O que é que faz você mais feliz?
Hoje, desafio a mim mesma a responder o que me faz mais feliz?
Yvelise de Oliveira - 24/07/2018 09h51
Me vejo fazendo esta pergunta a mim mesma, deitada, olhando o céu de um azul indescritível. O sentido de felicidade muda constantemente.
Atualmente a minha pergunta é: “O que quero da vida? Quero continuar trabalhando num ritmo alucinante, sendo sempre competitiva e pagando o alto preço de ter sucesso? Ou quero apenas me sentir feliz?”.
As perguntas me deixam meio atordoada e as respostas custam a sair, como se esse tipo de questionamento há muito viesse me incomodando e eu, teimosamente, o ponho de lado, como aquela visita ao médico que você adia até ficar realmente doente.
Sei que neste exato momento da minha vida profissional eu realizei mais do que pretendia, e talvez aí esteja o problema. Ter sucesso faz com que se tenha a sensação de que ele vai ficar para sempre, mas o sucesso exige que se abdique de muita coisa boa que a vida oferece, inclusive faz a gente esquecer que “não se vive para sempre”.
Eu amo a minha profissão, gosto do que faço e realizo, mas tenho me perguntado insistentemente se estou vivendo a vida ou correndo atrás dela. Faço tudo correndo, quase nem vejo meus filhos, meus netos. Não tenho tempo para meus amigos nem para mim mesma. Não aproveito minha linda casa. Saio cedo e chego exausta. Tudo que quero é banho e cama!
Já não sou mais a mesma. Tenho vontade de dormir até tarde. Fico com uma “inveja gospel” das pessoas que tem disposição para caminhar na beira da praia com as ondas batendo nos pés descalços, neste cálido sol de inverno carioca.
Hoje, acordei resolvida a mudar a minha qualidade de vida. Talvez sejam meus hormônios enlouquecidos com a meia-idade, sei lá. Estou estranha. Não me sinto infeliz, mas estou inquieta interiormente, me preocupo com coisas que antes não faziam nenhuma diferença para mim…
Estou vivendo uma mutação!
Preciso encontrar o equilíbrio de me manter conectada ao mundo à minha volta, continuar vivendo e sentindo a alegria de acordar cada manhã com disposição para responder meus questionamentos. Tenho raízes firmadas em convicções que talvez já não sejam tão primordiais nesta nova proposta de vida que me faço agora. Afinal, como posso pretender mudar a felicidade?
Deus me concedeu tantas dádivas! Tenho que passar o resto dos meus dias agradecendo meu amadurecimento no processo de viver, aceitando que minha maior mutação talvez seja entender que as dádivas não são todas de felicidade. Eu aceito isso como parte das constantes mudanças que me fazem sentir alegrias, tristezas, mágoas, dores e reconciliações.
Preciso de toda a minha coragem para não deixar sem respostas os insistentes porquês. Talvez esse seja o momento de romper com o atual, para viver intensamente, o que para muitas pessoas é o dia a dia.
Quero uma casa com jardim e quintal. Quero ficar horas brincando com os meus netos, com meus bichos, com meus amigos. Quero cozinhar coisas gostosas e cheirosas, feitas pelas minhas mãos. Quero ver o pôr do sol, acho que não o vejo há anos… Não quero mais correr tanto atrás do sucesso. Quero ser um sucesso para mim mesma.
Hoje, eu me desafio a responder: “O que é que faz você mais feliz?”.
Certamente, não é o que faço hoje, mas vocês vão ver como eu vou mudar toda a minha forma de encarar e viver o resto da minha vida. Em breve, vamos nos encontrar por aí a qualquer momento. Vou estar bronzeada e cheia de uma nova alegria; sentindo a felicidade fluindo através do meu corpo, outro tipo de felicidade… Afinal, só se vive uma vez.
E… “Eu não posso esperar, nem desistir, não vou passar por este caminho outra vez.”
Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação; ela costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma. |