Yvelise de Oliveira - 09/01/2018 08h00

O gato me dá uma sensação de segurança interior. Com sua calma e tranquilidade, seu caminhar elegante sob suas patas almofadadas. Admiro sua atitude corajosa diante da vida, mesmo quando ela é dureza, fome, miséria e abandono.

Nada faz com que o gato deixe de ser ele mesmo, sempre tão original e único em sua individualidade. Sinto prazer em conviver com ele, em aprender com sua incrível capacidade de só amar a quem o merece.

Dentro de seus incríveis olhos, cuja variedade de cores parece ser irreal, posso ver o seu interior, sua essência, seu “eu” limpo e sadio. O gato é o que é. Não procura ser aquilo que as pessoas desejam.

Gatos são independentes, mas se nos amam e nos aceitam são sinceros e fiéis. Não existe meio termo para o gato. Ou nos amam ou nos deixam.

Gente não gosta do que não consegue dominar, quer ser o dono da vida e da morte, serem obedecidos sem questionamento. Mesmo nas injustiças e nas crueldades exigem um comportamento servil dos animais a quem, supostamente, criam e alimentam. Com gatos, isso não é possível.

Por isso, muitas pessoas odeiam gatos. Os gatos são sempre os vilões mal falados. Tachados de traidores, hipócritas, interesseiros e de gato ladrão. “Gato só gosta de casa”. “Gato é tão falso…”. “Transmitem doenças”. A culpa da asma é do coitado do gato. Imagine, asma! Uma doença comprovadamente emocional…

– Gato é bicho de bruxa, de feitiçaria.

Gente, que horror! Não estamos mais na inquisição. Você é do tipo que acredita na sorte? Que gato preto dá azar?

Se você é assim tão duro com o gato, é porque não quer um bicho para ser seu companheiro. Quer um bicho para se sentir “proprietário”.

Gato não é propriedade de ninguém. Ele exige respeito no receber e no entregar-se. A relação com ele é de independência e afeto. Gato não gosta de quem precisa gostar.

Gato conserva o seu espaço e raramente invade o dos outros. Conviver com ele faz você abrir seus horizontes de vida. Ele nos ensina a ter paciência e a respeitar silêncios. Gato tem um senso único de oportunidade. É um animal para quem se curte, que não tem nenhuma tendência a tirano, nem quer determinar a hora e o momento de dar carinho e recebê-lo. Carinho, afeto e amor, você recebe, sim, e muito, mas sempre na exata medida do que você der.

Gato adora troca. Como possuem uma consciência muito grande do seu valor e da sua capacidade não podem ser “possuídos”. Têm que ser conquistados porque suas relações de amor são íntimas e profundas.

Ninguém consegue ser mais carinhoso do que o gato. O seu carinho é discreto e intimista. Nesses momentos, você pode, então, sentir que, embora reservado, o gato sabe amar profundamente de uma forma que é peculiar só a ele.

Gato é uma lição de como deveríamos encarar a vida e de como aproveitá-la em todos os instantes, gato cuida do seu corpo como se ele fosse um templo.

Sempre que penso nos gatos que me amaram e me permitiram possuí-los, penso: “De gato, eu entendo”.

Mas é pura pretensão. Cada gato tem uma forma de agir e ser conforme o seu caráter e sua personalidade.

Gato é um ser multifacetado e, ao mesmo tempo, adora rotina, pois ele mesmo é extremamente metódico – até com sua higiene pessoal. Embora seja um animal doméstico, sua natureza livre faz dele um animal indomável.

Eu nunca vi um gato amestrado, nem trabalhando em shows. Ele é o dono de si mesmo. Até a morte, mantém sua dignidade, mesmo que morra de forma cruel e inadmissível.

Se você não curte gatos, nunca conviveu com um, nunca se abriu para receber a verdadeira lição de bem viver que ele pode oferecer a você… Só o gato é capaz de ser ainda mais sutil do que o homem.

Se você gosta de viver sem cobrança, sem veemências e sem exageros…

Se você é do tipo que vive e deixa viver…

Se você procura um amigo, um companheiro para dividir tudo o que sente de verdade, sem mentiras…

Se você precisa restaurar sua autoconfiança e sua harmonia interior, está precisando de recolhimento, entrega e atenção na medida exata…

Você merece ter um gato!

Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação; ela costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma.