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Ruth Catala: a estratégia para ser uma mulher empoderada

Ruth Catala faz críticas às atuais identidades femininas, reorienta sobre submissão e avalia comportamentos

Virgínia Martin - 01/05/2018 09h02 | atualizado em 01/05/2018 19h42

Ruth Catala mora em Curitiba com a família e atua como pastora da Igreja Batista Nova Jerusalém

Ruth Catala tem aquele sotaque português proveniente de Angola, sua terra natal. Bacharel em Teologia, estuda agora o curso de Pedagogia e teve a oportunidade de lançar o livro Mulher S – Em Busca do Sucesso, da editora AD Santos. Ruth tem ideias lúcidas, claras, que promovem contundência.

Aos 26 anos, atua como pastora na Igreja Batista Nova Jerusalém, em Curitiba, Paraná. É apaixonada por sua família, e está sempre bem acompanhada pelo marido Manuel Catala, com quem é casada há cinco anos, e pela filha de 2 anos, Silvina Edmée Catala.

Totalmente adaptada ao Brasil, a escritora se coloca nas mãos de Deus para seus desafios na missão de fazer com que mulheres sejam plenas e capacitadas para ser o que Deus planejou para cada uma delas. Em entrevista ao Pleno.News, a escritora fala sobre fatos e opiniões.

Como a mulher cristã pode usar o “empoderamento” para ser produtiva em várias áreas de sua vida?
Primeiro, acho que a palavra “empoderamento” tem sido mal interpretada por alguns que a usam de forma coercitiva, justificando, muitas vezes, suas ideologias que não tem nada a ver com o verdadeiro significado da mesma. Temos visto e ouvido o uso constante dessa palavra. E quando você lê, parece uma coisa muito “importante” e é, desde o momento em que não existam equívocos no radical dela que significa: dar poder a alguém ou a si mesmo! Essa é mais uma palavra em inglês que tem sido confundida, principalmente, por algumas mulheres, que se dão ao direito de interpretar empoderamento como sair às ruas e protestar de seios de fora, ir para baladas e ficar com um, dois, três ou dez homens. E se houver gravidez, não há estresse, é só abortar, já que o corpo é delas e as regras também!

Empoderamento é, para muitas mulheres, fazer carão na foto, pintar o cabelo com a tinta mais ridícula que tiver, depreciar algumas pessoas e até mesmo fazer greve de alisamento e usar só cabelo natural ou dreads. Não sei onde está esse tipo de significado, mas se ser empoderada significa isso, então, prefiro ser “desempoderada”!

Empoderamento é uma palavra que surge num contexto onde a luta era por autonomia e emancipação dos menos favorecidos. Imagine que como negra, por exemplo, eu teria que sair à rua e me desculpar por ser negra. Mas sou negra e não preciso sair à rua hoje, justificando minha negritude. Nasci assim e desfruto da minha cor e de tudo que me diferencia das outras mulheres, sejam elas negras, brancas, pardas etc. E estou nem aí para quem não entende isso. Vá falar com Deus. Porque eu não sou responsável por quem insiste em ser ignorante. Então, devemos usar corretamente a palavra empoderamento para não negativar o legado deixado pelos heróis e heroínas que desbravaram o caminho da liberdade, dando a nós autonomia para sermos nós mesmos.

Agora, se eu tiver que definir empoderamento, prefiro atribuir o significado ao espírito de grandeza que toda mulher precisa ter, espírito esse que a faz lutar pelo que acredita e defender o que ama de forma digna. Espírito esse que a faz crescer na vida sem pisar em ninguém, que entende que dor é dor. E se dói em mim, também dói no outro. Espírito que usa a máxima “farei aos outros somente o que quero que me façam”. Esse espírito humilde que não grita, mas fala, não empurra, mas passa e conquista, esse espírito que não diz “eu estou indo”, mas sim, “vamos para frente”. Esse espírito que não julga, não mata, não morde nem arranha. Espírito que participa da construção social, desfrutando dos direitos e velando pelos deveres. Se isso for EMPODERAMENTO, então, eu quero ser empoderada, porque ser uma mulher empoderada está além da cor, do penteado, do salto, do carão na foto e até mesmo do status. Ser empoderada é ser humana. Neste caso, uma mulher empoderada é aquela que conhece a sua identidade. Ou seja, quem ela é em Deus, o seu propósito, o que ela nasceu para fazer e brilhar, seja como faxineira, cabeleireira, médica, arquiteta, cozinheira, doceira, pastora, empresária, escritora etc.

Manuel Catala é o marido amado com quem Ruth é casada há cinco anos

O que é ser mulher submissa hoje, segundo os princípios bíblicos?
A sociedade nos mutilou um pouco quando colocou a submissão em pé de igualdade com o ser capacho ou acenar a cabeça para tudo. Quando nós vamos lá na origem, em Gênesis 2:18, o próprio Deus, ao criar a mulher, disse que o homem sozinho não estaria completo. Então, fez uma auxiliadora idônea, que radicalmente significa “ezér” e que em Salmos 46:1 traz o mesmo significado do que Deus é para o ser humano: “auxílio”, “socorro bem presente”. Neste caso, ser submissa tem a ver com ser para o seu marido, seu pai, seu líder ou qualquer outra pessoa, o auxílio sem o qual o projeto não pode ser completo. É também o ser a força, a harmonia, o equilíbrio e a esperança de que, por mais dificuldades que possam vir, Deus usa tanto o homem quanto a mulher “juntos” para cumprir a sua vontade na terra, tanto no casamento, no ministério ou na sociedade de forma geral. Todas as vezes em que eu vou pregar, digo que a submissão é uma metralhadora que faz grandes estragos, porque vejo pela minha própria experiência que, quanto mais me submeto e me realizo na liderança do Manuel Catala, mais ele me honra, mais ele me ama e mais ele quer ser meu herói.

O que pensa do Feminismo e sua evolução, desde a origem na Revolução Francesa, passando por Simone de Beauvoir, até as feministas radicais da atualidade?
Concordo com a gênesis do Feminismo, pois acredito que o mesmo Deus que criou o homem criou a mulher e lhes colocou cada um em sua posição para que pudessem coroar a criação e administrá-la de forma eficiente para a glória Dele mesmo. Apesar de na sua gênese final, do século 18 e começo do século 19, ter levado as mulheres a lutarem pela sua humanidade e cidadania, de um tempo para cá isso mudou completamente, as mulheres podem votar, entrar em bares, divertir-se, escolher com quem casar, escrever livros, e até mesmo serem donas das próprias empresas. Então hoje, nos deparamos com o Feminismo radical, com o qual jamais concordarei, pois ao olhar para certas crises sociais podemos entender que a luta ou a troca de papéis tem sido a fonte de vários e sérios problemas. Eu penso que para ser uma mulher com autoridade e influência não precisa necessariamente ser feminista ou levantar certa bandeira já que existe muita gente sofrendo e não apenas mulheres.

Oportunidade como escritora: autógrafos para Mulher S – Em Busca do Sucesso.

Uma reflexão para mulheres enganadas, vingativas, rancorosas.
Bom, eu gosto desse momento em que me dirijo a esses grupos de mulheres, já que tenho trabalhado mais intensamente com esse tipo de situação, principalmente, depois do lançamento de Mulher S – Em Busca do Sucesso. Neste livro, trago o exemplo da Mulher Samaritana antes de Jesus; e dessa mesma mulher depois do encontro com eles. Antes ela estava amargurada, decepcionada, ferida, arrependida pelos vários relacionamentos fracassados em que ela se meteu e se frustrou. A diferença após o encontro é que ela não permaneceu rancorosa nem queria se vingar, pois esses dois sentimentos “rancor e vingança” em nada ajudam, só atrapalham. Então, apesar de toda dor que banhava o seu coração, ela ainda tinha algo: a “esperança” de que um dia viria alguém que lhe diria quem ela realmente era, o que ela nascera para fazer, como e onde ela devia fazer e para onde ela iria depois que seus dias na terra se esgotassem. Então, para esses grupos de mulheres, simplesmente digo: “Levante-se daí onde você está, essa posição não lhe favorece, ela só a enfraquece, lhe cansa e lhe desvia do que Deus tem para sua vida. Você pode ir além desse caos. Vá ao encontro de Jesus Cristo, deixe-se curar por Ele e tenho a certeza de que você brilhará como nunca jamais imaginou. Não se renda, seja valente, lute mais um pouco e deixe Deus surpreender você”.

Por que decidiu escrever A Mulher S?
Porque existem duas mulheres numa mesma mulher. A Samaritana que vai ao poço sem Jesus e a mulher de sucesso que sai do poço com Jesus. Quando ela sai do poço, deixa seu cântaro ali mesmo. E assim vejo a representação de uma mulher que deixa tudo que lhe atrapalhava para trás, tomando posse da liberdade que somente tem em Cristo Jesus (Gálatas 5:1), para viver curada, restaurada e capacitada, promovendo o reino de Deus na terra.

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