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Coluna Yvelise de Oliveira: Foram anos dourados

Fiz parte dos chamados “anos dourados”. Um tempo de inocência, de dançar de rostinho colado e mãos entrelaçadas, sob os atentos olhares de tias e mães

Yvelise de Oliveira - 13/02/2018 09h15

Toda a minha vida, tentei manter vivos os valores aprendidos desde a infância. Entre os anos 50 até o princípio dos anos 70, tínhamos códigos de honra que ninguém desafiava, e que, raramente eram desrespeitados.

Eu fiz parte dos chamados “anos dourados”. Um tempo de inocência, de dançar de rostinho colado e mãos entrelaçadas, sob os atentos olhares de tias e mães. O namoro tinha um começo tão sério. Era preciso haver aprovação das famílias, poucos se atreveriam a namorar escondido. Talvez fôssemos reprimidos para os padrões da juventude de hoje, mas éramos muito felizes e sadios.

Nossas festinhas de fim de semana eram cheias de glamour, onde os rapazes cultivavam ser gentis e atenciosos com “as mocinhas de família”. Principalmente, com as mães das mocinhas!!! Zelosas guardadoras das futuras esposas.

Casar era o sonho total!!! Ninguém imaginava não casar virgem. Não ser mais virgem e ser solteira era tão aterrorizante que eu, sem mesmo entender direito o que era “ser ou não ser”, me encolhia de pavor junto a muitas amigas só de pensar em tal calamidade.

Pode parecer, para estes tempos tão livres e descompromissados com a ética e a moral em que vivemos, que éramos infelizes e não aproveitávamos a nossa juventude. Que éramos esmagados por uma dinastia de patriarcas e matriarcas, mas não era assim. Nós respeitávamos, e muito, a opinião dos mais velhos, e os conselhos de pai e mãe eram considerados tão valiosos que até hoje me vejo usando com meus filhos os conselhos que ouvi na adolescência e não esqueci.

Essa estrutura social que a minha geração viveu era tão sólida e sincera que levou décadas para abalar-se. Começou a dissolver-se na orgia dos anos 70 a 90, onde os conceitos mudavam, não mais em décadas, mas ano a ano, gerando conflitos tremendos entre pais e filhos. Foram anos absurdamente loucos, mesmo se comparados aos que vivemos neste terceiro milênio.

A pergunta que me faço é: para onde vai essa juventude tão estranha que possui mil caras e mil segmentos, formada por jovens tão contestadores e sem objetivos reais e concretos?

É muito preocupante ouvir da boca de um adolescente que roubar é ser esperto, que desafiar pai e mãe é ser livre, leve e solto. De repente, o que é certo, e sempre será certo, passa a ser ridículo, careta e “não tá com nada”.

Me sinto como se eu não pertencesse ao mesmo planeta que eles. É claro que lidar com adolescente requer paciência e muito autocontrole, mas nos tão cantados “anos dourados”, nós éramos responsáveis por nossos erros e prestávamos conta deles aos nossos pais e à sociedade em geral.

É meio desesperador pensar no que fazer para ser mais atual neste momento. Onde mais, a não ser nas igrejas, a juventude pode encontrar o sentido do certo e do errado e o conhecimento necessário para ter um ideal de vida?

Mas lendo os jornais e vendo com meus próprios olhos, até mesmo as igrejas estão sendo atacadas pela falta de ética que assola o mundo todo.

O pior é ter que ouvir os profetas da desgraça pregando, sem parar, um terrorismo espiritual que não leva a nada. A igreja tem que ser um refúgio para quem está cansado, com medo ou sem rumo, como a juventude atual.

Nessa enxurrada de novas igrejas que surgem do nada, muitos jovens ficam perdidos sem saber qual é o verdadeiro e onde está o falso.

Aí, sim, mora o perigo!

Por mais que se tente explicar a alguém desesperado que ele deve apegar-se a Jesus e ter a igreja como um corpo maior, no desespero, a tendência humana é agarrar-se a outra pessoa que, nem sempre, é a pessoa certa.

Em um mundo caoticamente violento e quase sem fé, é preciso lutar com todas as forças para salvar as gerações futuras. Mantendo uma certeza e demonstrando em nossas próprias vidas que Jesus Cristo sempre foi e será o único caminho para todos nós, jovens ou velhos…

Sei que estou muito longe de ser a cristã que quero ser. Mas eu, pelo menos, me esforço e não desisto. Falo mesmo quando fingem não me ouvir, que só há um caminho, e esse caminho é a luz de Deus. Pode ser dourada como nos anos 50 e 60. Pode ser púrpura como esse milênio que se inicia com guerras e sangue. Não importa, é preciso manter os olhos na fé mesmo que seja preciso morrer por ela.

Não vou desistir agora, porque sei que muita gente como eu conseguiu atravessar muitas décadas com os mesmos códigos de honra, fé e família inalterados. Viver assim é um testemunho para nossos filhos e netos. Eles podem não admitir, mas vão nos imitar mais tarde.

A gente sempre colhe o que plantou. Os “anos dourados” plantaram sementes de respeito e valores que jamais poderão ser esquecidos.

Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação; ela costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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