Virgínia Martin - 30/11/2020 17h30 | atualizado em 30/11/2020 18h17

O povo americano escolheu e a vitória de Joe Biden deverá ou não ser confirmada como novo presidente dos Estados Unidos. Antes de conquistar seu lugar na Casa Branca, Biden já traz expectativas. Novas relações econômicas e diplomáticas com países, como o Brasil, regras de imigração, taxação de produtos, leis contra ou a favor de pautas cristãs nos Estados Unidos, são algumas das demandas que os residentes da maior potencial mundial irão acompanhar.

Mas o que pensa a Igreja Evangélica na terra do Tio Sam? Como brasileiros e americanos que frequentam igrejas cristãs nos Estados Unidos estão reagindo e como pensam em se comportar com relação a um novo tempo de governo? Para responder estas e outras perguntas, o Pleno.News entrevistou Leidmar C. Lopes, atualmente presidente da Associação de Pastores Evangélicos Brasileiros nos EUA.

Leidmar, 55 anos, é pastor, graduado pelo Seminário Teológico Batista Independente, em Campinas (SP), também formado em Psicologia e possui vários cursos em Liderança e Plantação de Igrejas. Nascido em Goiânia (GO) e casado com Raquel Lopes há 26 anos, está há 34 anos nos Estados Unidos e conhece bem o pensamento da comunidade cristã brasileira que vive naquele país.

Como se tornou o pastor presidente da Associação de Pastores Evangélicos Brasileiros nos EUA?
Há 24 anos, por entender ser uma necessidade dos pastores brasileiros nos EUA, iniciamos encontros na sala da minha casa para comunhão e encorajamento de pastores. Tudo começou informalmente e somente no segundo ano formalizamos e consolidamos o início da Associação no sul da Flórida, o que se tornou uma plataforma para o início do que hoje é a Associação de Pastores Evangélicos Brasileiros nos EUA.

Atualmente, contamos com 1600 pastores brasileiros em território norte americano

Nossa proposta é de pastoreio de pastores, de saúde familiar e de influência em ações comunitárias. Atualmente, contamos com 1600 pastores brasileiros em território norte americano. Presidi os primeiros anos da organização. Depois tivemos mais cinco outros presidentes, até que retornei em 2016, quando avançamos com a presença da Associação a nível nacional.

Qual tem sido a sua percepção com relação aos processos que fazem parte das eleições para a presidência norte-americana?
É preciso fazer uma observação sobre a forma de eleições aqui nos Estados Unidos: o candidato pode ganhar o voto público nacional e não ter a maioria do Colégio Eleitoral. Outra coisa importante: as eleições aconteceram no dia 3 de novembro, quando se tem o resultado do vencedor do Colégio Eleitoral. Mas somente no dia 14 de dezembro, este Colégio irá votar no seu candidato para presidente. Ou seja, somente neste dia se oficializa o verdadeiro ganhador do pleito.

Mas somente no dia 14 de dezembro, este Colégio irá votar no seu candidato para presidente dos EUA

Um problema: o órgão oficial que gerencia as eleições escolhe um órgão de mídia para ser o interlocutor desse órgão/eleições e os demais veículos de mídia em qualquer formato. Neste ano, a AP (Associated Press) foi escolhida. E, infelizmente, os veículos de mídia cortaram caminhos de maneira preferencial, como um gesto de discriminação e alienação do presidente Donald J. Trump. Por isso, anunciaram a vitória do ex-vice Presidente Joe Biden de maneira aleatória e fraudulenta, maculando-se ainda mais o sistema eletivo nos EUA.

O senhor percebe manobras eleitorais a favor de Biden?
O ex-vice Presidente Joe Biden não foi oficializado por ainda não terem sido contabilizados os votos legais. Legais porque aconteceu muita fraude no processo. Milhares de mortos apareceram votando, excesso em duplicação de votos, desvio massivo de cédulas eleitorais, desaparecimento de pen-drives com resultados dos votos, software com logaritmos programados para desvio de votos, e um número sem fim de irregularidades nas centrais de contagens de votos.

Joe Biden não é presidente, até que, se acontecer, seja certificado

Em contrapartida, a equipe do Presidente Donald J. Trump, em conjunto com o advogado geral da presidência, instalaram vários processos em mais de 6 estados, interpelando a certificação dos resultados eleitorais. Está ainda longe de terminar o processo, podendo mesmo terminar na Suprema Corte Americana. Por estes e vários outros motivos as eleições nos EUA 2020 ainda não terminaram. Joe Biden não é presidente, até que, se acontecer, seja certificado.

Com foi a reação das igrejas e dos pastores diante destas eleições?
A reação das Igrejas Brasileiras é de aguardar e, ainda com esperança, que o processo seja revertido. Este não é o sentimento somente dos evangélicos, mas da comunidade na sua maioria.

Qual é a sua percepção de futuro para os cristãos no país?
É importante que se diga que estas eleições estão entre as mais importantes da história dos EUA, senão a mais. Este é um momento histórico cíclico. Uma mudança gigantesca está esboçada diante de todos nós. Quem tem ouvidos e olhos, por favor, ouça e veja. Se for confirmado Biden/Harris, iremos orar por eles, mas precisaremos nos preparar para tempos sombrios, “prenúncio de dores.” Se a Suprema Corte reverter, algo que só aconteceu duas vezes na história dos EUA, ganharemos mais tempo com um governo que apoia os evangélicos.

Que leis a favor das pautas levantadas por cristãos têm sido levantadas e que resistências existem?
O Presidente Donald J. Trump é historicamente o Presidente Americano que mais defende a Liberdade Religiosa, o que o governo anterior, do celebrado no Brasil, Barack Obama, tolheu, marginalizou. Não fosse a vitória do presidente atual, muitos pastores e liberdades estariam no cárcere. As ações do atual governo têm sido extremamente favoráveis e fiéis à história dos país da nação.

O presidente que mais deportou imigrantes e construiu as famosas gaiolas nas fronteiras se chama Barack Obama

Este é um governo pró-Life, contra a ideologia de gênero, e pró-Israel, contra o tráfico humano (o país e governo que mais investiu por desmantelamento desta prática), contra terrorismo, totalmente a favor de imigração legal. Acho que é digno de nota que o presidente que mais deportou imigrantes e construiu as famosas gaiolas nas fronteiras se chama Barack Obama.

Este e um governo de capital, bateu todos os recordes historicamente de crescimento da economia. O governo que mais favoreceu os grupos “minoritário” (negro, hispânicos e outros grupos étnicos e de classes). Até o momento, desde Jimmy Carter, o único presidente que não se meteu em nenhuma guerra bélica. Travou guerras ideológicas e de proteção de mercado contra os desafios estelionatários, desvios de” know-how”, de outras nações.

Que influências acredita que o governo de Biden terá sobre as igrejas evangélicas?
Tudo o que foi construído até aqui, mencionado anteriormente, será destruído. Acentuo aqui a possibilidade de muitos maus tratos aos da fé cristã.

Trump, de fato, é um homem cristão ou trata-se de uma estratégia de marketing com orações na Casa Branca?
Para muitos da mídia, não passou de uma estratégia de marketing. Ele nasceu e cresceu em lar cristão evangélico, com uma tradição de familiares escoceses, dos quais muitos estiveram envolvidos no último avivamento ocorrido na Escócia.

Trump acercou-se de vários outros pastores e quando eleito, criou na Casa Branca o Faith Initiative (Iniciativa de Fé)

Como adolescente, indo para universidade, se afasta do Evangelho e comete todos os devaneios de um jovem distante da fé em Cristo. Boêmio, nunca dado ao álcool ou ao consumo de drogas, falastrão, e outras prerrogativas até se casar com Melania Trump. Desde esta época, encontrou-se com uma pastora que começou a ministrar-lhe a Palavra. Isto anos antes de decidir concorrer para a Casa Branca.

Acercou-se de vários outros pastores, ao ponto de que quando eleito criou na Casa Branca o Faith Initiative (Iniciativa de Fé), grupo que cuida do Presidente e família, vice-Presidente e família e demais funcionários da Casa Branca. Semanalmente, estudos bíblicos acontecem, dos quais o próprio presidente e vice participam quando estão por lá.

Quais as perdas e os ganhos para os EUA com a entrada de um novo governo?
O que perderia é o movimento criado por este governo. O sentimento de patriotismo renasceu, ainda que a mídia e grupos de interesse tentem pintar de outra forma.

Como ficam alianças Brasil-EUA sobre religião e aborto, como a Aliança Internacional pela Liberdade Religiosa e o Consenso de Genebra?
O governo do Presidente Donald J. Trump e do Presidente Jair M. Bolsonaro se alinham em todas as bandeiras. Se opõem a tudo aqui que represente perigo para a manutenção da família nuclear, o futuro das nossas crianças e da sociedade, contra toda sorte de repressão de expressão religiosa em qualquer lugar do planeta. Se acontecer um acidente de mudar o governo, tudo isso vai por água abaixo.

Quais são hoje as maiores demandas dos cristãos residentes nos EUA, um país com forte tradição protestante e influência de missionários pelo mundo?
As mesmas que historicamente trouxeram os primeiros imigrantes europeus. Ou seja, segurança das liberdades de sua expressão religiosa, segurança pela vida, família, oportunidades nas mais diferentes esferas profissionais.

Fale sobre a atuação de outras religiões nos EUA, como o Islamismo. Como tem sido a coexistência entre vários grupos?
Sim, existe um número sem fim de outras religiões e seitas no país, inclusive a crescente do “vulgo ateísmo”, cada um no seu mundo. Um dos grupos que mais cresce no país é o Islam, inclusive pelo número expressivo que chegaram no país no último termo da administração de Obama. Os evangélicos conseguem se relacionar com pessoas de qualquer religião, claro que no cumprimento da grande comissão, procuram fazer o seu papel em testemunhar sobre a salvação unicamente em Cristo Jesus.

Um dos grupos que mais cresce no país é o Islam, inclusive pelo número expressivo que chegaram no país no último termo da administração de Obama

Como brasileiros cristãos lidam com os processos de imigração?
Como um cidadão de qualquer religião, sempre em busca de oportunidades para estar bem com a lei, na expectativa de conquistarem o sonhado “green card”, documento para residentes. O Departamento de Imigração considera ilegais aqueles que atravessam as fronteiras sem nenhum tipo de visto. Aqueles que entram com visto de qualquer modalidade e vencem o seu prazo, são considerados fora de status.

Alguém pode pensar ser a mesma coisa. Não é! Aos olhos da Imigração aquele que entrou sem visto é considerado ilegal. Existem hoje nos EUA algo em torno de 30milhoes de pessoas fora de status e ilegais.

Qual é a sua principal meta como líder da associação?
Continuar provendo encorajamento, ferramentas e pastoreio para pastores e suas respectivas famílias, a fim de que possam gozar de saúde pessoal e familiar na medida em que exercem o seu chamado e ministério.

Não fazemos isso sozinhos. Contamos com muitos pastores e outros profissionais que ajudam nesta tarefa. Também desejo imprimir cada vez mais influência na comunidade como um todo. Precisamos ver o nosso povo, a nossa comunidade brasileira a nível nacional, que ultrapassa o número de 3,5 milhões.

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