sogro chegar, eu fiz um pedido a Deus: “Minha história acaba aqui. Recebe meu espírito. Perdoa meus pecados”.

A única certeza que eu tinha naquele momento era da minha morte. Foi quando meu sogro chegou chorando e afirmando: “Elyon, meu filho, você não vai morrer”. Foi quando ele ouviu um carro da polícia se aproximando de nós e começou a acenar pedindo ajuda. Os policiais não podiam me ajudar por ser um papel da ambulância, mas meu sogro começou a implorar que, se eles não ajudassem, eu iria morrer rápido ali no chão.

Os policiais disseram: “Olha, eu vi que você e ele são homens de Deus, por isso vamos ajudar”. Enfim me colocaram na viatura me carregando pelas pernas e braços. Eles correram comigo que tremia muito de dor até o Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. Chegando lá, os plantonistas acharam que era mais um bandido baleado. Eles só me limparam e esperaram a morte cerebral já que eu não reagia.

Ainda internado ao lado da esposa Mariane Foto: Arquivo Pessoal

Como foi essa luta pela vida durante o tempo em que esteve internado?
Os dias no hospital foram intensos. Eu acordei no CTI onde fiquei 72 dias, sendo que 22 eu estava em coma. Tive que passar pela diálise e fazer descompensação e traqueostomia. Tive três pneumonias e infeção hospitalar. Não foi fácil, mas a mão do Senhor em todo o tempo esteve conosco. Eu já estava muito cansado de todo o processo, mas, quando tive alta e fui para a enfermaria, entrei no elevador com meus pais e os maqueiros e cantei a música Sobrevivi, da Sarah Farias. Meus pais ficaram espantados por eu lembrar dessa música.

Você diria que essa música se tornou a trilha sonora da sua vida?
Eu cantava o tempo todo ainda no CTI e ela se tornou uma arma pra mim. Mesmo que eu não cantasse com meus lábios, na minha mente eu cantava essa música e guerreava contra toda dor e Deus me deu vitória. No dia da minha alta – 30 de setembro de 2019 – várias pessoas me surpreenderam cantando essa música no corredor do hospital porque sei o que é passar no vale e essa música fala tudo. Para aprender a ganhar, tem que perder. Para aprender a subir, tem que descer. Dói, mas a gente vence. Com Deus somos capazes de vencer porque tudo podemos naquele que nos fortalece. De lá até hoje, tenho tido grandes vitórias que o Senhor tem me dado. Por diversas vezes achei que ia morrer, mas a mão do Senhor me sustentou.

Ao lado da mãe e da irmã Foto: Arquivo Pessoal

Qual foi a experiência mais marcante que você teve nesse período?
No CTI, minhas mãos não mexiam até que a direita começou a mexer. Eu não falava por causa da tubação até que um amigo pediu para me darem um caderno em branco pra desenhar o que eu não conseguia falar. A primeira coisa que falei chorando de alegria foi “Estou muito feliz com Jesus”. Eu sentia alegria no Senhor mesmo com dor. O segundo desenho que fiz foi uma mensagem pro meu pai: “Pai, não pare de orar por mim”.

Como foi ver sua esposa e sua filha pela primeira vez após o ocorrido?
Eu fiquei 84 dias internado e fui para a casa dos meus pais para me recuperar de todo o processo do tratamento. Foi um choque grande quando vi minha filha porque ela demorou um pouco pra me reconhecer. Ela tinha apenas 1 ano e dois meses quando tudo aconteceu. Minha aparência mudou muito enquanto eu estava no hospital. Minha esposa teve uma anemia profunda nesse período, mas, mesmo enferma, ela estava lá todos os dias. O amor sustentou nosso relacionamento nesse momento tão difícil.

Como foi o processo de recuperação?
A recuperação foi dolorosa. Faço fisioterapia até hoje. O início foi muito frustrante porque não tinha noção que doía tanto. Fiquei acamado no hospital, minhas pernas e braços atrofiaram e tive perda temporário dos movimentos. Eu gritava e chorava de dor, mas tinha que suportar aquilo ali. Meu pai e minha irmã iam comigo e me davam força. Eu faço fisioterapia todos os dias e até hoje dói, mas muito menos do que no começo.

https://www.facebook.com/elyon.sosthenes/videos/3036201903131834/

Chegou a questionar Deus pelo que tinha acontecido?
Questionei muito. Lembro que na casa dos meus pais eu não conseguia me levantar pra me olhar no espelho, eu liguei a câmera do celular e tomei um susto quando me vi. Questionei porque comigo se não tinha feito nada para estar nessa situação. Mas, com o tempo, vi que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável e todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Deus está no controle e não faz provação além do que possamos suportar.

Quem é o Elyon hoje, um ano após tudo isso que aconteceu?
Ainda não retomei às atividades na igreja até porque não estou andando nem dirigindo. E ir para ir para igreja de cadeira de rodas requer uma grande logística, mas hoje sou um novo Elyon. Eu reconheço que não era para estar vivo e se hoje estou é pela infinita misericórdia do Senhor. Valorizo muito mais a vida, minha filha, meus pais e procuro tirar a visão das coisas passageiras olhando para Cristo.

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