Coisas que alegram o coração
A praia e o mar me dão uma sensação de liberdade que não consigo definir
Yvelise de Oliveira - 03/10/2017 07h00
É dia de sol, pulo da cama, coloco meu maiô, passo bloqueador solar no rosto, calço minhas sandálias – “legítimas Havaianas” –, enfio o chapéu na cabeça e saio correndo para o mar. A praia me espera.
Fico feliz da vida quando chego na praia, que está linda e vazia a essa hora da manhã. O povo que vai lotar aquela areia ainda não chegou. A praia é só minha! Que emoção…
Saio andando pela beira d’água, respiro fundo, me sinto tão viva! A praia e o mar me dão uma sensação de liberdade que não consigo definir. Nada pode ser igual à beleza da areia branca e do mar verdinho.
Me jogo na água. O limite de nadar é o meu cansaço, porque o mar é infinito.
Li em alguma revista que gente chique só vai à piscina. Que o povão é que vai à praia, que é quase brega. Como é que alguém pode preferir piscina à praia? Piscina tem um cheiro de cloro, é totalmente artificial e todo mundo fica preso dentro daquelas paredes de azulejos azuis.
Até o sol da piscina é diferente, perde a vastidão do brilho que o mar reflete, nada pode ser melhor do que sentar na beira d’água, bem à vontade, tomando sorvete, comendo milho cozido e queijo de coalho assadinho na brasa, só é bom na praia, sentindo o cheiro doce da maresia, cheiro do mar…
Continuo minha caminhada nas águas rasas junto à arrebentação que algumas vezes está cristalina. Posso, então, ver pequenos cardumes de peixinhos prateados.
Caminho rápido fazendo minha ginástica, esvaziando a cabeça de problemas, respirando fundo, sorrindo para mim mesma numa alegria de gostar tão intensamente de coisas tão simples.
As gaivotas enchem com seus gritos agudos o ar ainda silencioso da praia, nessa manhã que vai se tornando, cada vez menos, só minha.
Os barraqueiros vão chegando com suas cadeiras e barracas de aluguel. Os vendedores de mate e refrigerante com grandes barras de gelo e seus isopores vão se organizando.
As redes de vôlei começam a ser armadas e, de repente, a praia, antes tão solitariamente linda, fica tomada por vários grupos: vendedores de cangas, óleo de bronzear, bijuterias, coco. Vale tudo…
Está na hora de ir embora, o sol ficou muito quente e o povo que vai chegando também se acha dono da praia. Afinal, a praia é pública e de todos nós.
Meu momento de achá-la só minha está acabando, mas a felicidade que senti naquelas poucas horas me revigoram. O vento, o sol e a água. É tão gostoso poder fazer o que a gente gosta de verdade. O coração sempre fica mais leve e feliz.
Dou meu último mergulho na água geladinha. Certamente vou ter um dia bem melhor. Todo meu corpo agradece a esses breves momentos de que eu tanto gosto.
Guardo para mim mesma a sensação deliciosa de achar que a praia e o mar foram só meus. Mesmo que por um espaço pequeno de tempo, eu me senti a dona da praia.
Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação, Yvelise de Oliveira costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma. |