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Para onde foram meus sorrisos?

Com total honestidade, não me sinto nada feliz; meu sorriso murchou e o meu sol interior entrou em eclipse

Yvelise de Oliveira - 04/09/2018 09h37

Preciso encontrar o caminho para voltar a sorrir.

Sempre tive um enorme sorriso de felicidade, conseguia achar alegria e ser feliz com coisas comuns, qualquer motivo me motivava.

Vivi muito tempo convivendo com o sucesso, meu e dos outros, porque sempre achei que quando um amigo estava feliz e tinha sucesso ele era meu também.

Fiz amigos, construí uma vida, amei muito, sempre soube que doar amor trazia de volta felicidade.

Fiz o possível para manter minha gente comigo: filhos, genro, nora e netos. Meu epicentro na Terra sempre foi meu marido. Eu me acostumei a me sentir mimada e cuidada por ele, meu tudo… Amor de adolescência, mocidade, meia-idade e agora envelhecendo — sempre te amando.

Acho que as perdas da minha juventude me fizeram valorizar muito o que de bom a vida me dava. Sempre felicidade vem em doses mínimas, temos que sorvê-las como um néctar que Deus nos permite tomar. Quando Ele assim deseja.

Sempre encarei a vida de frente, peito aberto, disposta a viver com alegria mesmo que todos dissessem: “Não dá. É muita carga pra você. Desiste…” Mas sempre tive disposição para ser feliz que é o segredo para achar a vida bela. Olhar as coisas e ver o lado positivo, bonito, se negar a ser negativa, mesmo que muita gente dissesse “coitada”, respondia:

– Não, eu não sou. Sou feita para sorrir, para rir, para ter e fazer algum projeto que me deixe tremendamente apaixonada; ter metas e cumpri-las. Ter fé e nunca desacreditar que o melhor da vida estaria guardado para mim, para nós, para vocês que vivem nesse mundo cheio de porquês.

Mas agora, com total honestidade, não me sinto nada feliz; meu sorriso murchou e o meu sol interior entrou em eclipse, fiquei no escuro. A vida fugiu de mim. Já não tenho a força e o ânimo para prosseguir.

É morte a todo instante e já faz tempo… há alguns anos que ela me persegue, na minha cola — cruel — mas tudo que vive tem que morrer um dia — repito como um mantra. Preciso me convencer de que meu filho, meus dois genros, doenças sérias, animais de estimação muito queridos — amigos — gente jovem, que não deveria ver morrer, morreu e eu tive que encarar.

É dor e sofrimento que não acaba mais. É mentira e tanta traição… Mas tudo tem que ter um fim, eu me agarro na minha fé, mas ela fraqueia, me sinto solta como quem cai, cai, cai… em um buraco sem fundo.

Em queda desesperadamente livre, sem apoio, sem entender o porquê do que passo. Sinto um medo estarrecedor. Um pânico da vida me assola e eu sinto que não vou conseguir.

Mas nasci para lutar, e continuo minha luta inglória. Os mortos amados não vão voltar. Envelheço e me entristeço. Já não encontro metas para seguir nem espaço para sorrir — só um pouquinho — uma gota de alegria e eu como planta tenaz possa, quem sabe Deus, voltar à vida, achar meus sorriso, mesmo doloridos e sofridos.

Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação; ela costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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