Sara
À noite, meus olhos cheios de lágrimas transbordam de saudade da minha Sara
Yvelise de Oliveira - 30/10/2018 09h33
À noite, meus olhos cheios de lágrimas transbordam de saudade da minha Sara.
Você não acreditou quando eu disse:
– A curiosidade matou o gato.
Logo você, que gostava tanto da vida. Perder assim sem nenhum motivo o prazer só seu de acariciar-se ao sol, espreguiçando o corpinho esguio e pequenino.
Sarinha — minha Sara — minha gatinha…
Morrer assim, com medo, encurralada por dois enormes pit bulls no jardim tão árido do vizinho. Por quê? Se o seu é coberto de flores e palmeiras.
Acho tão normal chorar por você, tão meiga e amiga, tão suave e frágil como um pequeno suspiro de amor.
Me sinto sozinha sem você para dormir em meus joelhos, na dobra das minhas pernas, seu ronronar, seu olhar verde me dizendo: “Estou tão feliz”. Puro amor.
Onde vou adormecer essa dor aguda que tanto me incomoda? Guardá-la no silêncio, dentro do secreto, onde escondo o que não quero que outros descubram.
– Chorar por um gato? Que absurdo!
Vejo olhares de quase riso. O que me importa? A dor é minha e a saudade também. Há vários tipos de dor e de saudade. Como o amor, o sofrimento também é multifacetado.
Escondo nas sombras os olhos que buscam esconder que sofro.
Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação; ela costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma. |