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Coluna Yvelise de Oliveira: Quero viver algo novo

Eu já decidi: Vou vivenciar algo novo neste novo ano

Yvelise de Oliveira - 02/01/2018 08h00

Deitada no escuro, vou arrumando minha cabeça, organizando o que tenho de fazer. Sinto um tédio profundo com a lembrança das coisas “chatas” que são parte das minhas obrigações.

Pouco antes de cair no sono, meu pensamento martela: “O que você quer fazer?”

Não sei exatamente o quero. Mas tenho certeza de que preciso tentar algo diferente do que estou fazendo agora.

O sono é sempre um bom intervalo quando a gente se sente meio confusa ou achando o dia a dia uma mesmice sem fim.

Todos acham muito interessante o meu trabalho. Para quem vê de fora parece bem diversificado. Até pode ser, mas não sei em que exato momento eu acumulei, para mim, coisas que não quero absolutamente ter que fazer.

É como se minha maneira de viver me levasse subitamente a ter um clique. Gente! Eu estou muito entediada de tudo… Como sempre, eu culpo meus hormônios por não estar plenamente satisfeita, me cobro uma postura que não quero ter. Faço tudo com uma perfeição mecânica. São anos e anos de disciplina que me dizem que a gente faz o que deve e tem que fazer.

Argumento comigo mesma e me obrigo a ter o comportamento que todos esperam de mim. Mas, por dentro, estou como um vulcão. Preciso desesperadamente soltar minha vontade de ser e agir. Não sei quanto tempo vou ainda poder aproveitar plenamente a vida.

Tentando ser sensata, vou conversar com a rainha da sensatez, minha amiga Cristina. Ela me ouve com simpatia e muita paciência. No fim, ela me pergunta:

– O que você quer fazer?

– Não sei – respondo. Só sei que eu quero mudanças, quero novidades, quero algo desafiador, ou quem sabe, quero apenas sossego.

Ela me diz que eu não conseguiria ficar em casa uma semana, acabaria completamente doida:

– Você sempre trabalhou. O que você vai fazer o dia todo? Vai cuidar da casa, dos netos? Você está com uma crise de meia-idade.

Enfaticamente, encerra nossa conversa. Fico frustrada.

– Não é crise – argumento. Estou querendo viajar, passear. Você sabe, ver outros rostos, outras paisagens…

– Seu marido é ocupadíssimo, com quem você vai passear?

As perguntas ficam sem respostas, no ar, à minha volta.

Acho que estou vivendo uma mutação. Quero algo que não sei o que é. Embora goste do que faço, não é como muita gente pensa. Não é fácil lidar com tantos artistas e tantos egos. Haja domínio próprio!!!

Tento mais uma vez convencer Cristina a me apoiar em algum novo projeto. Tipo: vamos levar uma vida “maré mansa”. Ela é radical…

– Se você parar de trabalhar vai acabar no analista. Trabalho é a sua vida…

Calo-me, mas não concordo.

– Eu me sinto envelhecer. Vou falando e saindo da sua sala. – Preciso fazer o que tenho vontade – acho que levantei a voz.

Cristina me olha com um olhar de quem não está a fim de ouvir mais nada.

– Você é feliz e não sabe. Por favor, agradeça a Deus por ser tão saudável e realizar tanta coisa…

– Sempre agradeço – respondo.

– Vá mais cedo pra casa e use sua imaginação…

Cristina me dá um leve abraço e sorri seu sorriso largo e bonito.

Eu me sento e escrevo para vocês. Afinal, deve ter muita gente que quer ter a oportunidade de fazer algo que nunca fez, antes que o seu tempo se esgote aqui na Terra.

Não acho normal ficar pacificamente aguardando que as coisas aconteçam. É preciso fazer acontecer. Sempre é tempo para a gente querer transformar nossas vidas. Sempre haverá um momento em que mesmo tendo realizado muito, queremos poder fazer o que nos dê a sensação de se renovar. Afinal, quem não se questiona, não se transforma, não se enriquece. Não vive novas experiências, não cresce.

Eu já decidi. Vou vivenciar algo novo neste novo ano.

Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação; ela costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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